Na defesa encaminhada ao Comitê de Direitos Humanos das
Nações Unidas, em Genebra, na Suíça, o governo brasileiro pede que seja
desconsiderada a queixa protocolada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, referente a possíveis violações de direitos humanos na
Operação Lava Jato.
O ex-presidente afirma que teve suas
garantias violadas pelo juiz federal Sérgio Moro e pelos procuradores da
República que atuam na Lava Jato.
Os documentos foram
encaminhados ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em
Genebra. As autoridades nacionais afirmam na defesa que o ex-presidente
tem tido um processo "imparcial".
O prazo para a apresentação da
defesa expirava ontem. A contestação apresentada à ONU contra a queixa
de Lula foi elaborada conjuntamente pelo Ministério de Relações
Exteriores, Procuradoria-Geral da União e Advocacia-Geral da União
(AGU).
Na petição apresentada, o ex-presidente considera que foi
privado da proteção contra prisões ou detenções arbitrárias; do direito a
um tribunal independente e imparcial; do direito a ser presumido
inocente até prova em contrário da lei; e da proteção contra a
interferência arbitrária ou ilegal na vida privada, na família, no
domicílio ou na correspondência e contra ataques ilegais à honra ou à
reputação.
Mérito
Segundo o Estado apurou,
na defesa apresentada contra a queixa de Lula, o governo pede que o
mérito não seja analisado, uma vez que o ex-presidente está respondendo
às acusações em liberdade e não se esgotaram os meios recursais.
Para
os órgãos, não há fundamento na alegação de que ele estaria
desprotegido de supostos abusos. Na avaliação de técnicos envolvidos na
elaboração da defesa do governo brasileiro, foi assegurado ao petista o
devido processo legal e ampla defesa e a sua presunção de inocência não
foi violada. A defesa tem com base documentos e relatório sobre a Lava
Jato e o sistema judicial brasileiro, além de relato sobre as medidas
judiciais e disciplinares em andamento.
Ao Estado, assessores da
ONU confirmaram que, por enquanto, a entidade não avaliou o mérito da
queixa e nem sua admissibilidade. Isso ocorrerá agora, com a entrega da
defesa do Brasil. Segundo informou a ONU no ano passado, o comitê 'vai
começar sua consideração sobre a admissibilidade uma vez que tenha
recebido a resposta do Estado brasileiro".
Oficialmente, a
entidade indicou que esse período de avaliação da admissibilidade
"poderia levar até dois anos". Se o caso for então aceito, o mérito pode
ser considerado em um prazo de mais três anos.
Recomendação
Se
vencerem, os advogados de Lula podem contar com uma recomendação das
Nações Unidas ao Estado brasileiro, mas sem qualquer poder vinculante
sobre a Justiça nacional.
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