Questionado sobre o motivo que o fez se relacionar com o grupo de Temer, Cunha e Lúcio Funaro, operador do PMDB de recursos ilícitos, segundo a força-tarefa da Lava Jato, o empresário afirmou: "Eles foram crescendo no FI-FGTS, na Caixa, na Agricultura - todos órgãos onde tínhamos interesses. Eu morria de medo de eles encamparem o Ministério da Agricultura. Eu sabia que o achaque ia ser grande. Eles tentaram. Graças a Deus mudou o governo e eles saíram. O mais relevante foi quando Eduardo tomou a Câmara. Aí virou CPI para cá, achaque para lá. Tinha de tudo. Eduardo sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel. Aquele grupo tem o estilo de entrar na sua vida sem ser convidado".
Vídeo: Joesley Batista depõe em Brasília (via SBT)
Sobre a relação do presidente com o deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), Joesley afirma à revista: "A pessoa a qual o Eduardo se
referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando
em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele
resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a
hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio. O que ele não
consegui resolver ele pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia
resolver, envolvia o Michel".
Na entrevista, Joesley fala sobre a "compra de silêncio" de Cunha. "Virei refém de dois presidiários (Cunha e Lúcio Funaro).
Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado.
O Eduardo me pediu 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas
como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso. Eu tinha
perguntado para ele: "Se você for preso, quem é a pessoa que posso
considerar seu mensageiro?”. Ele disse: 'O Altair procura vocês.
Qualquer outra pessoa não atenda'. Passou um mês, veio o Altair. Meu
deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair
disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo,
logo. E que o dinheiro duraria até março deste ano. Fui pagando, em
dinheiro vivo, ao longo de 2016. E eu sabia que, quando ele não saísse
da cadeia, ia mandar recados."
Vídeo: Declaração de FHC cria embaraço político para Temer (via SBT)
Esse tema foi alvo de conversa gravada entre o empresário e Temer. Em
áudio, o presidente da República afirma que "tem que manter isso aí,
viu", em relação, segundo a Procuradoria-Geral da República, à mesada de
Joesley ao deputado cassado.
Joesley também faz o relato de um
caso de chantagem de Cunha sobre o empresário para que não fossse aberta
uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar empréstimos da
JBS feitos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). "O Eduardo, quando já era presidente da Câmara, um dia me disse
assim: ‘Joesley, tão querendo abrir uma CPI contra a JBS para
investigar BNDES. É o seguinte: você me dá cinco milhões que eu acabo
com a CPI.’ Falei: Eduardo, pode abrir, não tem problema. Como não tem
problema? Investigar o BNDES, vocês. Falei: Não, não tem problema. Você
tá louco? Depois de tanto insistir, ele virou bem sério: é sério que não
tem problema? Eu: é sério. Ele: não vai te prejudicar em nada? Não,
Eduardo. Ele imediatamente falou assim: seu concorrente me paga cinco
milhões para abrir essa CPI. Se não vai te prejudicar, se não tem
problema… Eu acho que eles me dão os 5 milhões. Uai, Eduardo, vai sua
consciência. Faz o que você achar melhor'.Esse é o Eduardo. Não paguei e
não abriu. Não sei se ele foi atrás. Esse é o exemplo mais bem acabado
da lógica dessa Orcrim (organização criminosa)", afirmou Joesley à revista.
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