Preso há quase oitenta dias, o ex-deputado Eduardo Cunha se
prepara para soltar a língua. Mas, a julgar por conversas recentes que
teve com seus advogados, não está disposto a negociar sua delação com a
Procuradoria-Geral da República. Cunha estuda propor um acordo à
Polícia Federal, como fez, por exemplo, a doleira Nelma Kodama. Até duas
semanas atrás, essa opção estaria mais à mão.
Cunha passou
sessenta dias na carceragem da PF em Curitiba, hóspede da cela central
da galeria de número 5 e vizinho do doleiro Adir Assad e do ex-ministro
petista Antonio Palocci, que dividem o mesmo cubículo. A pedido do juiz
Sergio Moro, porém, foi transferido em 20 de dezembro para o Complexo
Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Seguiu para
lá a contragosto. Entre a determinação de Moro e a realização da
transferência, os advogados do ex-deputado entraram com três recursos
em instâncias superiores pedindo que seu cliente permanecesse na
carceragem da PF. Entre os motivos alegados, listaram o fato de ser
“vexatório” o processo de revista íntima por que passam as visitas dos
presos. Os pedidos de Cunha não foram atendidos, e o ex-deputado se
encontra agora sozinho na cela 605 do Complexo Médico-Penal (CMP). Sua
mulher, Cláudia Cruz, visitou-o lá na antevéspera de Natal.
Cunha
não é o que se pode chamar de um preso dócil. Na PF, quando debutou na
cadeia, já havia se recusado a tirar as digitais. Dessa vez, durante o
exame de corpo de delito que os presos fazem no Instituto Médico-Legal
quando passam por transferências, o ex-deputado resistiu à ordem de
tirar a roupa para as fotos obrigatórias.
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