No momento mais tenso na sessão desta manhã do julgamento da chapa
Dilma Rousseff-Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o
ministro relator do caso, Herman Benjamin, disse que os colegas que
rejeitam a apreciação de fatos novos no processo "invertem" a história
da Casa. "Aqui estamos num dos julgamentos mais importantes da história
do TSE para julgar caixa 1 e não caixa 2, invertendo nossa história",
afirmou.
A declaração de Herman foi uma resposta ao ministro Admar
Gonzaga Neto que se posicionou desfavorável à análise no julgamento de
fatos contra a chapa presidencial, especialmente as delações da
Odebrecht, no âmbito da Operação Lava-Jato, que surgiram durante a
tramitação da ação. O ministro Admar Gonzaga Neto tinha dito que não
iria julgar a fase sobre denúncias de "caixa 2" da Odebrecht.
Herman
Benjamin ainda relembrou declaração do ministro Gilmar Mendes de que
caixa 1 era "lavanderia", numa estratégia para mostrar que esse tipo de
procedimento de contabilidade fiscal também era um fato grave. "Quando
Vossa Excelência fala em caixa 1 é caixa 1 expandida, é lavagem", disse.
Por fim, ironizou: "Eu suspeito que não haverá divergência quando
apresentar meu voto".
Em seu posicionamento, o ministro Admar
enfatizou que o tribunal deveria examinar "os financiamentos oficiais,
oficiais, de empreiteiras contratadas pela Petrobras". "Meu voto,
portanto, se limitará a recebimentos de doações oficiais de empresas
contratadas pela Petrobras", disse. "A fase da Odebrecht se refere a
caixa 2."
Em sintonia com Admar, o ministro Tarcísio Vieira disse
que a ação tem que ser "instruída" com provas de abuso de poder
econômico. "E aí repito, o tema circunstanciado no contraditório é o
financiamento de campanha mediante doações oficiais de empresas
contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas,
conforme a petição inicial", afirmou. "Conforme se depreende dos autos,
os depoimentos prestados por executivos e funcionários do grupo
Odebrecht relatam a ocorrência dos seguintes fatos: pagamento de
serviços de publicidade e compra de partidos políticos, via caixa 2,
pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht", ressaltou. "E
terceirização de caixa 2, que o relator está chamando de caixa 3, o caso
da Cervejaria Petrópolis."
Tarcísio disse que os novos fatos não
estão relacionados diretamente com os "contornos delimitados" nas ações
de julgamento nem com o alegado financiamento de campanha mediante
doações oficiais de empreiteiras.
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