Em reunião com o presidente Michel Temer, senadores da base
aliada avaliaram nesta quarta-feira (22) que o governo peemedebista
criou um desgaste desnecessário ao ter demorado para retirar os
servidores estaduais e municipais da reforma previdenciária.
No
encontro promovido no Palácio do Planalto, a crítica foi de que o
governo "perdeu o timing" e que não deveria tê-los incluídos desde o
início ou deveria tê-los retirado logo após o envio da proposta pela
equipe econômica, em dezembro.
Nas palavras de um senador
governista, "talvez se a equipe econômica tivesse antecipado a questão, o
desgaste público seria menor". Na saída do encontro, integrantes da
base aliada também criticaram em reservado o fato de o Palácio do
Planalto não ter informado anteriormente os governadores do país, que
foram pegos de surpresa.
A decisão foi anunciada pelo presidente
na noite de terça-feira (21) com o objetivo de enfraquecer o poder de
mobilização contra a iniciativa, já que professores públicos e policiais
civis são duas categorias numerosas que têm se posicionado publicamente
contra a reforma.
A proposta que vinha sendo discutida há semanas
pelo Palácio do Planalto, contudo, não agrada a governadores, que
reconhecem resistência em promovê-la às vésperas de eleições estaduais.
No
encontro, o presidente também ouviu que o Palácio do Planalto tem
perdido a guerra da comunicação sobre a reforma previdenciária. O
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu que a gestão federal faça
uma cartilha explicativa para a população, uma vez que, em viagem a São
Paulo, ouviu muitas críticas à proposta.
Em discurso, Temer pediu o
apoio da base aliada à proposta e disse que fará quantas reuniões forem
necessárias para aprovar a iniciativa. Ele disse ainda que as críticas
ao texto do governo são "políticas" e que o debate deveria ser na
verdade técnico.
Os partidos de oposição acusam o presidente de
ter optado pela mudança somente para tentar garantir que a proposta seja
aprovada.
"É simplesmente para diminuir a pressão contrária ao
projeto, que tem partido principalmente dos professores, e a maior parte
deles estão nas redes municipais e estaduais", afirmou a senadora
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
A senadora defende que haja uma
regra nacional, especialmente porque, em um momento de grave crise
fiscal nos Estados e municípios, dificilmente os entes federativos
conseguirão avançar em mudanças nas regras previdenciárias.
"Se
governo conseguisse provar que está exigindo um sacrifício da sociedade
como um todo, até acho que haveria um mínimo de chance. O sacrifício
está sendo exigido somente daquele que não pode ser sacrificado, do
trabalhador simples, o mais humilde", afirmou.
Para o líder do
PSDB, Paulo Bauer (SC), contudo, o recuo foi acertado. "Cada Estado tem
uma realidade diferente e é necessário que cada um possa definir qual é a
melhor forma de praticar o processo de aposentadoria", afirmou.
Ele
argumentou que alguns Estados implementaram mudanças previdenciárias há
pouco tempo. "Alguns Estados não precisam fazer processo de mudança de
regras previdenciárias. Outros, mesmo que votássemos aqui, ainda não
teriam resolvido todos os seus problemas com essa votação que faremos
aqui". Com informações da Folhapress.
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