São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi tema de reportagem publicada hoje (5) pela revista inglesa The Economist. Intitulado “O político como pensador”, o texto ressalta o novo papel de FHC, que aos 84 anos de idade age mais como conselheiro da oposição à Dilma Rousseff que propriamente como um político.
“Enquanto investigações adentram a teia de corrupção na Petrobras, a gigante estatal de petróleo, e está cada vez mais próxima de Lula, FHC aproveita o respeito que conquistou como um antigo estadista”, diz a Economist. “E enquanto o Brasil afunda na crise que ameaça trazer a pior recessão desde 1930, sua antiga política econômica parece muito mais agradável.”
Indo de acordo com a perspectiva do ex-presidente, a revista indica que o drama da crise brasileira é o descontrole do Congresso tanto por falta de comando da presidente Dilma, que tem dificuldade de negociar com o Legislativo para aprovar as reformas necessárias, como pelo modelo de governabilidade das casas, que contam com 28 partidos diferentes na representação política.
FHC: “Se você tem a capacidade de conversar com o país e tem uma agenda, o Congresso entra na linha”© Divulgação FHC: “Se você tem a capacidade de conversar com o país e tem uma agenda, o Congresso entra na linha”
“Se você tem a capacidade de conversar com o país e tem uma agenda, o Congresso entra na linha”, diz FHC em entrevista à Economist. “Quando você não tem nem um, nem outro, ele não entra.”
Como exemplo, a revista relembra o auge do Plano Real e as medidas tomadas pelo ex-presidente para desacelerar a inflação entre 1995 e 2003. O texto faz menção ao fato que FHC teve de negociar mais de 35 emendas constitucionais para controlar a economia.
Outro ponto de destaque é a “modernização da economia do país” através de privatizações de grandes empresas estatais, como aconteceu com a Telesp. A “abertura de capital” para investimento e inovação é algo que “não deve acontecer em um futuro próximo”, diz a revista.
A Economist fecha o texto com aspa do ex-presidente dizendo que o país precisa de “um novo foco e um novo líder”. O texto acaba ponderando, no entanto, uma possível culpa de FHC por não ter incentivado a renovação no PSDB, o que poderia ter dado melhores resultados ao partido nas últimas eleições, por exemplo.