A defesa do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
protocolou na noite desta segunda-feira as alegações finais do processo
em que ele é acusado de receber propina em um contrato da Petrobras em
Benin, na África. No documento, os advogados de Cunha pedem que ele seja
absolvido dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo
os advogados, Cunha realizou movimentações lícitas entre contas de sua
titularidade no exterior. “É imperioso ressaltar: Eduardo Cunha não
ocultou nem dissimulou a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores”, destaca a
defesa.
Provas apresentadas pela Justiça da Suíça
e anexadas ao processo também são criticadas pela defesa do
ex-presidente da Câmara dos Deputados. Segundo os advogados, as provas
obtidas com colaboração da Suíça devem ser descartadas tendo em vista
que não houve decisão judicial que pedisse a quebra do sigilo bancário
do ex-deputado na Suíça.
“É preciso verificar se as ações
investigatórias tomadas pelas autoridades estrangeiras no bojo do
procedimento criminal remetido coadunam com as regras e princípios
insculpidos na Carta Magna, sob pena de nulidade do procedimento ou dos
atos. A dificuldade na interpretação – e aceitação – das informações
documentais correlacionadas à determinado processo adquire
contornos extremos ao se verificar a grandeza desta aludida prova e que,
por dever constitucional, deve ser considerada prova proibida e impõe o
descarte”, diz a defesa
Cunha também é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF)
de ter participação direta na nomeação de Jorge Zelada à Diretoria
Internacional da Petrobras, porém a defesa alega que indicação de Zelada
partiu da bancada mineira do PMDB – na época presidido pelo presidente
Michel Temer. “Restou evidenciado que o acusado não tinha qualquer
influência na referida nomeação e que tal nomeação ocorreu por meio de
indicação da bancada mineira do PMDB. Na época dos fatos, conforme é de
conhecimento público, o Presidente do PMDB era o atual Presidente da
República, Michel Temer”, diz a defesa.
Perguntas para Michel Temer
Os advogados também pedem que o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, aplique as 21 questões indeferidas por ele ao presidente Michel Temer,
arrolado como testemunha de Cunha no processo. Na época, Moro autorizou
apenas 20 questões das 41 formuladas por Cunha ao presidente.
“Contrariamente
ao afirmado por este juízo, as referidas perguntas possuem completa
pertinência e relevância com a ação penal e os indeferimentos consistem
em cerceamento de defesa, ante a violação aos princípios constitucionais
ao contraditório e a ampla defesa”, escrevem os advogados.
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