A ex-presidente Dilma Rousseff falou sobre a rotina após o
impeachment que interrompeu seu segundo mandato em 31 de agosto ao
jornal britânico The Guardian, em entrevista publicada neste
sábado. “Todos os dias têm sido difíceis”, disse Dilma ao jornal. “Mas
este não foi o pior ano da minha vida. De jeito nenhum.”
A
publicação lembra que Dilma, antes moradora de um palácio que
participava de banquetes ao lado de Barack Obama, Vladimir Putin e
Angela Merkel, agora mora no apartamento da mãe e faz suas próprias
compras no supermercado.
Quando Dilma afirma que já teve períodos
piores, ela se refere aos momentos em que foi torturada na
ditadura, quando apanhou, teve de sofrer choques elétricos e outras
formas de abusos na prisão para entregar os companheiros, explica o Guardian.
Um
dos piores momentos de 2016 para a ex-presidente, segundo o jornal, foi
a aprovação na Câmara da instauração do processo de impeachment, em
abril. Quando perguntada sobre os sentimentos naquele dia, Dilma disse
que “foi um caleidoscópio de lembranças”. “Senti tristeza, desespero e
indignação.”
Dilma assistiu à votação ao lado de Lula. “Ele chorou
e me abraçou. Ele disse ‘chore, Dilma, chore!’ Mas eu não choro quando
estou sentida. Não é assim que eu sou”, afirmou a petista, dizendo que a
característica vem dos momentos de tortura, quando tinha de resistir.
Com
já afirmou em outras entrevistas, Dilma culpa parte do processo de
impeachment ao machismo – “não foi 100% pelo fato de eu ser mulher, mas
foi um componente” – e afirmou ter sido vítima de um golpe liderado
pelos peemedebistas Michel Temer e Eduardo Cunha.
O jornalista
pergunta se Dilma se arrepende de ter vencido a reeleição em 2014. “Nem
por um momento. Se eu não tivesse vencido, as coisas estariam piores
agora. Nós já teríamos um pacote de austeridade e privatizações como o
do [presidente Mauricio] Macri, na Argentina.”
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