A ciência desvendou um mistério da saúde bucal.
Enquanto algumas pessoas não cuidam muito da saúde bucal e não
apresentam problemas, outras têm cuidados minuciosos e, mesmo assim
desenvolvem cáries nos dentes. Irônico, não é mesmo? Mas o surgimento de
cáries vai muito além da falta de higiene. Pesquisadores da
Universidade de Zurique descobriram um complexo genético responsável
pela formação do esmalte dentário, que facilita o aparecimento das
lesões.
O estudo, realizado por duas equipes do Centro de Medicina
Dentária e do Instituto de Ciências da Vida Molecular, concluiu que a
formação das cáries não está ligada apenas às bactérias, mas à
resistência dos dentes, também. Com a redução da estabilidade do esmalte
dos dentes — que possuem algum defeito genético, mesmo com a higiene
bucal adequada —, as cáries aparecem. Para Sofia Takeda Uemura (CROSP 29761),
membro do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), são
vários os fatores que predispõem o indivíduo a um risco maior para o
desenvolvimento de cáries. “A instalação da doença só vai ocorrer se
houver placa bacteriana, dieta inadequada e ausência de cuidados
preventivos periódicos. A utilização de fluoretos nos cremes dentais e
nas diferentes formas de aplicação profissional interfere no mecanismo
de desmineralização e remineralização do esmalte dental que ocorre
constantemente no meio bucal, porém não impede a colonização bacteriana e
a produção de ácidos na presença de açúcar”, explica.
A cárie é
uma doença multifatorial, dessa forma, é necessário que haja a presença
de placa bacteriana sobre as superfícies dentárias e o consumo
descontrolado de açúcar. “Os microrganismos presentes na placa
bacteriana estão presentes na flora bucal de todos os indivíduos e
encontrarão um ambiente propício na presença de açúcar”, esclarece
Sofia. Em relação ao consumo do açúcar, a frequência do consumo é o que
importa. Para prevenir as lesões, é preciso escovar os dentes de forma
regular, usar fio dental e controlar a quantidade de açúcar ingerida. “A
escovação deve ser orientada individualmente por um cirurgião-dentista,
pois há particularidades em relação à técnica que somente um
profissional pode orientar e da mesma forma ocorre com a dieta. Assim,
cuidar adequadamente dos dentes envolve vários fatores que nem sempre
são observados, por isso essas pessoas estão apresentando lesões de
cárie”, observa.
Sofia explica que as lesões de cárie identificadas pelo leigo são as
lesões já cavitadas, isto é, em estágios mais avançados, com necessidade
de tratamento restaurador ou reabilitador. As lesões em estágio inicial
são vistas como manchas brancas, com desmineralização apenas de
esmalte, possuindo características muito específicas — sem cavitação, e
que podem ser revertidas com tratamento. “Por isso, o controle
profissional é importante, para a orientação de cuidados adequados de
dieta e higiene e para detecção e tratamento desses estágios iniciais da
doença”, salienta Sofia.
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