A afirmação de Lula foi feita nesta terça durante depoimento prestado como réu em ação penal na qual é acusado de ser o mandante de uma operação para viabilizar pagamentos ao ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró e evitar que ele firmasse um acordo de delação premiada com a Lava Jato. A suposta participação de Lula no esquema foi descrita pelo ex-senador Delcídio Amaral (sem partido, ex-PT-MS) em colaboração fechada com o Ministério Público Federal (MPF) depois de ser preso.
O depoimento de Lula durou cerca de 45 minutos. O ex-presidente dedicou boa parte de seu discurso a exaltar realizações de seu governo e a reclamar da imprensa. Citou conquistas sociais e reiterou que os órgãos de investigação tiveram mais estrutura e autonomia durante os seus oito anos de mandatos.
Em alguns momentos, Lula falou em tom de desabafo. "Quero agradecer a oportunidade de prestar o depoimento, pois estou com muita coisa engasgada."
'Pirotecnia'. No depoimento, Lula voltou a criticar
integrantes da força-tarefa da Lava Jato por fazerem "pirotecnia com as
pessoas", mas afirmou ser a favor das investigações. "Tem gente que acha
que eu sou contra a Lava Jato. Pelo contrário, quero que ela vá fundo.
Sou contra tentar criminalizar a pessoa pela imprensa e não pelos
autos", declarou.
Lula defendeu que o seu governo incentivou o
combate à corrupção e a independência das instituições. "Cansei de ver
instituições que ajudei a criar desprestigiadas por opinião pessoal
(...) Hoje as pessoas não podem nem ver a luz da geladeira que já saem
dando declarações", afirmou. Lula disse que "cansou de ver autoridades
dizendo que 'não têm provas, têm convicções'", relembrando fala do
procurador Deltan Dallagnol que disse ter convicção da participação de
Lula em esquema criminoso e que a força-tarefa não terá provas cabais
contra ele.
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