O juiz Sérgio Moro,
responsável pelas ações da Operação Lava Jato, participará de uma
audiência pública na comissão especial de combate à corrupção da Câmara
em 4 de agosto, mesmo dia em que a comissão especial do impeachment no
Senado votará a saída definitiva da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Já
o coordenador dos procuradores que atuam na força-tarefa da Operação
Lava Jato, Deltan Dallagnol, deverá comparecer à comissão especial da
Câmara em 9 de agosto, mesmo dia em que está marcada a votação prévia do
impeachment no plenário do Senado.
De acordo com o deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-PR), relator na comissão de combate à corrupção, a
coincidência de datas não é proposital. "Uma coisa é uma coisa e outra
coisa é outra coisa. Não tem nada a ver", disse.
Moro é acusado
por petistas de ter inflado os ânimos políticos a favor do processo de
impeachment na condução das investigações sobre desvios de recursos
públicos para pagamentos de propinas envolvendo a Petrobras.
Um
dos principais fatos que o levaram a ser criticado foi quando ele
incluiu em um inquérito que veio a público uma conversa telefônica entre
o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, na qual ela disse
que encaminharia a ele o 'termo de posse' de ministro da Casa Civil. A
presidente então disse que o termo só deveria ser usado em "caso de
necessidade".
Os investigadores da Lava Jato interpretaram o
diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de
Lula, mas logo em seguida verificou-se que o grampo foi feito horas
antes de os procuradores da Lava Jato, em Curitiba, pedirem o fim do
sigilo sobre a investigação do petista.
DEZ MEDIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO
Lorenzoni
e o presidente da comissão de combate à corrupção, deputado Joaquim
Passarinho (PSD-PA) se reuniram com Moro nesta segunda (25) em Curitiba
para tratar do projeto das dez medidas de combate à corrupção propostas
pelo Ministério Público e que teve mais de 2 milhões de assinaturas de
cidadãos que o apoiam. Os deputados conversaram também com todos os
procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato.
"Foi uma
reunião preliminar em que fomos levar nossos bons propósitos. Eles são
jovens procuradores que querem melhorar o Brasil. O que dialogamos com
eles é que o ótimo é inimigo do bom mas queremos manter intactos aqui os
dez conceitos. O encontro foi muito bom porque reparamos alguns receios
de lado a lado", disse Lorenzoni.
De acordo com o relator, as
propostas serão discutidas na comissão especial ao longo do segundo
semestre, com a realização de audiências e reuniões mesmo durante o
período de campanha eleitoral municipal. A ideia é votar o relatório
final no colegiado até o início de novembro e analisar as medidas no
plenário da Casa até 9 de dezembro, dia mundial de combate à corrupção.
Lorenzoni
explicou que as dez medidas mexem em 29 leis e que por isso a discussão
em torno das matérias terá que ser feita sempre com acordos dentro da
Casa.
"Vamos mexer e desacomodar muita gente mas é uma resposta
importante que a Câmara tem que dar para o país", disse. De acordo com
ele, os procuradores estão dispostos a dialogar com o Congresso. "Disse a
eles que temos que trabalhar cooperativamente e eles gostaram. A ideia é
construir tudo por consenso", completou.
Além de Moro e
Dallagnol, a comissão deverá ouvir também representantes de 30
instituições ligadas a diversos setores, como do Judiciário, da
sociedade civil e da Polícia. Com informações da Folhapress.
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