O juiz federal Sérgio Moro mandou a mulher do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentar ‘de imediato’
seu novo endereço. Ré em ação penal na Operação Lava Jato, por evasão
de divisas e lavagem de mais de US$ 1 milhão, Cláudia Cruz não está
sendo encontrada para intimação pessoal.
A mulher de Cunha é
acusada de ter evadido dinheiro e lavado US$ 1 milhão provenientes de
crimes praticados pelo ex-presidente da Câmara no esquema de corrupção
na Petrobrás. Em despacho na terça-feira, 9, Moro afirmou que foi
programada a audiências das testemunhas de acusação do processo para 26
de agosto e que ‘há dificuldades para intimação pessoal da acusada
Cláudia Cordeiro Cruz’.
“O endereço disponível nos autos informado
pela defesa era o endereço da Presidência da Câmara, não mais ocupada
pelo marido da acusada”, afirmou Moro. “Não há outro endereço
disponível. A defesa contatada por telefone não prestou objetivamente
informações sobre o endereço residencial.”
Após renunciar ao
mandato de presidente da Câmara, em 7 de julho, Eduardo Cunha devolveu
as chaves da residência oficial em Brasília, em 1.º de agosto. O
deputado suspenso vai ocupar um apartamento funcional oferecido pela
Casa.
O juiz da Lava Jato afirmou taxativamente que ‘é dever da
defesa manter o Juízo informado sobre qualquer mudança de endereço de
seu cliente’.
“É evidente que aqui não há um propósito de
ocultação, mas apenas a intenção da defesa de ter mais prazo para se
manifestar sobre o despacho (que trata da audiência). Não obstante, a
recusa além de violar dever processual prejudica o andamento do
processo. Assim, intime-se a defesa para apresentar de imediato o
endereço atual e onde a acusada Cláuda Cordeiro Cruz pode ser
encontrada”, determinou o magistrado.
“Esclareço que isso não
afetará o prazo para manifestação. Faça-se a intimação por telefone ou
outro meio expedito, já que inviável esperar o prazo do processo
eletrônico.”
Esta não é a primeira vez que a Justiça Federal
encontra dificuldade para intimar Cláudia Cruz. No fim de junho, após o
juiz Moro aceitar a denúncia da Procuradoria da República contra ela, a
Justiça tentou por duas vezes achar a mulher de Eduardo Cunha para
informá-la que havia se tornado ré no processo.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA PIERPAOLO BOTTINI, DEFENSOR DE CLÁUDIA CRUZ
O
advogado Pierpaolo Bottini, que defende a mulher do deputado Eduardo
Cunha, afirmou que ela está à disposição da Justiça para prestar todos
os esclarecimentos. Pierpaolo esclareceu que Cláudia Cruz estava de
mudança (da residência oficial da Presidência da Câmara).
“Uma vez
instada, a defesa apresentou dois endereços de Cláudia, tanto em
Brasília como no Rio”, disse Pierpaolo Bottini. “Mais que isso, ela se
deu por intimada, dispensando a necessidade de intimação pessoal no
sentido de contribuir com a Justiça e dar celeridade ao procedimento.
Claramente, não há nenhum interesse em procrastinar, mas interesse em
colaborar com a Justiça.”
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