O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci e o
seu assessor Branislav Kontic, o Brani, ambos presos em Curitiba pela
Operação Lava Jato, pediram ao juiz federal Sergio Moro sua suspeição
para atuar no processo da Operação Omertà,
35ª fase da Lava Jato, que os tem como alvos. Assinado pelos advogados
Guilherme Octávio e José Roberto Batocchio, que defendem Palocci e
Brani, o documento ataca uma recomendação que Moro costuma dar à Polícia
Federal ao estender prazos para a conclusão de inquéritos policiais da
operação: “Alerto que não haverá nova prorrogação e é desejável que não
seja utilizado todo o prazo”. Ao pedir a suspeição, a defesa quer, na
prática, que o magistrado deixe a condução do processo.
Os
advogados argumentam que, como o inquérito é presidido pela PF, Moro é
parcial ao “alertá-la” e questionam “desejável por quem e por quê? Qual o
interesse subjacente? O que poderia justificar essa postura senão
sugestivo interesse na causa?” e “como se explicar que o órgão
jurisdicional – que deve ser imparcial e equidistante, repita-se –
“desejar” que as investigações sejam logo concluídas, interferindo nos
critérios de quem legalmente preside o inquérito?”.
Após citar
oito juristas e a jurisprudência que validariam sua tese, a defesa pede
que todos os autos sejam “encaminhados ao juiz natural, imparcial, para
que então seja dado prosseguimento ao feito”.
Palocci indiciado
Palocci, Brani e outros quatro investigados foram indiciados
ontem pela Polícia Federal. A PF acusa o ex-ministro e seu assessor de
corrupção passiva ao receberem e intermediarem os repasses de 128
milhões de reais da empreiteira Odebrecht a políticos e ao PT. A Polícia
Federal diz que o apelido “Italiano”, presente na planilha do Setor de
Operações Estruturadas, a área secreta de propinas da empreiteira, é uma
referência a Palocci. Também foram denunciados o casal de marqueteiros
do PT João Santana e Mônica Moura, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e
Juscelino Dourado, ligado ao ex-ministro da Fazenda.
Já “Amigo”, “Amigo de meu pai” e “Amigo de EO” seriam, de acordo com o relatório de indiciamento, referências ao ex-presidente Lula,
que teria recebido oito milhões de reais por meio de uma
“conta-corrente de propina”. Segundo a PF, há “respaldo probatório e
coerência investigativa” na identificação de Lula nas planilhas. As
provas já estão sob análise do delegado federal Márcio Adriano Anselmo,
responsável pelas investigações de crimes supostamente cometidos por
Lula.
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