Se quiser cumprir a meta de encerrar ainda este ano
os trabalhos da Operação Lava Jato que estão sob sua responsabilidade,
como afirmou recentemente, o juiz titular da 13.ª Vara Federal de
Curitiba, Sérgio Moro, terá de triplicar o ritmo de trabalho que
imprimiu até agora – que já é considerado célere no meio jurídico. Para
isso, Moro teria de decidir sobre 16 ações penais que estão atualmente
em curso num prazo de aproximadamente cinco meses, uma vez que o ano do
Judiciário se encerra em 19 de dezembro.
Em dois anos e quatro meses de operação – a Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014 – o magistrado federal proferiu 20 sentenças; outros sete processos estão suspensos e 12 foram desmembrados. Se mantiver a média de sentenças tomadas até agora, Moro poderá declarar o encerramento de sua participação na Lava Jato somente em 2018.
Investigadores que integram a força-tarefa consideram que a meta desejada por Moro é possível, uma vez que o volume de ações se refere a investigações já em andamento. A avaliação é de que o núcleo da operação, que apura corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, foi mapeado e já resultou na condenação e prisão dos principais alvos.
Entre os exemplos estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, além de executivos das maiores empreiteiras do País.
A maior parte do chamado núcleo político, formado por detentores de foro privilegiado, não está no escopo da investigação coordenada pelo juiz federal de Curitiba. As ações que envolvem políticos com mandato estão no Supremo Tribunal Federal.
Cunha e Lula. Nos próximos meses, porém, Moro pode ter de analisar casos de grande repercussão, como a eventual denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e receber as ações já abertas no Supremo contra 0 deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista é alvo de um processo de cassação em andamento na Câmara. A mulher de Cunha, Cláudia Cruz, já é ré em processo conduzido pelo juiz da Lava Jato em Curitiba.
Para o professor da FGV Rio Tiago Bottino, especialista em Direito Penal, há um alto grau de imprevisibilidade no andamento dos processos que correm na 13.ª Vara Federal da capital paranaense, o que pode facilmente estender os trabalhos para o ano que vem. “Não tem como saber se o Ministério Público vai oferecer novas denúncias, por exemplo. E se o Ministério Público oferecer mais dez denúncias?”, questiona Bottino.
Um dos motivos que podem prorrogar os trabalhos é o fato de a Procuradoria do Paraná ainda estar negociando acordos de colaboração premiada. Nem o Ministério Público Federal nem a Justiça Federal no Estado informam quantos acordos de delação estão sendo negociados, mas ao menos dois deles são considerados de potencial “explosivo” por causa do conteúdo que pode ser revelado.
Podem virar delatores os empreiteiros Marcelo Odebrecht, da holding que leva seu sobrenome, e José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS.
As delações premiadas têm sido o principal suporte de novas linhas de investigação e abertura de ações penais na Lava Jato. Os investigadores da força-tarefa são unânimes em afirmar que não há como ignorar se novas suspeitas e provas surgirem. Neste caso, é inevitável a abertura de novas investigações.
Entre os advogados de defesa, há um certo ceticismo em relação ao encerramento dos trabalhos, mas a sinalização é vista de forma positiva. “Os processos estão em andamento e podem surgir outros. Tem investigação que ainda está no início”, diz o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Preso, Vaccari foi condenado em duas ações penais na Operação Lava Jato.
“Acho importante, ao menos, já ter este viés de haver um horizonte para o fim das investigações”, afirma Celso Vilardi, responsável pela defesa de ex-executivos da Andrade Gutierrez.
‘Ritmo’. “Quem vai ditar o ritmo, na verdade, é o Ministério Público, que é o responsável pela condução da investigação e faz as petições”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.
Segundo Robalinho, a expectativa de encerramento dos trabalhos se refere ao escopo central da investigação. “O que está sob a responsabilidade dele (Moro) ficará até o fim, mas é possível que a investigação, depois, seja desmembrada. Isso não significa que fique algo sem ser investigado”, afirma.
A intenção de encerrar sua participação na Lava Jato foi externada por Moro no dia 14 de julho, durante palestra que proferiu no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington, nos Estados Unidos. “Minha parte pode ser (encerrada) no fim ano, mas não posso dizer com certeza”, afirmou na ocasião.
Antes disso, em abril, o magistrado já havia manifestado esse desejo a pessoas próximas, sempre com a ressalva de que a intenção pode ser revista se houver imprevistos. “Terminar até dezembro a parte da primeira instância é uma expectativa ou um desejo”, disse Moro a um interlocutor, com a reserva de que ele mesmo admitia ser esta uma meta “imprevisível”.
Em dois anos e quatro meses de operação – a Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014 – o magistrado federal proferiu 20 sentenças; outros sete processos estão suspensos e 12 foram desmembrados. Se mantiver a média de sentenças tomadas até agora, Moro poderá declarar o encerramento de sua participação na Lava Jato somente em 2018.
Investigadores que integram a força-tarefa consideram que a meta desejada por Moro é possível, uma vez que o volume de ações se refere a investigações já em andamento. A avaliação é de que o núcleo da operação, que apura corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, foi mapeado e já resultou na condenação e prisão dos principais alvos.
Entre os exemplos estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, além de executivos das maiores empreiteiras do País.
A maior parte do chamado núcleo político, formado por detentores de foro privilegiado, não está no escopo da investigação coordenada pelo juiz federal de Curitiba. As ações que envolvem políticos com mandato estão no Supremo Tribunal Federal.
Cunha e Lula. Nos próximos meses, porém, Moro pode ter de analisar casos de grande repercussão, como a eventual denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e receber as ações já abertas no Supremo contra 0 deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista é alvo de um processo de cassação em andamento na Câmara. A mulher de Cunha, Cláudia Cruz, já é ré em processo conduzido pelo juiz da Lava Jato em Curitiba.
Para o professor da FGV Rio Tiago Bottino, especialista em Direito Penal, há um alto grau de imprevisibilidade no andamento dos processos que correm na 13.ª Vara Federal da capital paranaense, o que pode facilmente estender os trabalhos para o ano que vem. “Não tem como saber se o Ministério Público vai oferecer novas denúncias, por exemplo. E se o Ministério Público oferecer mais dez denúncias?”, questiona Bottino.
Um dos motivos que podem prorrogar os trabalhos é o fato de a Procuradoria do Paraná ainda estar negociando acordos de colaboração premiada. Nem o Ministério Público Federal nem a Justiça Federal no Estado informam quantos acordos de delação estão sendo negociados, mas ao menos dois deles são considerados de potencial “explosivo” por causa do conteúdo que pode ser revelado.
Podem virar delatores os empreiteiros Marcelo Odebrecht, da holding que leva seu sobrenome, e José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS.
As delações premiadas têm sido o principal suporte de novas linhas de investigação e abertura de ações penais na Lava Jato. Os investigadores da força-tarefa são unânimes em afirmar que não há como ignorar se novas suspeitas e provas surgirem. Neste caso, é inevitável a abertura de novas investigações.
Entre os advogados de defesa, há um certo ceticismo em relação ao encerramento dos trabalhos, mas a sinalização é vista de forma positiva. “Os processos estão em andamento e podem surgir outros. Tem investigação que ainda está no início”, diz o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Preso, Vaccari foi condenado em duas ações penais na Operação Lava Jato.
“Acho importante, ao menos, já ter este viés de haver um horizonte para o fim das investigações”, afirma Celso Vilardi, responsável pela defesa de ex-executivos da Andrade Gutierrez.
‘Ritmo’. “Quem vai ditar o ritmo, na verdade, é o Ministério Público, que é o responsável pela condução da investigação e faz as petições”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.
Segundo Robalinho, a expectativa de encerramento dos trabalhos se refere ao escopo central da investigação. “O que está sob a responsabilidade dele (Moro) ficará até o fim, mas é possível que a investigação, depois, seja desmembrada. Isso não significa que fique algo sem ser investigado”, afirma.
A intenção de encerrar sua participação na Lava Jato foi externada por Moro no dia 14 de julho, durante palestra que proferiu no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington, nos Estados Unidos. “Minha parte pode ser (encerrada) no fim ano, mas não posso dizer com certeza”, afirmou na ocasião.
Antes disso, em abril, o magistrado já havia manifestado esse desejo a pessoas próximas, sempre com a ressalva de que a intenção pode ser revista se houver imprevistos. “Terminar até dezembro a parte da primeira instância é uma expectativa ou um desejo”, disse Moro a um interlocutor, com a reserva de que ele mesmo admitia ser esta uma meta “imprevisível”.
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