Condenado na última semana a nove anos e meio de prisão,
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã desta
terça-feira, 18, que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela sua
sentença, "não pode continuar se comportando como se fosse um czar". O
petista também acusou a Polícia Federal e o Ministério Público da Lava
Jato de ter mentido a respeito das investigações, lembrando a apresentação em Power Point feita pela força-tarefa da operação, no ano passado.
"O
juiz Moro não pode continuar se comportando como se fosse um czar. Ele
faz o que quer, como quer, sem respeitar o direito democrático, sem
respeitar a Constituição. Ele vai passando por cima, não deixa a defesa
falar, tenta cercear o direito da defesa", disse o ex-presidente à Rádio
Capital de São Paulo. "Montaram uma mentira desde o começo. Quando eu
vi aquele Power Point desenhado pelo (procurador Deltan) Dallagnol, me dei conta que era um processo eminentemente político."
Segundo o petista, que voltou a afirmar, em pronunciamento um dia após sua condenação, que quer se candidatar em 2018, o processo "está ligado ao fato de não quererem que o Lula possa voltar a ser candidato a presidente da República."
O
ex-presidente foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro na ação que envolve o triplex no Guarujá. Na sentença, Moro
considerou existirem provas para condenação do petista pelo recebimento
de R$ 2,2 milhões de propinas. O ex-presidente, porém, voltou a afirmar
que a sentença é uma "peça cheia de inverdades" e que o magistrado "não
levou em conta os autos do processo".
"A Polícia Federal da Lava
Jato mentiu, o Ministério Público da Lava Jato mentiu, e o juiz deu uma
sentença sem explicação. Ele passa 60 páginas se explicando sobre a
sentença sem nenhuma prova", disse Lula.
Como já disse outras
vezes, Lula voltou a afirmar que a prisão de potenciais delatores acaba
incentivando os acordos de colaboração premiada. "Uma coisa é o cidadão
se apresentar espontaneamente e dizer 'quero fazer uma delação'. Outra é
ver os delatores levando uma vida de nababo", disse o ex-presidente.
"As pessoas estão presas, elas delatam até a mãe."
Questionado
sobre novos nomes no partido, o ex-presidente não citou nenhum possível
candidato do PT para 2018 em seu lugar. "Eu não acho que tem que ser eu.
Eu tenho condições porque já provei que sou capaz de governar esse
País", afirmou. O petista voltou a dizer que vai pleitear ao partido o
direito de ser candidato à Presidência.
Sobre o presidente Michel Temer (PMDB), denunciado por corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República em junho deste ano, Lula afirmou que o peemedebista "não tem mais qualquer possibilidade de continuar governando".
"A
autoridade moral dele acabou, embora ele tenha uma sustentação na
Constituição para estar exercendo o cargo em que ele está. A verdade é
que ele não tem mais na sociedade brasileira qualquer possibilidade de
governar", disse o ex-presidente, defendendo que Temer renuncie e
convoque eleições diretas para presidente. "O Brasil não pode ficar
quase 18 meses esperando uma eleição", disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário