sábado, 14 de janeiro de 2017

Lula diz que vai tirar o país da lama e alerta: "quem acha que pode me proibir de algo pode se preparar"



InfoMoney (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula) 
  © Ricardo Stuckert/ Instituto Lula InfoMoney
 
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de ato em um evento para servidores da educação em Brasília e aproveitou para voltar a falar sobre ser candidato nas eleições de 2018. Em tom de campanha, ele questionou: "quem é que vai tirar o país da lama que ele ficou?", ouvindo a plateia gritar "Lula!". Ele participou do 33º congresso da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).

Em outro momento, pela segunda vez na semana, ele usou a expressão "se preparar": "quem acha que pode me proibir de algo pode se preparar", criticando o que ele chama de perseguição para que sua candidatura à presidência não ocorra. Na véspera, o ex-presidente defendeu o "direito de candidatura" durante o 29º Encontro Estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Salvador.

"Se o [presidente Michel] Temer quer ser, ótimo, se o [ministro José] Serra quer ser, ótimo, se o [juiz Sérgio] Moro quer ser, ótimo, se os delegados [da Polícia Federal] querem ser... Todo mudo que quer ser candidato tem direito, entre num partido e vá para as ruas", afirmou.

Rumores recentes apontam que o PT pretende adiantar e lançar até maio a candidatura oficial de Lula. A tática seria aproveitar a baixa popularidade do governo Temer e reforçar a defesa jurídica do ex-presidente, réu em cinco ações penais, duas delas no âmbito da Lava Jato. Com isso, ele poderia reforçar a tese de que qualquer denúncia contra ele é perseguição e tentativa de evitar que ele concorra para presidente.

Eduardo Cunha dá calote de R$ 550 mil em advogados




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O deputado cassado Eduardo Cunha está devendo pelo menos R$ 550 mil a seus advogados.

As informações são da coluna Radar On-Line, do site da revista Veja, deste sábado (14).

O ex-presidente da Câmara teria acordado pagamento de R$ 900 mil aos defensores. De acordo com a revista, está devendo R$ 300 mil para um deles, e R$ 250 mil a outro.

Cunha está preso preventivamente desde outubro, por decisão do juiz federal Sérgio Moro.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Geddel, Cunha e outros investigados agiam para beneficiar empresas, diz MPF



Agência Brasil

Geddel © Foto: Agência Brasil Geddel 
 
A operação que a Polícia Federal deflagrou hoje (13), no Distrito Federal, Bahia, Paraná e São Paulo para investigar um suposto esquema de fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, teve origem na obtenção de informações extraídas de um aparelho celular apreendido em 2015, do ex-presidente da Câmara, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Ao pedir à Justiça Federal autorização para a PF cumprir sete mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais das quatro unidades da federação, o Ministério Público Federal (MPF) citou Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima como suspeitos de possíveis crimes de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, praticados entre 2011 e 2013. Para o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, Geddel “valeu-se de seu cargo na Caixa para, de forma orquestrada, beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecer informações privilegiadas para outros membros da quadrilha composta, ainda, por Eduardo Cunha” e outros.

Também são representados o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fábio Ferreira Cleto; o ex-vice-presidente de Gestão de Ativos Marcos Roberto Vasconcelos, exonerado do cargo a pedido em setembro de 2016; o servidor da Caixa, José Henrique Marques da Cruz, que chegou a ocupar a vice-presidência de Varejo e Atendimento do banco, além do fundador da Marfrig Alimentos, Marcos Antonio Molina, e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro.

Segundo o MPF, o ex-deputado Eduardo Cunha manipulava a liberação de créditos na Caixa com o envolvimento de Cleto e, possivelmente, do então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Geddel Vieira, mencionado em diversas mensagens eletrônicas como beneficiários de valores desviados por meio do esquema.

Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa entre março de 2011 e dezembro de 2013. Entre 2007 e 2010, período do segundo governo Lula, Geddel chefiou o Ministério da Integração Nacional. Em maio de 2016, voltou ao Palácio do Planalto como ministro-chefe da secretaria de governo do presidente Michel Temer, deixando o cargo em novembro do mesmo ano, alvo de suspeitas de ter atuado para beneficiar uma construtora na Bahia.

De acordo com o MPF, foi o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fábio Cleto quem, ao prestar depoimentos à Procuradoria-Geral da República, acusou Eduardo Cunha de ter recebido propina de empresas em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS ). A gestão do fundo estava sob a responsabilidade da vice-presidência de Gestão de Ativos, então ocupada por Marcos Roberto Vasconcelos, que foi exonerado do cargo a pedido, em setembro de 2016. 

Para o procurador Cordeiro Lopes, os indícios de irregularidades já reunidos apontam que os investigados operaram para fraudar a liberação de créditos da Caixa empregando técnicas semelhantes às usadas para desviar recursos da Petrobras e já reveladas pela Operação Lava Jato. Entre outras acusações, o procurador sustenta que Cunha obtinha empréstimos fraudulentos para empresas participantes do esquema junto à diretoria comandada por Geddel.

Dentre as empresas citadas como beneficiárias do esquema estão o grupo J&F, a BR Vias (pertencente ao Grupo Constantino e alvo da Operação Lava Jato), a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários, Digibrás, Inepar, Grupo Bertin, entre outras.

“A BR Vias beneficiava-se de sistemática ilícita para obtenção de recursos junto à CEF, contando com a participação ativa do então vice-presidente de Pessoa Jurídica, Geddel Vieira Lima, bem como do ex-deputado federal Eduardo Cunha e de Fábio Cleto e Lúcio Bolonha”, afirma o procurador. Em uma mensagem extraída do telefone apreendido de Cunha, Geddel informa o ex-presidente da Câmara de que há problemas na liberação de créditos para a Oeste Sul.

“Outras mensagens dão testemunho de que, assim como a BR Vias, outras empresas vinculadas à família Constantino negociavam a obtenção de recursos na vice-presidência de Pessoas Jurídicas da CEF”, relata Cordeiro Lopes, mencionando o grupo Marfrig e Seara como beneficiários do esquema.

Diante dos argumentos e elementos apresentados pelo MPF, o juiz federal Allisney de Souza Oliveira autorizou a PF a fazer buscas e apreender documentos em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados e na própria Caixa. Também a pedido do MPF, o magistrado suspendeu o sigilo de todo o processo, inicialmente enviado ao STF, devido ao foro privilegiado de que Geddel e Cunha dispunham no início das investigações e, posteriormente, remetidos para o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal. 

Procurada, a assessoria do PMDB informou que Geddel ainda não se pronunciou sobre as suspeitas. A reportagem ainda não conseguiu contato com o ex-ministro, com os advogados de Eduardo Cunha e com os demais alvos dos mandados de busca e apreensão. 

A Caixa informou que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado pela instituição.

Brasil é o país onde empresas mais pagam propina segundo ranking dos EUA, diz jornal



InfoMoney (Shutterstock)  
© Shutterstock InfoMoney 
 
SÃO PAULO - O Brasil alcançou pela primeira vez o topo de um ranking de países em que multinacionais pagam propinas, segundo a Folha de S.Paulo. A lista é elaborada com base em investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e da SEC (Securities and Exchange Comission), que regula o mercado financeiro norte-americano.

O levantamento referente a 2017 aponta que o Brasil foi citado 19 vezes como o país onde as empresas globais disseram ter pagado propina. A quantidade de menções é praticamente o dobro da registrada em 2015, quando foram 10.

Em segundo lugar aparece a China, citada 17 vezes, seguida pelo Iraque, com 8 menções. Esta é a terceira vez que o levantamento é elaborado. Nos dois primeiros anos, o primeiro lugar ficou com a China e o Brasil ocupava a segunda colocação, seguido pela Rússia.

A lista é elaborada com base na Lei Anticorrupção no Exterior (ou FCPA, Foreign Corruption Practices Act, em inglês), de 1977. O entendimento das autoridades dos Estados Unidos é que o pagamento de propina em outros países mina a concorrência e prejudica investidores norte-americanos.

POTIRAGUÁ:CONFUSÃO NA CÂMARA: GANHADORES DOS TERRENOS RECUSAM ACORDO COM O PREFEITO.


12 de janeiro de 2017 Edmilson
Em uma reunião feita hoje, (12/01) pelo vereador Jean Paulo e a vereadora Idene na câmara municipal de Potiraguá, ganhadores dos terrenos dado pelo ex prefeito Luiz Soares, rejeitaram acordo do Prefeito Jorge Cheles.
Segundo o Vereador Jean Paulo, o então prefeito Jorge, que não se fez presente nem mandou seu representante, quer fazer um acordo com todos que estiverem com seus alvarás em mãos e que não possuem casa própria, à fazer um acordo, que seria mais o menos assim. As pessoas que obtiveram terrenos na área do campo, que fica localizado atrás da empresa Renata Melo, trocar por outro terreno que segundo cada ganhador é em áreas já invadidas por populares e sendo também área de risco, pelo fato de serem próximo ao córrego da Mijada.
Segundo o vereador Jean, outra reunião acontecerá na próxima segunda (16). Onde estará presente o Prefeito e seus representantes para mais esclarecimento.

Este córrego recebe os esgotos de tres ou quatro bairros e o mal cheiro é insuportável. A proposta é uma falta de compromisso com a saúde e o bem estar desses cidadãos. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Lula entra com ação pedindo R$ 1 milhão contra promotor que pediu sua prisão



InfoMoney (José Cruz/ Agência Brasil)  
© José Cruz/ Agência Brasil InfoMoney 
 
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta quinta-feira (12), por meio de seus advogados, uma ação de reparação por danos morais contra o promotor de Justiça Cassio Roberto Conserino, do Ministério Público do Estado de São Paulo. No ano passado, por conta da investigação sobre o triplex no Guarujá, o promotor chegou a pedir a prisão do petista.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a ação será distribuída a uma Vara Cível de São Bernardo do Campo e pede que Conserino seja condenado a pagar R$ 1 milhão "a título de indenização ao ex-presidente, levando-se em consideração a extensão dos danos causados e, ainda, a capacidade econômico-financeira do citado agente público".

Vale lembrar que Lula já entrou com ações contra alguns dos principais nomes conhecidos na Operação Lava Jato, como o delegado da Polícia Federal Filipe Pace, o procurador da República Deltan Dellagnol e o juiz federal Sérgio Moro.

Segundo os advogados de Lula, a ação demonstra "a utilização das prerrogativas e do cargo de Promotor de Justiça pelo réu (Conserino) para causar danos à imagem, à honra e à reputação de Lula". A defesa ainda lembrou que no fim do ano passado, o Conselho Nacional do Ministério Público instaurou Reclamação Disciplinar contra Conserino, "em atenção a requerimento que fizemos levando em consideração parte dos mesmos fatos tratados na ação judicial hoje proposta".

É hora de comprar ações da Petrobras?


Para que possamos responder à pergunta acima é necessário que primeiro entendamos um pouco sobre a estrutura da empresa, além dos acontecimentos recentes de maior relevância.

Maior Menor
Por Equipe Empiricus 

Sabemos que o mercado é implacável quando escândalos rondam empresas. E sabemos também o quanto a Petrobras foi afetada nos últimos tempos. Em 2015, seus dirigentes se viram envolvidos em esquemas de corrupção e as ações da companhia despencaram.

Mas o problema que parecia destruir o futuro da empresa começou a se transformar. A direção da Petrobras foi trocada e Pedro Parente se tornou CEO, o que trouxe uma postura bem menos suscetível a intervenções políticas na parte operacional da empresa.

As primeiras iniciativas dessa nova gestão foram marcadas por um tom de profissionalização que atendeu às solicitações frequentes do mercado. Desse modo, foram dados passos significativos no que se refere a melhoria de governança, corte de custos e redução de ingerência política.

O avanço nesse processo deve elevar a companhia a outro nível, destravando valor aos acionistas. É justamente o próximo passo que deixará muita gente rica.

Vale notar ainda que as ações de Petrobras são, para investidores estrangeiros, uma forma óbvia de adquirir exposição a Brasil. Se eles quiserem aumentar a exposição ao mercado brasileiro, um jeito rápido de conseguir isso é por meio de PETR4.

A companhia tem muita dívida a rolar, mas com uma macroeconomia melhor, o fará mais barato, com mais fôlego financeiro e as chances de melhora operacional aumentam com um management com mais experiência de mercado.

‘Vamos voltar a governar este país’, diz Lula em ato em Salvador



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em ato do MST em Salvador: O ex-presidente Lula © image/jpeg O ex-presidente Lula 
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira em Salvador, durante encontro com militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vai voltar a ser presidente da República.  “Se preparem, porque, se necessário, eu serei candidato. Se eu for candidato, é para a gente ganhar as eleições. Nós vamos voltar a governar este país”, disse a uma plateia que usava bonés vermelhos com a inscrição “Estamos com Lula” e gritavam “Brasil pra frente, Lula presidente”. 

O petista também afirmou que espera receber desculpas daqueles que o acusam hoje por crimes de corrupção. “A única coisa que eu peço a Deus é que essas pessoas, quando chegarem à conclusão de que não tem nada contra mim, peçam desculpas”, afirmou. 

Segundo ele, o ódio construído contra seu governo está prejudicando o Brasil. “Não é possível que o ódio que eles têm de mim faça com que prejudiquem o País”, afirmou no discurso, no qual também criticou a gestão de Michel Temer (PMDB). 

“O que está acontecendo no Brasil é algo anormal. Esse país não pode sair da alegria, do otimismo e da esperança que estava para a desgraça que estamos vivendo hoje”, disse.

Ele acusou Temer de entregar a Petrobras a multinacionais e destruir todas as políticas de valorização nacional da empresa. Lula defendeu que o governo federal precisa voltar a fazer investimentos diretos e a bancar financiamentos a pequenos empresários e consumidores através dos bancos públicos.

O ex-presidente disse ainda que durante este ano vai andar pelo país para recuperar a imagem do PT e a sua própria imagem. Ele voltou a afirmar que a legenda está sendo criminalizada pela mídia e pela Justiça.

Lula é réu em cinco processos judiciais, sendo três deles no âmbito da Operação Lava-Jato – dois estão com o juiz Sergio Moro, alvo de constantes críticas do petista e de seus advogados, que o consideram parcial. O ex-presidente também é réu em ações decorrentes das operações Zelotes e Janus. Uma condenação em segunda instância pode torná-lo inelegível para 2018. 

(Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Banco Central reduz Selic para 13% ao ano e surpreende o mercado



Agência Brasil

Real © Foto: Ricardo Moraes/Reuters Real 
 
Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje (11) a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que previam o corte de 0,5 ponto percentual.

Com a decisão de hoje, a Selic está no menor nível desde abril de 2015, quando estava em 12,75% ao ano. Mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, de outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2016 em 6,29%, o menor nível desde 2013 (5,91%).

Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano.

Inflação

No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2017 em 4,4%. O mercado está um pouco menos pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial fechará o ano em 4,81%.

Até agosto do ano passado, o impacto de preços administrados, como a elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite, contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De lá para cá, no entanto, a inflação começou a desacelerar por causa da recessão econômica e da queda do dólar. Em dezembro, o IPCA ficou em 0,30%, a menor taxa para o mês desde 2004.

A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores impulsionam a produção e o consumo num cenário de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2017. No último Relatório de Inflação, o BC reduziu a estimativa de expansão da economia para 0,8% este ano.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

Mais de uma semana após chacinas, presídios têm marca de tiro e internos bebendo água de privada




Visão por meio de buraco feito por tiro em sala da direção do Compaj © Felipe Souza Visão por meio de buraco feito por tiro em sala da direção do Compaj 
  É inevitável entrar no presídio onde 56 pessoas morreram no primeiro dia do ano e não lembrar dos vídeos de extrema violência que foram compartilhados em redes sociais na última semana. Gritaria, explosões, tiros e corpos esquartejados e carbonizados amontoados.

A BBC Brasil foi a primeira equipe de jornalismo a entrar no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, onde quatro pessoas foram mortas dois dias após a primeira chacina.

Também entraram nas unidades o deputado federal Padre João (PT) e representantes da Pastoral Carcerária, Conectas e outras entidades de direitos humanos.

A primeira barreira para entrar no Compaj está posicionada a 2 km da entrada. Neste ponto, cerca de 200 familiares e amigos de presos se reuniam debaixo do sol forte da terça-feira na capital amazonense.

Ao lado de equipes de TV, eles estavam em busca de informações e faziam protestos para ter o direito de levar comida aos presos, que não recebem visitas desde a matança. Algumas famílias estavam havia horas com alimentos perecíveis sem refrigeração, como um frango inteiro e carnes, aguardando autorização para entregar.
Cômodo alagado com colchões sujos © Felipe Souza Cômodo alagado com colchões sujos 
  A comitiva acompanhada pela BBC Brasil passou o bloqueio e seguiu por uma estrada em meio à mata até chegar a um grande portão verde com o nome do presídio. Depois de cruzar essa barreira, algumas portas e um longo corredor, chega-se à sala da direção do presídio.

Um furo na vidraça da janela chama a atenção. "Foi no dia da rebelião que fizeram isso. Um tiro disparado pelos presos atravessou o vidro e acertou um agente que estava aqui dentro para você ter uma ideia", relata o secretário de Administração Penitenciária do Estado, Pedro Florêncio, que também estava na comitiva.

Dali, foi possível ver parte do cenário onde ocorreu a chacina que repercutiu internacionalmente. O secretário, porém, recomendou que ninguém entrasse no local que abriga 1057 presos. "Não tem a menor condição". A decisão foi respeitada.
Preso mostra perna machucada durante chacina no Compaj © Felipe Souza Preso mostra perna machucada durante chacina no Compaj

Limpo e organizado

A comitiva decidiu seguir para a área feminina do conjunto de presídios. Da porta até as celas dedicada às mulheres, a comitiva passou por 6 grades de proteção e um aparelho detector de metais.

A recepção foi feita por uma cachorra - adotada há quatro meses pelas internas após ter sido encontrada com queimaduras - e um gato. As próprias internas alimentam os animais, que convivem bem entre si e são os únicos com trânsito livre na unidade. Tudo graças ao corpo estreito que permite que os animais passem pelo meio das grades.

A reportagem entrou em algumas celas, a pedido das próprias detentas. A intenção delas era mostrar que tudo estava organizado e limpo.

"E não foi nada combinado. A gente nem sabia que vocês estavam vindo", disseram.

A maior parte delas tem muitos perfumes, cremes corporais, maquiagem e, claro, um ventilador para amenizar o clima quente e abafado.

De chinelo - o único calçado permitido -, as detentas demonstraram alegria em receber visita. Elas aplaudiram e algumas até choraram após ouvir o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir João Silveira, dizer que elas não são inferiores em relação às pessoas fora da cadeia.
Prateleira em cela no presidio feminino © Felipe Souza Prateleira em cela no presidio feminino

Xixi, cocô e mofo

Do Compaj até a cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa são cerca de 30 km de distância. A estrutura externa do presídio centenário é tomada pelo mofo.

A unidade foi desativada em outubro de 2016 justamente por ter problemas graves na estrutura. Mas precisou ser reaberta dois dias depois da matança no Compaj para receber presos que corriam risco de morrer.

Do lado de dentro, há um forte cheiro de lixo, fezes e xixi. Apenas uma grade, protegida por um guarda armado, separa o portão de entrada do contato direto com parte dos presos.

Já começava a escurecer quando a reportagem chegou a essa barreira e ficou a menos de dez metros dos internos.
Pessoas se reúnem no acesso ao Compaj para esperar notícias de familiares presos © Felipe Souza/BBC Brasil Pessoas se reúnem no acesso ao Compaj para esperar notícias de familiares presos 
 
Eles passam a fazer suas reivindicações em voz alta. "Por favor, nos ajudem! A gente não tem nenhum item de limpeza pessoal e, para piorar, estão fechando nossa água. A gente fica com tanta sede que chega a tomar água do vaso sanitário", diz um deles.

Outro mostra sua perna machucada. Assim como ele, outros presos mostram marcas que herdaram da chacina no Compaj, e pedem para que sejam levados a um hospital. Também há reclamações de hipertensos e diabéticos sem remédios.

Mas a maior parte dos pedidos são de transferências por presos que temem ser decapitados por seus inimigos a qualquer instante. Horas mais cedo, 20 presos transferidos no dia anterior para uma cadeia em Itaquatiara, a 270 km de distância da capital, voltaram para a Manaus.

Enquanto esperavam para entrar, um deles ameaçou outros presos que estavam no veículo ao lado. "Tu vai morrer, safado. Eu vou ter o maior prazer em arrancar sua cabeça (...) Tu e desse outro safadinho aí também", disse.

Do lado de fora, familiares choravam de preocupação com a possibilidade de haver um novo motim na unidade e seus parentes acabarem mortos. Uma mulher chegou a se ajoelhar para pedir que não colocassem esses presos na mesma unidade.
Foto 53: Mulher mostra alimento que ela quer levar a preso no Compaj © Felipe Souze/BBC Brasil Foto 53: Mulher mostra alimento que ela quer levar a preso no Compaj

Alagamento de xixi

Não foi possível verificar com detalhes a estrutura onde os presos estão. Os três cômodos usados pelos funcionários para dormir, assistir televisão e comer ficam próximos ao banheiro.

A água do banheiro alagou toda a área dedicada aos trabalhadores. Os colchões estão molhados, sujos e velhos.

Pedaços da parede estão caindo e parte do teto já não tem mais forro. O local quase não tem ventilação e estava com muitos mosquitos.

Mas nem tudo estava em péssimas condições. A reportagem da BBC Brasil - que não passou por revista e estava com um celular - passou a mandar mensagens e até imagens de dentro do presídio. O sinal e a velocidade estavam ótimos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Estudo contradiz principal teoria de formação da Lua



AFP

Lua vista de Córdoba, na Argentina, em 11 de outubro de 2016 © Fornecido por AFP Lua vista de Córdoba, na Argentina, em 11 de outubro de 2016 
  A Lua, companheira do nosso planeta há cerca de 4,5 bilhões de anos, pode ter sido formada pelo impacto de uma série de pequenos corpos com uma Terra embrionária, afirmaram pesquisadores nesta segunda-feira.

Isso explicaria uma grande inconsistência na teoria dominante, segundo a qual a Lua é resultado de uma única e gigantesca colisão entre a Terra e um corpo celeste do tamanho de Marte.

Segundo esta hipótese, cerca de um quinto do material da Lua teria vindo da Terra, e o resto do segundo corpo.

No entanto, a composição da Terra e da Lua são quase idênticas - uma improbabilidade que há muito tempo intriga os defensores da hipótese do impacto único.

"O cenário de múltiplos impactos é uma forma mais 'natural' de explicar a formação da Lua", disse Raluca Rufu, do Instituto Weizmann de Ciências, em Rehovot, Israel, coautor do novo estudo, publicado na revista científica Nature Geoscience.

Tais impactos múltiplos teriam escavado mais material da Terra do que um único impacto, o que significa que os satélites resultantes se assemelhariam mais à composição do nosso planeta, disseram os autores do estudo.

Rufu e uma equipe criaram quase mil simulações de computador de colisões entre uma proto-Terra e planetas embrionários chamados planetesimais, menores do que Marte.

Teriam sido necessárias cerca de 20 dessas colisões para formar a Lua, concluíram os pesquisadores.
Cada colisão teria formado um disco de detritos ao redor da proto-Terra, que se aglomerariam para formar um pequeno satélite natural, segundo os autores.

Estes pequenos satélites eventualmente se fundiriam, formando a Lua, acrescentaram.

"Nas primeiras etapas do Sistema Solar, os impactos eram muito abundantes, por isso é mais natural que vários deles tenham formado a Lua, em vez de um em especial", disse Rufu à AFP.

Acredita-se que nosso Sistema Solar se formou há 4,567 bilhões de anos, seguido pela Lua, cerca de 100 milhões de anos mais tarde.

A teoria principal da formação da Lua foi proposta em meados da década de 1970. Nos anos 1980, foram feitas as primeiras sugestões de que o satélite teria sido resultado de várias colisões.
A Lua, resultado de múltiplas colisões: Lua vista de Córdoba, na Argentina, em 11 de outubro de 2016 © Fornecido por AFP Lua vista de Córdoba, na Argentina, em 11 de outubro de 2016 
  O novo estudo "reavivou o cenário até agora em grande parte descartado de que uma série de impactos menores e mais comuns, em vez de um único golpe gigante, formaram a Lua", escreveu Gareth Collins, do Imperial College London, em um comentário publicado pela revista.

"Construir a Lua desta maneira leva muitos milhões de anos, o que implica que a formação da Lua se sobrepôs a uma parcela considerável do crescimento da Terra", acrescentou.

Fifa explica inchaço na Copa: “Futebol é mais que Europa e América do Sul”




Infantino diz que intenção da Fifa com novo formato é expandir e desenvolver o futebol pelo mundo (Foto: Michael Buholzer/AFP) © Fornecido por Fundação Cásper Líbero Infantino diz que intenção da Fifa com novo formato é expandir e desenvolver o futebol pelo mundo (Foto: Michael Buholzer/AFP) 
 
O aumento de 32 para 48 seleções a partir da Copa do Mundo de 2026 irá consolidar o futebol nos países periféricos, onde a modalidade não é tão tradicional, segundo o presidente da Fifa Gianni Infantino.

Em coletiva concedida horas depois do anúncio oficial da entidade confirmando a mudança, o mandatário defendeu o novo formato, que o fez vencer o xeque do Bahrein Salman bin Ebrahim al-Khalifa, seu principal rival na eleição de fevereiro do ano passado.

“O novo formato traz mais associações para participar da maior celebração do futebol. Temos que moldar o futebol, vendo que ele é mais do que a Europa e a América do Sul. O futebol é global. A febre do futebol em grandes partes do mundo, que hoje não têm chances, é algo que estava no topo de nossas ideias”, afirmou Infantino, que também prevê um alívio no calendário.

“Primeiro coloquei a expansão da Copa no meu manifesto, com 40 equipes em oito grupos de cinco, sendo oito jogos para o time que conquista a Copa, mas chegamos a um formado melhor, porque ele reduz o número de jogos se comparado ao inicial”, acrescentou.

A partir de 2026, 48 seleções serão divididas em 16 grupos de três equipes, sendo que as duas melhores colocadas avançarão para a disputa do mata-mata. A cobrança de pênaltis definirá os classificados nas três primeiras etapas eliminatórias. As prorrogações só serão jogadas nas semifinais e final. O tempo de disputa da Copa do Mundo continuará sendo de 32 dias.

A expectativa é que os continentes africano e asiático sejam os maiores beneficiados com o inchaço da Copa. “Temos de ter um equilíbrio na questão esportiva. A África, por exemplo, tem 54 representantes e apenas cinco vagas. São questões que precisam ser revistas. É uma questão matemática, não apenas uma opinião, são fatos”, argumentou o suíço.

O presidente da Fifa afirmou que ainda não há uma definição de como serão repartidas as novas vagas nas eliminatórias pelo mundo. A prioridade da entidade neste momento é avaliar as candidaturas para receber o torneio antes de anunciar a sede do Mundial de 2026 em maio deste ano. Os favoritos na disputa são os Estados Unidos, que poderão anunciar uma candidatura conjunta com México e Canadá.

“Não é necessário tomar essa decisão agora. Vamos esperar esses quatro meses e pensar no processo de candidatura. É importante definir como será a logística e quantos estádios serão necessários para progredirmos”, concluiu.

domingo, 8 de janeiro de 2017

"A elite brasileira sabe que não dá para esperar e vai cavar o buraco de Temer também", diz Ciro Gomes



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Uma aparente base sólida no Congresso Nacional contrasta com a baixa adesão popular. Por trás de mais uma possível contradição num país que definitivamente não é para amadores, existe a centelha para um novo processo de erosão no comando do Palácio do Planalto. Essa é a leitura que faz Ciro Gomes, um dos nomes cotados para lançar candidatura ao posto máximo dá República em 2018, sobre o cenário que se desenha para Michel Temer. Ele acredita que o atual presidente não terá condições de encerrar o mandato, e teme os efeitos da anarquia na política nacional podem trazer turbulências ainda maiores ao país.

Para o ex-ministro e ex-governador, o peemedebista é mero peão no xadrez dos bastidores do poder, que assumiu o comando do país encarregado de cumprir três principais missões em nome de uma elite que chama de "plutocracia": garantir a saúde dá relação dívida/PIB, remodelar a posição do Brasil no sistema político e econômico da multipolaridade internacional e adotar postura mais permissiva à participação estrangeira na exploração do petróleo nacional.

Em contraste com o que foi entendido por muitos como demonstração de força do governo na aprovação de medidas tidas como importantes para o ajuste fiscal proposto, Ciro Gomes enxerga vulnerabilidade. "Ele não tem forte apoio no Congresso. A elite brasileira, o baronato que manda no país é que baseou o impeachment é quem controla, de fora para dentro esses congressistas. Eles deram a Michel Temer tarefas para serem cumpridas. Para elas, há apoio no Congresso. Mas basta rivalizar com qualquer outro tipo de assunto [que se observar a fragilidade do governo]", argumenta.

Agora filiado ao PDT, após uma sucessão de trocas de partidos ao longo de sua trajetória política, Ciro Gomes acredita que o atual presidente não tem respondido da forma correta à primeira e principal missão que lhe teria sido conferida e isso deverá custar seu mandato. Tido como um dos poucos possíveis candidatos da esquerda no próximo pleito presidencial que se dedicam ao debate econômico, o ex-ministro defende a necessidade de se adotar medidas anticíclicas e uma política monetária frouxa para a recuperação da economia nacional e que somente a volta do crescimento provocará um alívio nas receitas e o reequilíbrio fiscal. Preocupado com o nível de endividamento das empresas e o estado de paralisia nacional, ele acusa o atual governo de contribuir para a manutenção do quadro depressivo.

Confira os destaques da entrevista concedida ao InfoMoney na tarde da última quarta-feira (4):

InfoMoney: O senhor defende que não há rombo na Previdência. As estimativas de que o déficit do INSS vai superar os R$ 180 bilhões em 2017 estão erradas?

Ciro Gomes: Todas as vezes em que se reflete sobre um problema complexo no Brasil, os oportunistas a serviço dos interesses prevalecentes acabam reduzindo opiniões que deveriam ser complexas. A grande questão hoje é que, se você tem as receitas destinadas pela lei versus as despesas para a Previdência, não há déficit. Se somarmos CSLL, PIS, Cofins, as contribuições patronais do setor privado e público e as contribuições dos trabalhadores, contra as despesas do presente exercício, temos ainda um pequeno superávit. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de decência e não esteja a serviço da manipulação de informações vê isso. Eles têm a audácia de falar em déficit, porque propõem uma DRU [Desvinculação de Receitas da União], que capta 30% de todas essas receitas e aloca para pagar os serviços da dívida, com a maior taxa de juros do mundo, no momento da pior depressão da história do Brasil.

Dito isso, a Previdência Social tem dois problemas. Um é estrutural, derivado de uma mudança da demografia. Tínhamos seis pessoas ocupadas para cada aposentado quando o sistema foi montado, com expectativa de vida de 60 anos. Hoje, temos 1,7 trabalhador ocupado por aposentado, para expectativa de vida superior a 73 anos. Para resolver estrategicamente a equação de poupança e formação bruta de capital do Brasil, precisamos avançar com prioridade em uma reforma, mas nunca na direção que estão propondo. E aí vem o segundo problema: o futuro ou potencial déficit da previdência brasileira se dá pelas maiores pensões, dos maiores rendimentos, que levam mais da metade das despesas. Juízes, políticos, procuradores precocemente aposentados e com pensões acima de qualquer padrão de controle do país. Isso é uma aberração. A maior punição a um juiz ladrão que vende uma sentença no Brasil é a aposentadoria compulsória com 100% de seus proventos.

IM - E o que fazer para resolver o problema?

CG - O superávit vai sumir em dois ou três anos. Temos que evoluir do regime de repartição [em que as contribuições dos trabalhadores em atividade pagam os benefícios dos aposentados] para o de capitalização [em que cada trabalhador poupa para sua aposentadoria], que é o que todos os países do mundo fazem. E fazer uma espécie de transição, que é o mais complexo mas há como fazer também, de maneira que, ao fim do processo, tenhamos uma previdência básica para 100% da população da transição, e a previdência complementar pública, porém sob controle de coletivos de trabalhadores e com regramentos de governança corporativa, com prêmios para um grupo de executivos recrutados por concurso e com coletivos de apuração dos riscos dos investimentos.

IM - Qual é sua avaliação sobre a fixação de uma idade mínima para aposentadoria?

CG - Sou a favor, desde que se compreenda as diferenças do país. Considero uma aberração estabelecer uma idade mínima igual para um trabalhador engravatado, como eu, e um professor, que, no modo como Temer vê as coisas, precisaria trabalhar ao menos 49 anos para ter aposentadoria integral. A expectativa de vida no semiárido do Nordeste, por exemplo, não chega a 62 anos. Um carvoeiro do interior do Pará também não. É preciso evoluir para um padrão que conheça o País. Há de se estabelecer uma idade mínima, mas não pode ser por um modo autoritário e elitista, ditado pelos setores privilegiados da sociedade.

IM - Há economistas que, assim como o senhor tem feito nessa discussão da reforma da Previdência, questionam os atuais termos do debate. Qual deveria ser a agenda econômica atual na sua avaliação, levando-se em consideração a força do governo e do mercado em conduzir as discussões?

CG - O setor financeiro está produzindo uma crise para si próprio, com a proporção dívida/PIB indo de 75% para 90% no ano que começou. É tão estúpido o modelo feito com [Henrique] Meirelles que agora estão produzindo o próximo ciclo de crise. É uma crise do setor bancário, cujas sementes estão dadas. Já são a maior inadimplência e o maior volume de reserva de crédito para recuperação duvidosa da história, e eles estão querendo compensar os prejuízos com a taxa de juros real, que simplesmente está fazendo despencar a receita pública. Nos estados, já é caricata a situação de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e mais 14 estados por conta desse receituário absolutamente estúpido do ponto de vista técnico.

Temos que inverter essa ideia boba de ganhos de confiança, que vai se deteriorar todo dia muito mais. Confiança depende de números práticos, e o mais relevante deles é proporção dívida/PIB para o setor financeiro, mas para o setor produtivo é emprego, renda. Tudo isso está se deteriorando. O que tem que ser feito é o oposto do que essa gente está fazendo. Em todo momento de depressão econômica, até os mais conservadores sabem, é preciso que o governo aja de forma anticíclica para liberar uma dinâmica de retomada de desenvolvimento. E não é com farra fiscal, porque quem está produzindo desequilíbrio é a queda substantiva da receita. Basta ver que as despesas que estão aumentando são todas de iniciativa do senhor Michel Temer. A saber: reajuste das maiores corporações, a forma descuidada com que negociou a dívida dos estados e municípios.

Enquanto isso, há uma porção de iniciativas semiprontas que eles estão descontinuando. Desencomendaram 17 navios da recém-retomada indústria naval brasileira e desempregaram 50 mil pessoas; descontinuaram as obras da Transnordestina, que tinha 7 mil homens trabalhando; descontinuaram as obras do Rio São Francisco, enquanto o Nordeste brasileiro amarga seu quinto ano de seca. Tem áreas importantes colapsando o abastecimento de água humano. Essa é a realidade do governo.

IM - Qual seria a taxa de juros ideal para a retomada do crescimento, na sua avaliação como crítico à atual política monetária?

CG - Todos os grandes mercados do mundo estão com juros negativos neste momento. Qual é a razão de o Brasil ter os maiores juros reais do planeta? Teoricamente, defende-se juro alto para desconjurar inflação, que é o princípio mobilizante desses enganadores há duas ou três décadas no Brasil. Qual é a inflação de demanda que temos no país? Qual setor de produção brasileiro está com hiato de produto (demanda maior que oferta)? Estamos com a maior capacidade instalada ociosa da história moderna do Brasil.

Quando a taxa de juros foi estabelecida pela Dilma em 14,25%, a inflação estimada era de 11,5%. Portanto, se aceitássemos para argumentar -- o que é uma aberração, porque a inflação que se apresentou derivou-se de preços administrados pelo governo e das consequências da desvalorização do câmbio, ambos fenômenos sobre os quais os juros não têm efeito -- que 14,25% é uma taxa correta para enfrentar inflação anualizada a futuro de 11,5%, hoje a inflação projetada para 12 meses está inferior a 5%. Qual é a explicação para o atual patamar a não ser a boçalidade com que o Banco Central serve o setor financeiro?

IM - Mas seria possível reduzir essa taxa tão rapidamente?

CG - Evidentemente que está interditada a ideia, mas nada justifica que o Brasil não traga a taxa de juros tão rapidamente o quanto possível, para não quebrar expectativas e nem causar prejuízos mais graves a ninguém, e de forma profunda.

IM - O senhor mesmo tem o diagnóstico de que haveria um confronto entre as coalizões, sobretudo no mercado financeiro, no caso de uma queda abrupta na taxa. Como sair disso?

CG - Não estou falando em ser abrupto. Mas acho que o Banco Central tem que acabar com a história de reunir o Copom a 45 dias. Tem que se reunir, reduzir em um ponto [percentual a Selic] agora e anunciar um viés de baixa, que o mercado inteiro entenda. Os bancos mais sóbrios sabem que tenho razão. O Bradesco, por exemplo, sabe que a taxa de juros está causando prejuízo aos bancos. Em São Paulo, ninguém está pagando ninguém. Hoje, o Brasil está proibido de crescer também, porque o passivo das 300 maiores empresas estrangulou. No último trimestre, nenhuma das grandes empresas de capital aberto do Brasil gerou caixa para pagar o trimestre de dívida.

Os bancos privados estão todos saindo da praça e os créditos de recuperação duvidosa estão todos de novo se concentrando no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. Enquanto isso, ninguém abre a boca. Só no calote da Oi, foram R$ 65 bilhões espetados no Banco do Brasil e na Caixa Econômica -- ouça-se: nas costas do povo brasileiro.

IM - Alguns especialistas chamam atenção para a situação de endividamento das empresas e seus efeitos sobre o sistema financeiro. Existe a percepção de um processo de deslavancagem em curso, que pode culminar em transferências de controle de companhias brasileiras a grupos estrangeiros. Qual é o seu entendimento sobre esse processo?

CG - É o passivo externo líquido explodindo. O desequilíbrio das contas externas brasileiras é outro fator que nos proíbe de crescer. Então, tem-se a depressão imposta, com o governo fazendo um processo restritivo, cíclico, as empresas com passivo estrangulado e o passivo externo líquido do país explodindo, inclusive com o governo fazendo desinvestimentos na Petrobras. É um crime, e o jornalismo brasileiro é cúmplice, por regra.

IM - O senhor se diz contrário às privatizações, ao passo que existem aqueles que veem nessa iniciativa a melhor saída, tendo em vista os recentes escândalos de corrupção revelados por operações como a Lava Jato...

CG - A Odebrecht é estatal?

IM - Não.

CG - Então está aí minha resposta.

IM - O senhor é um dos poucos candidatos que se define ideologicamente de esquerda e se dedica a um debate macroeconômico...

CG - O que eu advogo é uma grande aliança de centro-esquerda, que produza um projeto explícito, fora dos adjetivos desmoralizados gravemente pelo próprio PT, que malversou o conceito ‘esquerda’ e virou uma agremiação que cooptou setores organizados da sociedade para praticar uma agenda mista de alguma atenção ao consumismo popular, mas de absoluto conservadorismo nas estratégias de desenvolvimento do país. O que advogo é a coisa prática, que dê condição de novo da sociedade brasileira voltar a produzir e trabalhar.

IM - Quais são os riscos de sua candidatura não acabar vista como representante do eleitorado progressista e tampouco conquistar alguma adesão em um debate de maior controle da direita?

CG - No Brasil, infelizmente estamos olhando de forma rasa sobre problemas complexos. Não vou mudar minha posição, continuarei tentando pedagógica e pacientemente conscientizar o brasileiro sobre essas necessidades estratégicas do país.

IM - As esquerdas no mundo estão tendo um diagnóstico errado sobre o que representa a eleição de Donald Trump (e outros fenômenos globais), ao atribuí-la exclusivamente a um discurso reacionário e xenófobo? O pré-candidato Bernie Sanders, por exemplo, teve chances consideráveis de vencer o pleito e não poderia oferecer leitura mais antagônica.

CG - Acho que esse é um olhar superficial. Evidentemente, estamos com um debate em efervescência no mundo, com o colapso da Europa, a saída do Reino Unido [da União Europeia], vis-à-vis a tensão que a China está produzindo nas novas relações mundiais. Não sei o que Trump vai afirmar, mas ele foi eleito pela negação da perversão neoliberal e do rentismo prevalecendo sobre a produção. É o trabalhador branco, desempregado, do setor industrial americano a substância da base da eleição. Bernie Sanders sistematizou um pouco mais claramente esses valores, mas de forma dialeticamente difícil de ser engolida pelo grande sistema americano.

Mas o debate está fervendo na Europa, e todo mundo percebendo que a solução para o problema é recuperar os mecanismos de coordenação estratégica do governo e por interação com a iniciativa privada. Não é estatismo ao modo velho, muito menos esse liberalismo estúpido que produziu a maior agonia do capitalismo mundial com a crise de 2008, cujos escombros estamos vivendo ainda hoje.

IM - Muitos nomes favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff, pensando em uma retomada da economia, começaram a se ajustar a projeções mais negativas. O país ainda pode evoluir em 2017?

CG - Não vamos evoluir. É claro que você vai assistir o Banco Central correndo um pouco mais rapidamente na direção correta, mas ainda muito mais lentamente do que o necessário, de forma insuficiente para reverter expectativa. O ano de 2017 também já está comprometido.

Em uma palestra em um think tank em Washington, logo na iminência do impeachment, com todos muito animados, eu disse: “vocês estão completamente equivocados em querer colher maracujá em pé de laranja. Dessa coalizão de corruptos, incompetentes e entreguistas, não sai nada senão corrupção, incompetência e entreguismo”.

IM - O ajuste fiscal não seria uma saída?

CG - A única forma de o Brasil sair da profunda crise fiscal em que se encontra é aumentar a receita. Nessas circunstâncias, há duas condições -- o que não quer dizer que não se tenha que impor a eficiência da despesa. Uma delas é, de forma segregada, imediatamente aumentar alguns tributos, como Cide e CPMF. Mas estrategicamente só há um jeito de fazer a receita voltar a crescer: o país assumir a decisão de crescer.
Para isso, é preciso fazer grandes movimentos de conjuntura, como consolidar o passivo do setor privado, descendo a taxa de juros aceleradamente. Mas também proponho que se possibilite a consolidação de passivo com US$ 50 a 70 bilhões extraídos das reservas e alocados em um fundo soberano, que pode ser feito nos BRICS ou em um fundo soberano que o Brasil crie. Seria trocada dívida interna no juro brasileiro por uma dívida externa, com câmbio razoavelmente estabilizado, correndo a taxa de juros negativa no exterior. Você pagaria o hedge e ainda compensaria dramaticamente, também sendo um grande coadjuvante para a retomada do investimento privado e da queda da taxa de juros pela consolidação dos passivos de grandes empresas brasileiras, que tinham plano de investimento quando esses estúpidos começaram a destruir a economia.

IM - Nesse cenário de dificuldades na economia, o senhor vê Michel Temer encerrando o mandato em 2018?

CG - Não consigo ver. A elite brasileira sabe que não dá para esperar tanto tempo e vai cavar o buraco para ele também.

IM - Levando-se em consideração sua experiência parlamentar e como ministro e governador, qual é a avaliação que tem da atual situação de governabilidade de Temer? Um forte apoio congressual, mesmo em meio às fraturas na base, e a contradição com o elevado nível de reprovação popular.

CG - Ele não tem forte apoio no Congresso. A elite brasileira, a plutocracia, o baronato que manda no país e que baseou o impeachment é quem controla, de fora para dentro, esses congressistas. Eles deram a Michel Temer, que é uma pinguela ou um trambolho, tarefas para serem cumpridas. Para elas, há apoio no Congresso. Mas basta rivalizar com qualquer outro tipo de assunto [que se observa a fragilidade do governo]. Por exemplo: a reforma trabalhista não vai acontecer. Pergunte a opinião de Paulinho da Força (SD-SP), que estava junto com ele no impeachment, sobre esse assunto. Outro exemplo é a negociação dos governadores sobre a dívida. Pergunte ao filho do César Maia [Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados] a qual senhor ele serviu quando agiu lá. Então, vivemos de ilusões. Também é tarefa minha pedir ao jornalismo brasileiro que saia desse pacto de estupidez.

IM - O senhor compartilha do entendimento de que houve um golpe contra Dilma Rousseff e que ele não se restringe ao nível doméstico. Qual é o seu desenho da geopolítica do processo?

CG - Basicamente, o impeachment foi provocado ancestralmente pela descontinuação do governo Dilma, em função da distância entre a marketagem de campanha e a prática no início do segundo governo. Isso criou um ambiente que desconstruiu muito precocemente seu laço com o povo brasileiro. Ela fez uma opção de, ao não politizar os problemas estratégicos na campanha, enganar o povo e achar que teria tempo para corrigir. Essa é a causa remota.

A causa que se organizou – fissura, inclusive, pronta nessa contradição de Michel Temer -- tem três interesses bastante práticos:

1) Gerar excedentes fiscais, em ambiente de agonia fiscal, a qualquer preço para proteger a inflexão da proporção dívida/PIB, para o rentismo. Essa é a primeira grande razão e a tarefa de Temer, que tem que cumpri-la e não o está fazendo. O déficit primário vai se aproximar de R$ 200 bilhões, enquanto o nominal, R$ 450 bilhões.

2) O alinhamento internacional do Brasil completamente desmontado. [Apesar de] Contraditória e despolitizada, a presença do país em uma ordem internacional difusamente multipolar teve aproximações sensíveis com Rússia em uma hora de Crimeia, com a China, em uma hora em que a estratégia americana era o Tratado do Transpacífico (que Trump prometeu revogar). Em um momento estratégico como esse, os primeiros centrais princípios da política do império são não permitir uma ordem multipolar que não se renda ao monopólio do poder que ganhou na bala, na Segunda Guerra Mundial, e se sustenta na base do termo de troca (dólar) e na sofisticação tecnológica.

3) A entrega do petróleo. Observe a pressa com que [José] Serra apresentou um projeto para eliminar as restrições de acesso da Petrobras a reservas [do pré-sal], de eliminar o conteúdo nacional e a pressa como estão vendendo subfaturados vários dos investimentos da companhia. Na cara da imprensa brasileira, venderam o campo de Carcará por US% 1,35 o barril de petróleo para uma estatal norueguesa e agora venderam, por US$ 2 bilhões coisa que custou recentemente US$ 9 bilhões, para a empresa francesa Total. Tudo com muita pressa.

As três grandes demandas Temer está tentando entregar. Não vai conseguir a mais grave, e, por isso, vai cair.

IM - Se o senhor se candidatar à Presidência em 2018, como pretende governar com um Congresso tão conservador, fragmentado e empoderado como o atual?

CG - Digo de novo: vou pensar mil vezes em me candidatar. Meu partido vai definir e cumprirei minha obrigação. Mas, se for, irei para fazer história.

O presidencialismo tem mil desvantagens e a mais grave delas é essa lógica de impasses, em que o presidente tem as responsabilidades pela saúde dos negócios de Estado e um Congresso, que não tem, no sentido jurídico do tema, responsabilidade nenhuma, pode diminuir ou aumentar despesas, sem pagar qualquer consequência, enquanto, no Parlamentarismo, isso não acontece.

Mas o presidencialismo também tem sua vantagem, que é a capacidade que o presidente da República tem tido, na tradição brasileira, de se escorar na opinião pública e fazer a construção de uma maioria de forma qualitativa. Fui ministro da Fazenda no governo Itamar Franco. Ele não tinha partido, não tinha maioria orgânica -- o que não é meu caso, que tenho experiência política e tenho um partido, onde as alianças políticas são perfeitamente praticáveis --, mas, ainda assim, conseguiu governar com força política imensa e, cada vez que precisou, apostou no povo, na mobilização da opinião pública, para que os grupos de pressão clandestinos não o esmagassem.

IM - Um entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e uma lei recentemente aprovada pelo Congresso, à revelia do que determina a Constituição Federal, apontam para chances de eleições diretas em caso de queda do governo Michel Temer. O senhor se vê apto a se candidatar se o processo eleitoral se iniciasse amanhã?

CG - Meu partido que vai resolver isso e cumprirei minha responsabilidade. Mas, se for, farei o que deve ser feito pelo País, para voltar para casa com a consciência tranquila. Tenho muita esperança e confiança de que é possível resolver o problema do país, não que seja simples ou fácil, mas é perfeitamente praticável fazer o Brasil retomar seu destino, que não é essa mediocridade corrupta que tomou conta.

Mas estou muito incomodado com esse estado de anarquia que as coisas têm acontecido. A Constituição diz que, se o presidente da República for cassado, o vice assume. Se o vice, por alguma razão, sair antes de dois anos de mandato, há eleições diretas. E, se ele sair depois de dois anos, a eleição é feita indireta pelo Congresso. Eu tenho nojo e pavor da ideia de que isso vá acontecer. Mais nojo e pavor tenho da ideia de se ficar manipulando a Constituição, desses juízes que fazem discursos políticos, porque isso é um estado de baderna e é muito pior do que qualquer outra coisa.

IM - A Operação Lava Jato é um tabu para a esquerda. Enquanto parte apoia, outra foge do debate, e uma terceira parcela critica abusos cometidos e os efeitos gerados para a economia do país e as empresas. Como promover um combate à corrupção sem provocar grandes fissuras na economia? O que o senhor proporia de diferente?

CG: Temos que olhar as coisas complexas com olhares complexos. A Lava Jato é uma coisa essencialmente importante para o Brasil, porque parece dar fim ao histórico de impunidades do baronato da política e do mundo empresarial. Por isso, ela merece todo o apoio e estímulo.

Isto dito, temos também alguns problemas, como o excesso de aplausos e exibicionismos de juízes e procuradores. Isso não é bom, mesmo para a Lava Jato, porque à medida que você extrapola, o risco de suspeições está dado. Várias sentenças que alçaram a segunda instância da Justiça foram anuladas, é só se lembrar da Operação Satiagraha. É isso que está fadado a acontecer se não forçarmos a mão com essa garotada de Curitiba. Eles têm que se lembrar que Justiça é severidade, modéstia e não ficar se exibindo.

Outra coisa gravíssima é que quem comete crime é a pessoa física. No ordenamento jurídico brasileiro, pessoa jurídica não comete crime. Então, as punições têm que ser severas, mas destinadas exclusivamente à pessoa física, que praticou o ato ilícito. O mundo inteiro salva a cara das empresas. A Construção Civil é um dos raros setores em que temos algum protagonismo global, mas eles estão destruindo as empresas. Isso, no entanto, não é culpa dos juízes, mas dos políticos, que não têm coragem de fazer acordo de leniência e não deixam que os juízes cumpram suas tarefas de dar a pena que for necessária para as pessoas. Mas salvar as empresas para que elas atuem é um imperativo de ordem pública no Brasil.