A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou nesta quinta-feira com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a analisar os pedidos de impeachment que já foram protocolados contra o presidente Michel Temer (PMDB). Há mais de vinte processos de impedimento que esperam uma decisão de Maia.
A
OAB alega que o presidente da Câmara praticou desvio de função e
omissão ao se negar a analisar as requisições. O mandado de segurança,
protocolado pelo presidente da OAB, Claudio Lamachia,
diz que configura “ato abusivo e omissivo” o fato de Maia estar a
oitenta dias sem dar uma resposta ao processo que a entidade protocolou
há três meses.
A OAB entrou com pedido de impeachment contra Temer
no dia 25 de maio, oito dias após a revelação das gravações feitas pelo
empresário Joesley Batista, da JBS, no âmbito de um acordo de delação
com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A entidade máxima da
advocacia entendeu que Temer cometeu crime de responsabilidade e, por
isso, deve ser condenado à perda do mandato e se tornar inelegível por
um período de oito anos.
Segundo a OAB, Maia cometeu desvio de
finalidade ao violar os direitos dos cidadãos que, em consonância com o
que prevê a Constituição, elaboraram denúncias contra o presidente. Além
disso, a Ordem diz que o presidente da Câmara atentou contra os
direitos dos outros deputados, que ficaram impedidos analisar o mérito
dos processos, e contra o princípio republicano, já que blindou
autoridades de serem investigadas.
Para a OAB, o deferimento do
mandado de segurança é uma “medida de justiça”, uma vez que o atraso de
Maia acarreta em “flagrante prejuízo à sociedade”.
“A mais danosa
mensagem que o Poder Legislativo pode transmitir aos cidadãos e à
comunidade internacional é o vácuo decisório, por perpetuar a situação
de instabilidade institucional, quebra da transparência e
enfraquecimento do pacto republicano firmado pelos brasileiros na
Constituição de 1988”, disse.
Corrupção passiva
A PGR se
baseou na delação da JBS para denunciar o presidente por corrupção
passiva, mas a maioria dos deputados votou em plenário para não
encaminhar a denúncia ao STF.
Antes da votação da acusação,
Lamachia afirmou que Maia teria de “cumprir seu papel” de apreciar o
pedido apresentado pela Ordem, “independentemente das denúncias que
venham a ser apresentadas pelo Ministério Público Federal”. Lamachia
havia dito que cobraria o presidente da Câmara “com a mesma ênfase” caso
houvesse o arquivamento da denúncia.
Maia já tinha sido alvo de um mandado de segurança
protocolado pelos deputados federais Alessandro Molon (Rede-RJ), Aliel
Machado (Rede-PR), Henrique Fontana (PT-RS) e Júlio Delgado (PSB-MG). Os
políticos pediam para o STF obrigar Maia a analisar se as denúncias
preenchiam os requisitos formais e, nos casos em que isso fosse
verificado, providenciasse a instalação das comissões especiais para
analisar o mérito.
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