Filho do fundador do conglomerado que leva seu sobrenome, Norberto Odebrecht, e presidente do conselho administrativo do grupo, Emílio Odebrecht depôs na manhã desta segunda-feira ao juiz federal Sergio Moro.
Um dos 77 executivos da empreiteira a firmarem acordo de delação
premiada com o Ministério Público Federal (MPF), Odebrecht foi ouvido
como testemunha de defesa do filho, Marcelo Odebrecht, na ação penal que tem entre os réus, além do “príncipe das empreiteiras”, o ex-ministro Antonio Palocci, o marqueteiro João Santana e outros 11 acusados.
O
depoimento de Emílio Odebrecht, assim como o do ex-executivo Márcio
Faria, também delator, no entanto, não será divulgado pela Justiça
Federal. Os advogados do empresário e de Faria pediram, e Moro aceitou,
que as oitivas fiquem em sigilo “até nova deliberação ou até o
levantamento do sigilo pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, seguindo,
neste ponto, decisão recente tomada pelo Min. Herman Benjamin no
Tribunal Superior Eleitoral”.
O magistrado se refere à decisão de
Benjamin, relator da ação que apura abuso de poder econômico e político
pela chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, ao tomar os depoimentos de
delatores da empreiteira, como Marcelo Odebrecht, Benedicto Barbosa
Júnior, Hilberto Mascarenhas e Cláudio Melo Filho.
O ministro do TSE não permitiu a divulgação do conteúdo das oitivas e das acareações entre eles. O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém sigilo sobre as delações dos ex-executivos do conglomerado, homologadas em janeiro pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.
Além
de Odebrecht e Márcio Faria, falaram ao juiz federal o ex-ministro da
Justiça José Eduardo Cardozo, arrolado como testemunha por Antonio
Palocci; o ex-assessor da Casa Civil no governo Dilma Rousseff Ivo da
Motta Azevedo Corrêa, arrolado pelo ex-assessor de Palocci, Branislav
Kontic; e o presidente do grupo Odebrecht, Newton de Souza, arrolado por
Marcelo Odebrecht. Os depoimentos dos três não foram colocados em
sigilo por Moro.
As
testemunhas depuseram na ação penal que apura a “conta corrente da
propina” entre o ex-ministro, o PT e a Odebrecht. O ex-ministro aparece
identificado como “Italiano” nas planilhas da empreiteira e anotações
do celular de Marcelo apreendidas e analisadas pela Polícia Federal e o
MPF.
Segundo as investigações, Palocci teria acertado o
pagamento ilegal de cerca de 200 milhões de reais pela empreiteira, de
2008 a 2013. “A planilha tem aparência de uma espécie de conta corrente
informal do Grupo Odebrecht com agentes do Partido dos Trabalhadores”,
resumiu Sergio Moro na decisão em que determinou o bloqueio de 128
milhões de reais de Palocci e outros acusados.
O dinheiro sujo
teria como destinatário final definido pelo PT o marqueteiro João
Santana, restando um saldo de 71 milhões de reais. De acordo com os
investigadores, o valor foi retirado de contratos da Braskem, braço
petroquímico do grupo Odebrecht, com a Petrobras.
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