sábado, 13 de agosto de 2016

Austrália questiona pênaltis defendidos por Bárbara: 'Metros fora da linha'


Bárbara defendeu dois pênaltis e foi heroína da vitória do Brasil sobre a Austrália© Getty Bárbara defendeu dois pênaltis e foi heroína da vitória do Brasil sobre a Austrália 

Bárbara foi a grande heroína da vitória nos pênaltis da seleção brasileira sobre a Austrália na noite desta sexta-feira, defendendo duas cobranças após o empate em 0 a 0 no tempo normal. O posicionamento da goleira nos tiros de Katrina Gorry e Alanna Kennedy, porém, foi questionado pelas rivais.

Segundo as australianas, a heroína brasileira, que garantiu a classificação para as semifinais após a estrela Marta ter perdido seu pênalti, se adiantou, principalmente, na primeira defesa.

"Nós estivemos um pouco abaixo, mas certamente no primeiro (pênalti) ela estava jardas fora de sua linha", disse a técnica Alen Stajcic à "Fox Sports Australia". "Achei que, com a nova regra, você deveria receber um cartão amarelo por isso, mas ela não recebeu e burlou a regra o quanto pôde."

"Faz parte do jogo. Permitiram que ela se adiantasse e foi o que ela faz. Você não pode culpar o jogador por ir no limite em uma disputa por pênaltis. As pessoas em casa, provavelmente, viram melhor do que eu, então, provavelmente, estão em melhor posição para julgar do que eu estou", encerrou.

Bárbara virou heroína na quinta cobrança australiana, logo depois de Marta ter errado seu chute e ter deixado as rivais a um gol da classificação. Após a defesa no tiro de Gorry, a goleira do Brasil ainda defendeu o de Kennedy, fechando o placar da disputa em 7 a 6.

Para Bárbara, o erro da melhor jogadora da seleção e eleita cinco vezes consecutiva melhor jogadora de futebol feminino do mundo pela Fifa, aumentou sua responsabilidade. "A Marta não podia ser injustiçada. Ela é extraordinária e não seria correto ela ser julgada por esse episódio. Eu soube extrair forças para evitar essa situação e fui muito feliz naquele momento", disse.

A goleira disse que seu mérito deve ser dividido com o restante do grupo. "As meninas foram perfeitas. Se não fossem os sete gols, nós também não teríamos conseguido", acrescentou.

Os derradeiros argumentos de Dilma contra o impeachment



© Foto: Agência Brasil
 
A presidente afastada Dilma Roussef aposta em um documento de 673 páginas, denominado 'contrariedade ao libelo de acusação', para tentar se livrar do processo de impeachment que enfrenta no Senado.A APOSTA DE DILMA
 
A peça foi entregue ao Senado às 13h37 desta sexta-feira, 12, pelo advogado José Eduardo Cardozo. Faltavam apenas três minutos para terminar o prazo regulamentar da defesa.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, responsável pelo processo no Senado, marcou para 25 de agosto o julgamento da petista."Essa é a nossa última oportunidade de nos manifestarmos por escrito nos autos", declarou Cardozo, segundo texto divulgado no site do Senado. "Um caso que não é usual exige medidas que não são usuais."

O advogado não confirmou se Dilma vai à sessão de julgamento.A defesa apresentou relação de seis testemunhas - Nelson Barbosa, ex-ministro do Planejamento; Esther Dweck, ex-secretária de Orçamento Federal; Gilson Alceu Bittencourt, ex-secretário de Planejamento Estratégico do Ministério do Planejamento; Luiz Cláudio Costa, ex-secretário executivo do Ministério da Educação; Geraldo Prado, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista.

Na reta final, Dilma e PT vivem conflito



 
  © Foto: Agência Brasil
  BRASÍLIA - No auge do distanciamento, a presidente afastada Dilma Rousseff e a cúpula do PT agora se acusam mutuamente, nos bastidores, pela iminente perda de poder, protagonizando um jogo de empurra. Dirigentes e parlamentares do PT temem que, confirmado o impeachment, Dilma tente salvar apenas sua biografia, apontando o dedo para a avalanche de problemas do partido, às vésperas das eleições municipais.

A impressão foi reforçada quando ela disse que o PT precisa assumir seus erros, do ponto de vista ético, e passar por uma “grande transformação”. Fez a declaração seis dias após ter afirmado que não autorizara caixa 2 em sua campanha e que qualquer responsabilidade pelo pagamento de dívidas deveria ser debitada na conta do PT. A partir daí, os desentendimentos ficaram evidentes e há quem suspeite até mesmo que Dilma possa deixar o partido mais adiante.

Quem visitou a ocupante do Palácio da Alvorada depois que o Senado decidiu torná-la ré, na madrugada de quarta-feira, encontrou uma mulher abatida. Dilma assegurou que pretende ir ao Congresso para se defender, no fim do mês. Reiterou, ainda, que apoiará a proposta de plebiscito para antecipar as eleições presidenciais – outro motivo de divergência com o PT – na Carta aos Senadores, a ser divulgada até terça-feira.

Mesmo com a resistência na ponta da língua, porém, a presidente afastada não escondeu a preocupação. Não parecia assim até 15 dias atrás, quando, embora solitária, ainda transmitia a imagem de alguém que havia tirado um “peso” das costas e se encantava com a “alforria” para comer suspiros, mesmo seguindo a dieta Ravenna, que a fez perder 17 quilos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou a senadores do PT que chegou a ficar impressionado com o ânimo de Dilma. Lula disse aos petistas que, numa das visitas feitas a ela, há cerca de um mês e meio, desembarcou tristonho no Alvorada, pensando que tudo aquilo parecia um pesadelo. Ao avistar sua sucessora, porém, teve uma surpresa.

Dilma, fora do Planalto, tinha a expressão desanuviada. “Parecia que o impeachment era meu, não dela”, provocou Lula, segundo relato dos senadores.

Traições. Todos que convivem com a petista, no entanto, afirmam que a ficha dela só “caiu completamente” depois que o Senado decidiu julgá-la. Mais uma vez, ela se decepcionou com traições de antigos aliados e se mostrou inconformada com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Ele esteve quatro vezes com Dilma, fez sugestões para a carta, mas votou a favor da sua deposição.

Em conversas reservadas, ex-ministros do PT argumentam que o próprio partido a abandonou. “Beijaram a mão dela e depois a deixaram na torre”, resume um deles, numa alusão à Torre das Donzelas, no Presídio Tiradentes (SP), onde Dilma ficou encarcerada três anos, na ditadura militar. “O PT dá apoio incondicional à presidente Dilma e continuará na luta contra o golpe”, diz o presidente do PT, Rui Falcão, que classificou de “inviável” a proposta de plebiscito, principal bandeira defendida por ela para pacificar o País.

Apesar das negativas oficiais, dirigentes petistas avaliam, a portas fechadas, que manter Dilma nessas condições seria “sangrar” até a eleição de 2018, um cenário que favoreceria o PSDB, hoje aliado do presidente em exercício Michel Temer. Além disso, observam que a carta a ser lançada por ela, planejada para conter as diretrizes de um “programa da volta”, perdeu o sentido político.

Em reunião com deputados e senadores do PT, na quarta-feira, Lula disse que o partido precisa se preparar para ser oposição, após quase 14 anos à frente do Planalto. Alvo da Lava Jato, o ex-presidente está apreensivo com a debandada de filiados e com as disputas municipais no momento em que o PT enfrenta a maior crise de seus 36 anos, com dois ex-tesoureiros presos.

O acerto de contas será feito em dezembro, quando haverá um encontro extraordinário do partido. “Tanto a presidente como nós reconhecemos os erros, mas precisamos propor saídas e fazer a reforma política”, diz o senador Jorge Viana (PT-AC).

Bumlai, 'trouxa perfeito do PT', diz a Moro que está 'arrependido'




 
© Foto: Gabriela Bilo / Estadão
 
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula e preso desde 24 de novembro de 2015 na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato, se considera o 'trouxa perfeito do PT'. 
 
Em alegações finais - peça decisiva na ação penal em que Bumlai é réu por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira -, apresentada ao juiz Sérgio Moro nesta sexta-feira, 12, a defesa diz que ele 'sabe ter cometido um grave equívoco, que redundou na acusação, tem consciência de seus atos e de muitos deles se arrepende'.Bumlai é protagonista do emblemático empréstimo de R$ 12 milhões que tomou junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004. 

O dinheiro, segundo o próprio pecuarista, foi destinado ao PT, na ocasião em dificuldades de caixa. Segundo a Lava Jato, em troca do empréstimo, o Grupo Schahin foi favorecido por um contrato de US$ 1,6 bilhão sem licitação com a Petrobrás, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000. Lula, que não é acusado nesta ação, teria dado a 'bênção' ao negócio - o que é negado pela defesa do petista."A prova dos autos explica o que de fato aconteceu: o PT precisava de dinheiro para, entre outras providências, quitar dívidas da campanha da prefeitura de Campinas", alega a defesa. "Por sua vez, o Banco Schahin, representado pelo então presidente Sandro Tordin e seus controladores Salim e MIlton Schahin, tinha dinheiro disponível e muito interesse em se aproximar do Governo Federal e do Partido dos Trabalhadores para se beneficiar de novas 'oportunidades de negócios'... 

Nesse contexto, como esclareceu Bumlai, 'o empréstimo já estava totalmente aprovado' e 'só precisava de um trouxa' 'pra assinar e ficar responsável por ele'22. E o 'trouxa' escolhido foi José Carlos Bumlai que, além de ser conhecido de todos os envolvidos, era adimplente23 e amigo do presidente Lula24. Eis o trouxa perfeito!"DOCUMENTO: CARTADA DECISIVA DO AMIGO DE LULA

Ao final do documento de 70 páginas, a defesa pede a Moro que devolva a Bumlai a liberdade."Na contramão do que tem sido comum nos processos envolvendo a Força-Tarefa da Lava-Jato, José Carlos Bumlai não é lobista, não é empreiteiro, não é político e tampouco se beneficiou de contratos milionários com o Governo Federal. Tudo o que tinha a esclarecer, foi esclarecido. Bumlai errou e arrepende-se imensamente. Afinal, cometeu falsidades documentais que possibilitaram a irrigação ilícita de recursos ao Partido dos Trabalhadores, sucedida, posteriormente e à sua total revelia, de uma compensação de favores escusa entre esta agremiação partidária e o Grupo Schahin em negociações com a Petrobrás. Mas, a César o que é de César!"

Enfraquecido por um câncer na bexiga e problemas cardíacos, Bumlai, de 71 anos, há alguns meses foi autorizado pelo juiz Moro a fazer tratamento em casa. Mas, nesta quinta-feira, 11, o juiz da Lava Jato mandou o amigo de Lula voltar para a prisão em regime fechado.Nas alegações finais, os advogados de Bumlai argumentam. "Ainda que a acusação insista em apontar José Carlos Bumlai como grande 'protagonista' dos fatos, o que a instrução comprovou é aquilo que ele mesmo disse em seu interrogatório em Juízo: foi apenas o 'trouxa', o homme de paille, de que o Partido dos Trabalhadores e o Banco Schahin precisavam para simular o empréstimo de R$12 milhões. Nada mais do que isso!"

"Os erros que cometeu são sim condenáveis, mas, diferentemente do que sustenta o Ministério Público Federal, estão longe de configurar qualquer um dos crimes apontados na denúncia", insistem os advogados do pecuarista, um grupo de seis criminalistas - Jacinto Miranda Coutinho, Daniella Meggiolaro, Edward Rocha de Carvalho, Conrado de Almeida Prado, Lyzie de Sousa Andrade Perfi e Fernando Bertolino Storto."Os meses em que esteve na cadeia somados ao tempo em que permanece enfurnado e doente em casa já foram mais que suficientes para castigá-lo pelas falsidades que praticou para tomar e quitar um empréstimo que jamais lhe beneficiou", enfatizam os advogados.

"Arrepende-se, pois sua trajetória de vida até meados de 2004 sempre fora escorreita e ilibada. Arrepende-se, pois, sem nenhuma intenção, acabou envolvendo um grande amigo e parceiro de negócios em uma 'fria'1. Arrepende-se, pois seu filho Maurício, injustamente, também responde a essa ação penal. Arrepende-se, pois não há dificuldade em dizer não e receio de desagradar ao partido político da situação que justifiquem a realização de um empréstimo simulado. A confissão (de Bumlai) foi como um bálsamo em sua vida, pois com ela conseguiu tirar de suas costas um peso que vinha carregando há mais de 10 anos, passando, finalmente, a dormir em paz."A defesa alega incompetência de Moro para o caso, aponta 'a imprestabilidade das provas obtidas por interceptações telefônicas ilegais', a 'ilegalidade da interceptação telemática' e diz que 'é inepta' a denúncia do Ministério Público Federal."

O fetiche em torno de sua figura sempre foi grande, mas a imagem de articulador do Governo Federal e de intermediário de supostos negócios escusos de interesse do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva finalmente desmilinguiu-se, desmantelou-se", segue a defesa. "O que restou dessa ação penal foi a constatação de que as bandalheiras envolvendo a Petrobrás, seus dirigentes e funcionários, partidos políticos e agentes públicos passam ao largo de José Carlos Bumlai.""A amizade entre Bumlai e o ex-chefe do Executivo existe e não tem como ser negada. Mas dela nada mais se extrai, a não ser uma enorme injustiça, que está na iminência de se desfazer."A defesa aponta para um capítulo do caso que envolve o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto - preso na Lava Jato desde abril de 2015. 

"Como o próprio Bumlai admitiu perante esse Juízo, ele cometeu um 'grande erro' ao consentir com as ações arquitetadas pelos representantes das partes interessadas no empréstimo, ou seja, o Banco Schahin e o Partido dos Trabalhadores, concordando em realizar falsamente o mútuo em seu nome. Ao perceber que o empréstimo não seria quitado como prometido, o peticionário, é verdade, procurou o responsável pelas finanças do PT na época para cobrar uma solução, já que a iniciativa de pagar a dívida com a entrega de um bem imóvel havia sido rechaçada pelos credores. Sem entrar no mérito de como isso seria feito, afinal, esse problema não era seu, Bumlai apenas cobrou uma posição do tesoureiro João Vaccari, tendo este lhe dito depois que a quitação viria assim que fossem acertados negócios entre a Petrobrás e o Banco Schahin, cujos interesses eram bem maiores do que receber de volta os 12 milhões emprestados."

"José Carlos Bumlai é um senhor de 71 anos, primário e de bons antecedentes e acometido por uma série de enfermidades recentemente descobertas", ponderam os defensores. "Mesmo assim, em nenhum momento criou óbice ao trâmite do processo ou reiterou as condutas a ele atribuídas, cessadas no longínquo ano de 2009. Ademais, conforme comprovado nos autos, não comandou ou liderou a prática de qualquer crime, tampouco se utilizou do nome do ex-presidente Lula para fins ilícitos."

"Muito embora não tenha assinado nenhum acordo de colaboração premiada, (Bumlai) confessou voluntária e espontaneamente suas condutas, auxiliando efetivamente para o deslinde não só das investigações que redundaram nesta ação penal.""Apesar da irresignação da acusação, a prova dos autos revela que Bumlai não praticou os delitos de corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O único crime que pode ser a ele atribuído é o de falsidade documental, já prescrito, motivo pelo qual sua absolvição é medida de rigor."

A defesa contesta, ainda, o que classifica de desproporcional constrição patrimonial imposta a Bumlai. "Para garantir futura indenização pelos prejuízos supostamente causados pelos delitos apurados nesta ação penal, Bumlai e seus familiares sofreram constrição patrimonial de 23 veículos e 22 imóveis. Não obstante, há nesta ação penal outros corréus que tiveram atuação bem mais intensa que a de José Carlos Bumlai, que lucraram com o crime, que causaram prejuízo à Petrobrás, mas que, estranhamente, não tiveram nenhum de seus bens bloqueados. Esses acusados - exempli gratia os afagados e protegidos donos do Banco Schahin - inclusive, possuem liquidez o bastante para garantir e reparar o dano de forma bem mais rápida e eficiente que Bumlai."Ao pedir a Moro que mande soltar Bumlai, os advogados destacam um ponto que reputam importante. 

"Ele jamais quebrou as condições estabelecidas para a prisão domiciliar, de modo que não há nenhum indicativo de que sua manutenção nesse regime possa colocar em risco a ordem pública ou a aplicação da Lei Penal e, ao mesmo tempo, permitirá que ele possa cuidar dignamente de sua saúde. Por esse motivo, o defendente dirige um apelo a esse Juízo: pede, na remota hipótese de condenação, a possibilidade de responder o processo em liberdade ou, ao menos, a fixação de uma medida cautelar menos gravosa, como o uso da tornozeleira eletrônica em regime domiciliar."

Os advogados anotam que o Ministério Público Federal quer a condenação e a manutenção do encarceramento do amigo de Lula, 'mesmo já tendo passado meses na prisão, mesmo diante de seu debilitado quadro de saúde, mesmo diante de sua postura altamente colaborativa'.A defesa define Bumlai como 'um empresário probo, um benfeitor de grandes projetos sociais, que sempre prezou por ajudar ao próximo e que nunca se beneficiou de um único tostão proveniente do empréstimo tomado em seu nome ou da inescrupulosa empreitada envolvendo a maior estatal brasileira'."O acusado confia no bom senso desse Juízo, que haverá de julgar improcedente todas as pretensões da acusação", concluem os advogados de Bumlai. 

"Assim, aguarda serenamente sua absolvição, seja em razão da atipicidade dos fatos que lhe são imputados, seja em razão da comprovação de que não participou dos crimes que lhe são atribuídos. Mesmo que V. Exa. assim não entenda, a acusação não pode prosperar em razão da ilicitude originária da prova colhida nos autos e das demais nulidades que permeiam o feito."O pedido derradeiro. "Se, por absurdo, sobrevier sua condenação, aguarda-se a fixação das penas no mínimo legal, com a aplicação das atenuantes do artigo 65, incisos I e III, alínea d, do Código Penal e das causas de diminuição de pena previstas no artigo 1º, §5º, da Lei n° 9.613/98 e no artigo 29, § 1°, do Código Penal, com o cumprimento em regime inicial aberto ou semi-aberto."

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Intimados na Lava Jato, Marisa e Fábio Lula dizem à PF que ficarão em silêncio



O ex-presidente Lula e Dona Marisa durante passeio de barco em Fernando de Noronha, em 2008. © Ricardo Stuckert/ PR/Divulgação O ex-presidente Lula e Dona Marisa durante passeio de barco em Fernando de Noronha, em 2008. 
  A ex-primeira-dama Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e um dos filhos do casal Fábio Luís Lula da Silva, informaram à Polícia Federal que pretendem ficar em silêncio. A Federal havia intimado em 4 de agosto Marisa Letícia e Fábio Luis para prestarem "esclarecimentos" sobre a compra e reformas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.

Lula é investigado em três inquéritos principais na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba: um sobre a compra e reforma do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), sobre compra e reforma do tríplex do Edifício Solaris, no Guarujá, e sobre recebimentos do Instituto Lula e da empresa LILS Palestras e Eventos - do ex-presidente.

O OFÍCIO DE MARISA LETÍCIAO OFÍCIO DE FÁBIO LUIS

Dois ofícios da defesa de Marisa Letícia e Fábio Luis foram anexados aos autos da Lava Jato nesta sexta-feira, 12. O documento é subscrito pelos advogados Cristiano Zanin Martins, Roberto Teixeira e José Roberto Batochio. A defesa afirma que Marisa Letícia e Fábio Luís 'não têm nada a acrescentar' em relação ao que já foi dito pelo petista.

Os dois ofícios informam à PF que a mulher e o filho de Lula pretendem 'se valer do direito constitucional de permanecer em silêncio (CF/88, art. 5o, inciso LXIII), razão pela qual se mostra inútil seu deslocamento a Curitiba (PR) ou outro local, com dispêndio de recursos e desperdício do já exíguo tempo das autoridades policiais'. O documento registra que 'mesmo na hipótese' de a Federal querer ouví-los como testemunhas, 'incide no caso concreto a proibição legal estabelecida no artigo 206,do Código de Processo Penal', uma vez que são mulher e filho 'do investigado Luiz Inácio Lula da Silva'.

A defesa afirma ainda que Marisa Letícia e Fábio Luís não são proprietários 'de fato ou de direito do imóvel objeto da investigação' e que não têm 'qualquer ciência ou participação da utilização derecursos de origem não lícita empregados no imóvel objeto de investigação'.

Julgamento final de Dilma no impeachment começa no dia 25 de agosto



Defesa da presidente afastada já foi notificado sobre data. © Foto: Gilvaldo Barbosa/Agência O Globo Defesa da presidente afastada já foi notificado sobre data. Depois de entregar o último documento da defesa, o advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, foi notificado nesta sexta-feira de que o julgamento final do impeachment será dia 25 de agosto, às 9h. Cardozo foi comunicado, mas a própria Dilma receberá a mesma notificação.

Cardozo apresentou a chamada contradita ao libelo acusatório, apresentado na última quarta-feira pelos autores do impeachment, os advogados Miguel Reale Júnior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo. A defesa entregou as contestações faltando apenas três minutos para o prazo final. O documento tem 670 páginas, para contestar um libelo (resumo dos fatos do processo) de apenas nove páginas. Cardozo não disse se Dilma participará ou não do julgamento final, mas petistas defendem que a ela compareça.

Cardozo ainda arrolou seis testemunhas que serão ouvidas no julgamento: o economista e professo Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, a ex-secretária de Orçamento Federal Ester Duek, entre outros.

No documento de 670 páginas, Cardozo pede a absolvição de Dilma e até a nulidade do processo. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do processo de impeachment, o ministro Ricardo Lewandowski, ainda tem que definir as regras do julgamento, se funcionará nos finais de semana ou não. A previsão do Senado é agora de três a quatro dias de julgamento.

AFASTAMENTO DEVE SER DEFINITIVO 

O Senado decidiu na última quarta-feira levar a presidente Dilma ao julgamento final no processo. Foram 59 votos a favor e 21 contrários. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou. O resultado sinaliza que o afastamento deve ser definitivo, uma vez que na fase final são necessários 54 votos entre os 81 senadores.

Na tentativa de evitar sua condenação, Dilma fará uma carta citando a questão do plebiscito sobre novas eleições, segundo senadores do PT. A avaliação é que, apesar do placar de derrota da sessão de quarta-feira, é preciso reforçar o corpo a corpo junto aos senadores.





Moro manda mulher de Eduardo Cunha dizer onde está morando



 
  © Foto: Divulgação
 

O juiz federal Sérgio Moro mandou a mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentar ‘de imediato’ seu novo endereço. Ré em ação penal na Operação Lava Jato, por evasão de divisas e lavagem de mais de US$ 1 milhão, Cláudia Cruz não está sendo encontrada para intimação pessoal.

A mulher de Cunha é acusada de ter evadido dinheiro e lavado US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados pelo ex-presidente da Câmara no esquema de corrupção na Petrobrás. Em despacho na terça-feira, 9, Moro afirmou que foi programada a audiências das testemunhas de acusação do processo para 26 de agosto e que ‘há dificuldades para intimação pessoal da acusada Cláudia Cordeiro Cruz’.

“O endereço disponível nos autos informado pela defesa era o endereço da Presidência da Câmara, não mais ocupada pelo marido da acusada”, afirmou Moro. “Não há outro endereço disponível. A defesa contatada por telefone não prestou objetivamente informações sobre o endereço residencial.”

Após renunciar ao mandato de presidente da Câmara, em 7 de julho, Eduardo Cunha devolveu as chaves da residência oficial em Brasília, em 1.º de agosto. O deputado suspenso vai ocupar um apartamento funcional oferecido pela Casa.

O juiz da Lava Jato afirmou taxativamente que ‘é dever da defesa manter o Juízo informado sobre qualquer mudança de endereço de seu cliente’.

“É evidente que aqui não há um propósito de ocultação, mas apenas a intenção da defesa de ter mais prazo para se manifestar sobre o despacho (que trata da audiência). Não obstante, a recusa além de violar dever processual prejudica o andamento do processo. Assim, intime-se a defesa para apresentar de imediato o endereço atual e onde a acusada Cláuda Cordeiro Cruz pode ser encontrada”, determinou o magistrado.

“Esclareço que isso não afetará o prazo para manifestação. Faça-se a intimação por telefone ou outro meio expedito, já que inviável esperar o prazo do processo eletrônico.”

Esta não é a primeira vez que a Justiça Federal encontra dificuldade para intimar Cláudia Cruz. No fim de junho, após o juiz Moro aceitar a denúncia da Procuradoria da República contra ela, a Justiça tentou por duas vezes achar a mulher de Eduardo Cunha para informá-la que havia se tornado ré no processo.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA PIERPAOLO BOTTINI, DEFENSOR DE CLÁUDIA CRUZ

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende a mulher do deputado Eduardo Cunha, afirmou que ela está à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos. Pierpaolo esclareceu que Cláudia Cruz estava de mudança (da residência oficial da Presidência da Câmara).

“Uma vez instada, a defesa apresentou dois endereços de Cláudia, tanto em Brasília como no Rio”, disse Pierpaolo Bottini. “Mais que isso, ela se deu por intimada, dispensando a necessidade de intimação pessoal no sentido de contribuir com a Justiça e dar celeridade ao procedimento. Claramente, não há nenhum interesse em procrastinar, mas interesse em colaborar com a Justiça.”

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Cunha conta com operação especial para se livrar de cassação



Brasília – Nasce uma nova polêmica nos corredores do Congresso. Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter deixado para setembro a votação do parecer que recomenda a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aumentaram as especulações sobre a existência de um esquema para salvar o parlamentar.

Na quarta-feira (10), Maia acabou com o mistério e marcou a sessão para 12 de setembro. O presidente da Câmara teria feito a escolha em conjunto com o presidente interino, Michel Temer (PMDB). O Palácio do Planalto queria evitar que a votação acontecesse antes do julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

O temor dos palacianos era que Cunha decidisse contaminar o processo. Todos estavam alertas sobre uma retaliação de última hora do deputado contra Temer. Mesmo com as negativas do Planalto, o governo interino estava preocupado que eventuais denúncias de Cunha respingassem em Temer.

O fato de Maia ter escolhido uma segunda-feira para votar o parecer gerou estranheza e desconfiança nos bastidores. Quem conhece as atividades do parlamento sabe que as sessões da Câmara nas segundas-feiras são esvaziadas, com quórum baixíssimo. Para se efetivar a cassação de um parlamentar precisa de no mínimo 257 votos, dos 512. Ausências e abstenções favorecem Cunha.

Indagado por EXAME.com sobre a data da votação, o presidente da Câmara foi categórico ao afirmar que os deputados estarão presentes independente da data. “Mesmo sendo segunda-feira e com a proximidade das eleições, não teremos uma Câmara esvaziada”, garantiu.

Vale lembrar que Maia marcou a sessão com um mês de antecedência para evitar a quebra de quórum. Se a Casa estiver vazia no dia da votação, ele terá como dividir a responsabilidade de uma eventual “salvação” de Cunha com os parlamentares.

Fontes próximas ao parlamentar afastado afirmam “que ele está magoado, mas que convive com a expectativa de ser salvo.”

Por que ficou para 12 de setembro?

A presidência da Casa listou uma série de motivos para a escolha da data. Não será possível votar o caso na próxima semana, porque não haverá atividades na Câmara, em razão do início da campanha eleitoral. Na semana seguinte, será a votação do impeachment no Senado, o que também impossibilita a votação. 
Cunhaestaria contando com ajuda de aliados para se salvar da cassação © Lula Marques/AGPT/Fotos Públicas Cunhaestaria contando com ajuda de aliados para se salvar da cassação 
 
Entre 29 de agosto a 2 de setembro, Maia deve assumir o comando do país interinamente, por causa da viagem do presidente em exercício Michel Temer para a reunião do G-20 na China. Com isso, não poderia presidir a votação; a função seria transferida para o 1º vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).

Na primeira semana de setembro, também não seria possível votar a cassação, por conta do feriado de 7 de setembro, o que diminuiria o quórum. Por essa linha de pensamento, restou, portanto, a semana entre 12 e 16 de setembro. Parlamentares próximos a Maia dizem que ele não escolheria o dia 13, por ser o número que identifica o PT nas urnas eleitorais.

O que pensam os parlamentares?
Aliado de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), destacou que Maia “está priorizando com razão a votação das pautas econômicas”. Para ele, além de emplacar pautas que possam estabelecer um novo fôlego para a economia, o foco do Congresso deve ser a conclusão do afastamento de Dilma. 
“Não há nenhuma articulação para salvá-lo. Quem está vendo isso, enxerga chifre em cabeça de cavalo. Se estão preocupados com quórum, deveriam deixar a votação para depois da eleição mesmo”, pontuou Marun a EXAME.com.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) prometeu nesta quinta-feira (11) apresentar na próxima sessão plenária um requerimento de convocação extraordinária pedindo a antecipação da votação da cassação de Cunha. A estratégia da oposição é tentar constranger os parlamentares, ao classificar como aliado do peemedebista quem votar contra o requerimento.

“Há uma ação de boa parte da base aliada na Câmara e do próprio Planalto para salvar Cunha. Precisamos evitar que a votação seja feita a 19 dias das eleições, pois a sessão será esvaziada”, explicou Molon.

Rede vai apresentar requerimento para antecipar cassação de Cunha


Agência O Globo

Alessandro Molon diz que é ‘inaceitável’ a data de 12 de setembro para votação do processo. © Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados Alessandro Molon diz que é ‘inaceitável’ a data de 12 de setembro para votação do processo. 
 
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), vai apresentar um requerimento de convocação de sessão extraordinária para votação do processo de cassação do deputado afastado e e ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda em agosto, numa reação crítica à decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de jogar só para 12 de setembro essa votação. O objetivo é pressionar para antecipar a votação na Câmara. 

Molon afirmou que o requerimento tem que ser submetido ao plenário, em sessão deliberativa com a presença de pelo menos 257 deputados, e cada deputado terá que se manifestar sobre a questão. Além de convocar a sessão para o dia seguinte ao da apresentação do requerimento, Molon pedirá que a votação seja nominal.
— O nosso objetivo é, na primeira sessão da Câmara convocada para votações, apresentar o requerimento para que a votação do processo aconteça no dia seguinte. A data anunciada por Maia, 12 de setembro, é inaceitável. É uma data que tem tudo para não dar certo, seja pela proximidade das eleições ou por ser uma segunda-feira. Parece que a Câmara não quer cassar Eduardo Cunha — criticou Molon, acrescentando:

— Vamos pedir votação nominal e cada deputado e líder poderá dizer se quer ou não antecipar a votação para que o Brasil saiba quem quer ou não quer cassar Cunha.

Segundo Molon, Cunha será notificado com 24 horas de antecedência e nem poderá dizer que o prazo é muito curto já que ele está anunciando, desde já, a intenção de apresentar esse requerimento. O líder da Rede condenou a decisão tomada por Maia de deixar a votação para 12 de setembro:

— É um erro gravíssimo ele ter cedido à pressão de parte dos líderes da Casa e do Palácio do Planalto. Está preparando terreno para que não haja votação ou, se houver, Cunha não possa ser condenado pelo quórum baixo.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) também condena a decisão de anunciar a votação só para o dia 12 de setembro. Segundo ele, Maia não avisou na reunião de líderes a questão e só divulgou, por meio de sua assessoria, na noite de ontem, quando a Câmara já não tinha mais sessão de votação. Além disso, sem também também tratar disso na reunião com todos os líderes, decidiu cancelar as sessões deliberativas da próxima semana, alegando que é o início das eleições municipais.

— Rodrigo Maia estreia num ambiente da incoerência e da falta de transparência. Não quis tratar da data do Cunha na reunião de líderes, mesmo sendo questionado, anunciou a data na noite de ontem pela assessoria de imprensa e não revelou as justificativas que o levaram a marcar a votação numa segunda-feira, a 19 dias da eleição municipal. É uma jogo sujo para não conseguir quórum e deixar a votação para depois das eleições — disse Alencar.

O deputado do PSOL diz que a decisão é uma contradição com o que vinha justificando Rodrigo Maia para não marcar logo, a preocupação dele com o quórum na votação:

— Por que não explica as reais pressões que sofreu? O medo do Cunha abrir a boca. Vamos ficar até quando com esse cadáver insepulto. Tem muito líder fugindo à responsabilidade, voltando à etapa do cafuné no Cunha.

Rodrigo Maia decidiu não convocar sessões de votação na próxima semana. A próxima sessão deliberativa deve acontecer na segunda-feira, dia 22 de agosto. O argumento para não votar nesta semana foi o de que é a semana da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado e não seria bom misturar as duas votações. 

Regimentalmente Molon pode apresentar o requerimento, mas os técnicos da Secretaria Geral da Mesa afirmam que há outras matérias sobre a Mesa Diretora a serem submetidas a voto, como vários requerimentos de urgência. Ou seja, o presidente não está necessariamente obrigado a colocar em votação esse requerimento específico.

Para Lula, volta de Dilma é ‘remota’



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 10, a deputados e senadores do PT, em Brasília, que o partido precisa se preparar para voltar a ser oposição. Em reunião fechada, Lula avaliou que a chance de a presidente afastada Dilma Rousseff voltar ao cargo é remota, mesmo porque falta a ela uma “ofensiva mais contundente” para reverter o processo de impeachment.
Lula © Fornecido por Estadão Lula 
  “Ele disse que, depois de quase 14 anos, o PT precisa se preparar para ser oposição”, afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias. Segundo o governador, Lula está pensando no futuro do PT e pediu para todos defenderem o legado do partido.

O ex-presidente afirmou ainda que a carta aos senadores, a ser divulgada por Dilma na próxima semana, não resolve o problema. Na avaliação de petistas, a presidente afastada está demorando para divulgar o documento, que, a partir de agora, tende a ter pouco efeito.

“Lula não acha que essa carta seja fundamental. O que é importante é a ação pessoal dela, a conversa com os senadores, a demonstração de compromisso com o Brasil”, disse o deputado Vicente Candido (PT-SP).

Ex-líder do governo Dilma no Senado, Humberto Costa (PE) defendeu durante a reunião que a presidente afastada se aproxime mais dos parlamentares para tentar reverter alguns votos do impeachment. Segundo ele, a bancada do PT tem conversado com um grupo de dez senadores “decisivos” que sinalizaram que podem mudar de voto no julgamento final. Considerando o último resultado, eles precisariam que ao menos sete mudassem de posição.

O encontro foi realizado menos de um dia depois de o Senado decidir dar continuidade ao processo de impeachment de Dilma e transformá-la em ré. De acordo com o presidente nacional do partido, Rui Falcão, o PT fará oposição se Dilma tiver de deixar o cargo. “O PT não vai desaparecer”, declarou o dirigente petista.

Apelo

“Foi um apelo para reagir, não tem terra arrasada”, disse Candido (SP). Segundo o deputado, Lula conclamou os parlamentares a defenderem o partido dos “ataques que vem sofrendo” e da criminalização da legenda. “Ele está muito disposto a sair para a rua. Fez uma avaliação muito positiva do giro que fez recentemente pelo Nordeste”, afirmou. O ex-presidente teria dito que considera possível recuperar a credibilidade da legenda se for apresentado um discurso “honesto” e se os petistas fizerem um “mea-culpa”.

A reunião também foi solicitada por Lula para tentar unificar as bancadas do PT no Senado e na Câmara. Uma das situações que teriam chamado a atenção do ex-presidente para a “desunião” e “dispersão” da legenda foi a votação para a presidência da Câmara, no mês passado, em que o partido não conseguiu manter a característica de centralidade e os parlamentares votaram de maneiras diferentes nos dois turnos. Ele também teria solicitado uma participação mais atuante contra as propostas do presidente em exercício Michel Temer que “colocam em risco as conquistas sociais”.

No encontro da noite desta quarta-feira, que reuniu cerca de 35 parlamentares, também estavam o primeiro-vice-presidente do Senado, Jorge Viana (AC), os deputados Paulo Pimenta (RS) e Arlindo Chinaglia (SP) e os senadores Lindbergh Farias (RJ), Gleisi Hoffmann (PR) e Fátima Bezerra (RN). A reunião durou cerca de duas horas.

Moro determina volta de José Carlos Bumlai para a prisão


Agência O Globo

Após cinco meses em prisão domiciliar, para tratamento de saúde, o pecuarista José Carlos Bumlai vai voltar a cumprir prisão preventiva em Curitiba por determinação do juiz Sérgio Moro. O juiz considerou que a situação processual de Bumlai se agravou com a denúncia de obstrução da Justiça feita pela Procuradoria Geral da República e aceita pela 10ª Vara Federal de Brasília. Nela, o pecuarista é acusado de ter participado junto com o ex-senador Delcídio do Amaral Gomez de um plano para facilitar a fuga do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.

"Além da tipificação, o fato caracteriza interferência indevida nas investigações, um caso clássico de risco à investigação ou à instrução, a autorizar a prisão preventiva", afirmou Moro, acrescentando que o risco à investigação prossegue porque Bumlai é investigado por envolvimento em outros episódios. 

Moro lembra que ele foi delatado por Fernando Falcão Soares, o Baiano, que citou o pecuarista como intermediador de negócios para a Sete Brasil e a Petrobras e que ele está também envolvido nas investigações sobre reformas e benfeitorias no sítio de Atibaia, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bumlai teria se responsabilizado por parte da reforma da propriedade.

Bumlai teve direito à prisão domiliciar para tratamento de um câncer na bexiga e, no período em que passou em casa, também foi submetido a procedimento cardíaco. Moro afirma na decisão que o tumor foi retirado e o tratamento por medicamentos já foi interrompido. O programa de reabilitação cardíaca, segundo o ele, pode ser feito no Complexo Médico Penal de Curitiba, onde ele já estava recolhido antes: "uma hora de exercícios, três vezes por semana, com monitoramento, trata-se igualmente de procedimento pós operatório, sem maior complexidade ou riscos ao acusado".

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Impeachment: por 59 votos a 21; veja como votou cada senador


Agência Brasil

© Foto: Moreira Mariz/Agência Senado
 
Por 59 votos a 21 o plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (10) o relatório do senador Antonio Anastasia que julga procedente a denúncia contra a presidenta afastada Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. Dilma agora vai a julgamento final pelo plenário do Senado.

O resultado da votação foi bastante próximo do esperado pelo governo do presidente interino Michel Temer. Integrantes do governo avaliavam que o governo teria cerca de 60 votos favoráveis pela admissão.

A favor do impeachment: 59 senadores 

Acir Gurgacz (PDT-RO)
Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Alvaro Dias (PV-PR)
Ana Amélia (PP-RS)
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cidinho Santos (PR-MT)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Cristovam Buarque (PPS-DF)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Amorim (PSC-SE)
Eduardo Braga (PMDB-AM)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Fernando Collor (PTC-AL)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC)
Hélio José (PMDB-DF)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
José Agripino (DEM-RN)
José Aníbal (PSDB-SP)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PSD-MT)
Lasier Martins (PDT-RS)
Lúcia Vânia (PSB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Reguffe (sem partido-DF)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Ricardo Franco (DEM-SE)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Romário (PSB-RJ)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zeze Perrella (PTB-MG)

Contra o impeachment: 21 senadores 

Angela Portela (PT-RR)
Armando Monteiro (PTB-PE)
Elmano Férrer (PTB-PI)
Fátima Bezerra (PT-RN)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
João Capiberibe (PSB-AP)
Jorge Viana (PT-AC)
José Pimentel (PT-CE)
Kátia Abreu (PMDB-TO)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Otto Alencar (PSD-BA)
Paulo Paim (PT-RS)
Paulo Rocha (PT-PA)
Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
Regina Sousa (PT-PI)
Roberto Requião (PMDB-PR)
Roberto Muniz (PP-BA)
Telmário Mota (PDT-RR)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Não votou 

Renan Calheiros (PMDB-AL) - presidente do Senado

Impeachment: Senado decide levar Dilma a julgamento


Agência O Globo

© Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
 
O Senado decidiu levar a presidente Dilma Rousseff ao julgamento final no processo de impeachment. Foram 59 votos nessa direção e 21 contrários. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou. O resultado sinaliza que o afastamento deve ser definitivo, uma vez que na fase final são necessários 54 votos entre os 81 senadores.

Os senadores decidem sobre a pronúncia, decisão de levar a julgamento, em cinco votações. Eles já rejeitaram preliminares apresentadas pela defesa e aprovaram que ela irá a julgamento pela edição de um decreto de crédito suplementar que seria incompatível com a meta fiscal. Analisarão ainda em votações separadas outros dois decretos e a acusação de "pedalada fiscal" por atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por despesas do Plano Safra.

Caberá agora aos juristas responsáveis pela acusação preparar o libelo acusatório para o julgamento final. Eles pretendem fazer isso ainda nessa quarta-feira. Com isso, o julgamento poderá, pelos prazos previstos na lei do impeachment, a partir do dia 23 de agosto.

Em seu relatório, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) afirmou que Dilma teria praticado um atentado à Constituição com esses atos e, por isso, merecia ir a julgamento. Ele afirmou que Dilma tinha a obrigação de realizar os pagamentos relativos às pedaladas e que os decretos editados por ela eram incompatíveis com a meta fiscal e foram adotados sem autorização do Congresso.

A defesa, por sua vez, argumenta que não há ato de Dilma nas pedaladas. Sustenta que a decisão sobre os pagamentos não eram de sua alçada e questionam o entendimento de que os atrasos transformariam a relação com o Banco do Brasil em operação de crédito, prática vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Sobre os decretos, sustenta que pareceres técnicos sustentavam a edição e que eles não impactavam na meta porque os créditos só poderiam ser usados de acordo com os limites de contingenciamentos.

O Palácio do Planalto e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atuaram durante todo o dia de ontem para agilizar a votação. O governo orientou os senadores aliados a não “caírem em provocações” dos defensores de Dilma e incentivou desistências de discursos para abreviar a sessão.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandoswki, que assumiu ontem o comando do processo de impeachment, tornou-se um aliado inesperado, ao impor desde cedo celeridade à sessão.

A decisão da acusação de antecipar seus prazos vai impactar a estratégia da defesa. Os advogados da presidente afastada terão somente até sexta-feira para apresentar sua contestação à acusação.

— Até o início da tarde será apresentado. É um resumo, uma síntese da acusação. É mera formalidade — disse ao GLOBO Miguel Reale Jr., negando que tenha recebido qualquer pedido direto do Palácio do Planalto para antecipar a entrega dos documentos.

Dilma pode ficar oito meses fora do Brasil após processo de impeachment, diz jornal



© David Gray / Reuters
 
A presidente afastada Dilma Rousseff pode sair do País depois que o processo de impeachment for votado. Segundo a coluna da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a presidente pretende passar cerca de oito meses no exterior caso o afastamento se concretizar. 

A ideia não é ir muito longe e permanecer na América do Sul, como Chile ou Uruguai, mas Dilma também não descarta visitar países europeus. 

Enquanto Dilma planeja sua viagem, caso seu afastamento seja definitivo, parlamentares do PT vão recorrer à Comissão de Direitos Humanos a Organização dos Estados Americanos (OEA) para tentar barrar o impeachment. 

Também de acordo com Mônica Bergamo, os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) vão assinar uma petição que denuncia "um golpe", uma vez que "a petista não responde a um processo criminal e que não já lei anterior que defina como crime a conduta dela nos casos da pedalada."

O documento, que também deve ser assinado por Dilma, na posição de vítima, alega que a Justiça brasileira "lavou as mãos" sobre o caso. "O STF se calou diante do assunto", diz um parlamentar que participou da elaboração do documento. 

Além da ajuda internacional, a defesa da presidente ainda recorrerá por aqui. José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma afirmou que pedirá a nulidade do processo. 

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira (10), Cardozo questiona uma nova denúncia incluída no parecer final do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). 

"Ele [Anastasia] inclui uma nova acusação, de que a presidente da República não pagou desde 2008 [referente a pagamentos feitos no ano passado ao Banco do Brasil]. É claro que isso é uma alteração do libelo. Uma acusação que trará nulidade a essa decisão de pronúncia hoje se for confirmada", disse antes da conclusão da votação. 

A continuidade do impeachment foi aprovada na madrugada desta quarta pelo plenário do Srnado, por 59 votos a 21. Com isso, a previsão é que o julgamento final de Dilma comece em 25 de agosto. 

Se os senadores decidirem nessa data cassar o mandato dela, o presidente em exercício, Michel Temer, segue no Palácio do Planalto até o fim do mandato, em 2018.