O líder da Rede, Alessandro
Molon (RJ), vai apresentar um requerimento de convocação de sessão
extraordinária para votação do processo de cassação do deputado afastado
e e ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda em agosto, numa reação
crítica à decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de
jogar só para 12 de setembro essa votação. O objetivo é pressionar para
antecipar a votação na Câmara.
Molon
afirmou que o requerimento tem que ser submetido ao plenário, em sessão
deliberativa com a presença de pelo menos 257 deputados, e cada
deputado terá que se manifestar sobre a questão. Além de convocar a
sessão para o dia seguinte ao da apresentação do requerimento, Molon
pedirá que a votação seja nominal.
—
O nosso objetivo é, na primeira sessão da Câmara convocada para
votações, apresentar o requerimento para que a votação do processo
aconteça no dia seguinte. A data anunciada por Maia, 12 de setembro, é
inaceitável. É uma data que tem tudo para não dar certo, seja pela
proximidade das eleições ou por ser uma segunda-feira. Parece que a
Câmara não quer cassar Eduardo Cunha — criticou Molon, acrescentando:
—
Vamos pedir votação nominal e cada deputado e líder poderá dizer se
quer ou não antecipar a votação para que o Brasil saiba quem quer ou não
quer cassar Cunha.
Segundo
Molon, Cunha será notificado com 24 horas de antecedência e nem poderá
dizer que o prazo é muito curto já que ele está anunciando, desde já, a
intenção de apresentar esse requerimento. O líder da Rede condenou a
decisão tomada por Maia de deixar a votação para 12 de setembro:
—
É um erro gravíssimo ele ter cedido à pressão de parte dos líderes da
Casa e do Palácio do Planalto. Está preparando terreno para que não haja
votação ou, se houver, Cunha não possa ser condenado pelo quórum baixo.
O
deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) também condena a decisão de anunciar a
votação só para o dia 12 de setembro. Segundo ele, Maia não avisou na
reunião de líderes a questão e só divulgou, por meio de sua assessoria,
na noite de ontem, quando a Câmara já não tinha mais sessão de votação.
Além disso, sem também também tratar disso na reunião com todos os
líderes, decidiu cancelar as sessões deliberativas da próxima semana,
alegando que é o início das eleições municipais.
—
Rodrigo Maia estreia num ambiente da incoerência e da falta de
transparência. Não quis tratar da data do Cunha na reunião de líderes,
mesmo sendo questionado, anunciou a data na noite de ontem pela
assessoria de imprensa e não revelou as justificativas que o levaram a
marcar a votação numa segunda-feira, a 19 dias da eleição municipal. É
uma jogo sujo para não conseguir quórum e deixar a votação para depois
das eleições — disse Alencar.
O
deputado do PSOL diz que a decisão é uma contradição com o que vinha
justificando Rodrigo Maia para não marcar logo, a preocupação dele com o
quórum na votação:
— Por que
não explica as reais pressões que sofreu? O medo do Cunha abrir a boca.
Vamos ficar até quando com esse cadáver insepulto. Tem muito líder
fugindo à responsabilidade, voltando à etapa do cafuné no Cunha.
Rodrigo
Maia decidiu não convocar sessões de votação na próxima semana. A
próxima sessão deliberativa deve acontecer na segunda-feira, dia 22 de
agosto. O argumento para não votar nesta semana foi o de que é a semana
da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no
Senado e não seria bom misturar as duas votações.
Regimentalmente
Molon pode apresentar o requerimento, mas os técnicos da Secretaria
Geral da Mesa afirmam que há outras matérias sobre a Mesa Diretora a
serem submetidas a voto, como vários requerimentos de urgência. Ou seja,
o presidente não está necessariamente obrigado a colocar em votação
esse requerimento específico.
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