Por três votos a dois, a 2ª Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) revogou nesta terça-feira prisão
domiciliar para o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente
Lula e condenado na Operação Lava-Jato após ter atuado como avalista de
um empréstimo fraudulento usado para camuflar propina. Cardiopata e
diagnosticado com câncer de bexiga, Bumlai recorreu ao tribunal de
Brasília sob a alegação que pode responder ao processo em liberdade e,
durante esse período, tratar de seus problemas de saúde. Dos cinco
integrantes da 2ª Turma, três deles – Dias Toffoli, Celso de Mello e
Gilmar Mendes – consideraram que a prisão domiciliar deveria ser
revista.
Bumlai foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove
anos e dez meses de reclusão e há sete meses aguarda o julgamento de um
recurso em segunda instância. No julgamento, os ministros consideraram
que ele pode ficar em liberdade porque a prisão preventiva já dura muito
tempo e pelo fato de a fase de instrução e o próprio processo em 1ª
instância já terem sido concluídos.
A decisão em favor de Bumlai
foi comemorada por advogados que atuam na Lava-Jato porque eles
consideram que a liberdade do pecuarista, baseada nos argumentos de que a
prisão preventiva foi muito alongada e que significaria execução da
pena já em 1ª instância, pode ser ampliada aos demais investigados.
Segundo
as investigações, Bumlai atuou diretamente em um esquema de corrupção
envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do
navio sonda Vitoria 10000. A transação só ocorreu após o pagamento de
propina a dirigentes da Petrobras, ao próprio pecuarista e ao PT. A
exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi
camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17
milhões de reais.
No caso do propinoduto envolvendo a Petrobras, o
repasse de dinheiro sujo por meio do pecuarista, apontado como um
operador VIP do petrolão, foi camuflado por meio de um empréstimo do
Banco Schahin, com a contratação indevida da empresa pela Petrobras para
operar o navio sonda Vitoria 10.000 e na simulação do pagamento do
empréstimo com a entrega de embriões de gado que nunca existiram. Bumlai
estava em prisão domiciliar por decisão liminar do ministro Teori
Zavascki, antigo relator da Lava-Jato, morto em janeiro.
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