BRASÍLIA - Um dia depois de a Câmara dos Deputados rejeitar a autorização
para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a denúncia por
corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB), o ministro do
STF Gilmar Mendes, disse nesta quinta-feira, 3, que a decisão dos
deputados traz estabilidade para o País.
"Isso é uma questão da competência da Câmara. O sistema de 'checks and balances' (sistema de freios e contrapesos) está
funcionando", disse a jornalistas, depois da sessão plenária do TSE
nesta manhã. Gilmar também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Indagado
se a decisão da Câmara traz estabilidade, o ministro foi enfático: "Com
certeza. Essas questões têm de ser definidas, porque isso gera
instabilidade".
Na avaliação de Gilmar Mendes, desde maio, quando
veio à tona a delação do grupo J&F, o Brasil passa por um quadro de
crise, com as atenções voltadas para um cenário
"jurídico-político-policial". Agora, o ministro acredita que vai ser
possível que os parlamentares aprofundem as discussões sobre a reforma
política. "Vamos poder concentrar energia nesse tema, que é
prioritário", comentou.
Governança.
O presidente do TSE destacou que o País vive uma instabilidade,
ressaltando que dos presidentes eleitos desde a Constituição de 1988, só
dois terminaram o mandato - Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
"Precisamos pensar hoje se nós temos um
modelo adequado de governança, de governabilidade e precisamos
encontrar meios e modos de não instabilizarmos a democracia", afirmou
Gilmar.
Questionado se a nova denúncia a ser apresentada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer poderia
trazer instabilidade, o presidente do TSE limitou-se a dizer: "Vamos
aguardar. Depois da denúncia, a gente comenta."
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