O juiz Sérgio Moro retoma ao trabalho nesta quarta-feira, na Justiça
Federal de Curitiba, e ouve testemunhas de acusação no processo movido
pelo Ministério Público Federal contra o ex-ministro Antonio Palocci.
Serão ouvidos cinco delatores da Lava-Jato: o empresário Ricardo Pessoa e
o diretor financeiro Walmir Santana, ambos da UTC, e os executivos Luiz
Augusto França, Marco Pereira de Souza Bilinski e Vinicius Borin,
ligados ao esquema de pagamento de propinas da Odebrecht, que incluia um
departamento de controle e um banco no exterior, o Meinl Bank Antigua.
A
funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares, primeira a delatar o
esquema de propinas pagas pela empreiteira, deverá falar ao juiz Sérgio
Moro na sexta-feira, dia 3, por videoconferência a ser realizada em
Salvador. No mesmo dia prestarão depoimento os delatores Pedro José
Barusco Filho, Zwi Skornicki e Delcídio do Amaral.
No último dia
30, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou habeas corpus
apresentado pela defesa de Palocci e seu ex-assessor Branislav Kontic.
Nesta
ação, Palocci é acusado de ter intermediado repasse de cerca de US$ 10
milhões da Odebrecht para o casal de publicitários João Santana e Mônica
Moura, os marqueteiros do PT nas campanhas presidenciais de 2006, 2010 e
2014.
A defesa de Palocci argumentou que o ex-ministro não é o
"Italiano", codinome registrado na planilha da Odebrecht e relacionado a
valores que teriam sido destinados ao PT, e disse não ter tido acesso a
depoimentos de delação de executivos da empreiteira. Para o TRF-4,
mensagens trocadas entre executivos da Odebrecht indicam que Palocci é
mesmo o "Italiano" citado na planilha.
Embora a planilha registre
pagamentos de R$ 128 milhões entre 2008 a 2013, a denúncia refere-se
apenas aos depósitos feitos a João Santana, em conta no exterior, entre
2011 e 2012. No início da semana, a ministra Carmen Lúcia, do Supremo
Tribunal Federal, homologou os acordos de delação de 77 executivos da
Odebrecht, incluindo o empresário Marcelo Odebrecht.
Na mesma ação
foram denunciados o empresário Marcelo Odebrecht, os publicitários João
Santana e Mônica Moura, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o
ex-diretor da Petrobras Renato Duque. No total, são 14 acusados, dos
quais nove fecharam acordo de delação com a Lava-Jato.
Palocci é
réu ainda em uma segunda ação na Justiça Federal de Curitiba, no qual é
acusado de intermediar negociação com a Odebrecht para repassar
vantagens ao ex-presidente Lula - a compra de um prédio para o Instituto
Lula e de um apartamento vizinho à cobertura da família Lula em São
Bernardo do Campo (SP). O prédio, que custou cerca de R$ 12 milhões, não
foi usado pelo Instituto Lula. O apartamento, de acordo com a defesa do
ex-presidente, é alugado.
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