sábado, 5 de dezembro de 2015

Por que os planetas são redondos?


Olhe para todos os lados no Universo. Estrelas, planetas, cometas e etc, tudo tende a ter um formato redondo. Por que isso acontece? Perceba que apesar de tenderem a forma redonda, muitos cometas não possuem este formato, porque lhes falta massa.


O mundo é uma bola. Ou melhor, parece uma. Mas o formato arredondado, não é exclusividade da Terra no sistema Solar. Mercúrio, Marte, Vênus, Júpiter e todos os outros, são redondos, mas não se trata de uma mera coincidecia. Os planetas tem esse formato pela combinação de dois fatores: a força da atração gravitacional e a sua massa. Todos os corpos no espaço se atraem entre si, pela gravidade, que é maior quanto for maior a massa do planeta. Na Terra, é essa força que faz com que fiquemos no chão e que nos dá impressão de que a Terra é plana. Essa força é tão grande no caso dos planetas, que acaba provocando um efeito semelhante, ao que se teria se fosse possível fazer uma pilha com milhares de tijolos. A partir de um determinado momento o peso dos tijolos seria tão grande que esmagaria sobre si mesma. E foi mais ou menos isso que ocorreu quando os planetas se formaram. No ínicio quando a Terra tinha pouca massa, ela era disforme, podia ter qualquer formato, simplesmente uma rocha gigante, assim como os outros planetas. Entretanto a atração gravitacional juntou mais massa no planeta, aumentando seu peso. Com o crescimento, a gravidade de um planeta fica tão forte, que tudo é esmagado em direção ao centro e o material que forma o planeta finalmente se distribui em forma de uma bola, uma vez que essa força puxa tudo para o centro.

Dilma espera ‘confiança’ de Temer e quer manter Padilha


Agência O Globo

RECIFE — A presidente da República, Dilma Rousseff, disse esperar ter a "confiança" do vice Michel Temer para enfrentar o processo de impeachmeant em andamento no Congresso Nacional. Ela afirmou ainda que deseja manter no governo o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), que é ligado a Temer e teve seu pedido de demissão tornado público nesta sexta-feira. Dilma está em Pernambuco, onde teve reunião com autoridades locais para debater um plano de combate ao mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue, a febre chikungunya e o vírus Zika.
— Eu espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará. Ao longo desse tempo, eu desenvolvi a minha relação com ele e conheço o Temer como pessoa, como política e como grande constitucionalista — afirmou Dilma.
Sobre o ministro Padilha, ela destacou por duas vezes ter se esforçado para mantê-lo no cargo durante a reforma ministerial que empreendeu para cortar pastas. Disse que como não conversou com ele, não considera a saída como definitiva.
— Eu me esforcei bastante para manter na reforma ministerial o ministro Padilha no governo. Por quê? Porque achava, e acho ainda, que o ministro Padilha na direção do ministério dos Portos, desculpe, dos Aeroportos — na época chamava secretaria, mas hoje é ministério — acredito que está fazendo um trabalho muito importante. Eu não recebi nenhuma comunicação do ministro Padilha e eu ainda conto com a permanência do ministro Padilha no governo — disse a presidente.
Ela voltou a alfinetar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizendo não ter conta na Suíça e afirmou que não há fundamento para o processo de impeachment. Questionou a afirmação de que teriam havido pedaladas fiscais em 2015 pelo fato de o ano não ter acabado e ressaltou que a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre suas contas de 2014 não é definitiva e, portanto, também não serve como base. Disse ainda que as práticas orçamentárias que embasam a acusação já foram praticadas nos governos Lula e Fernando Henrique.
— Até o meu julgamento pelo TCU eram absolutamente legais as práticas de que me acusam. Não só no meu governo, mas no governo do presidente Lula, no governo antes do presidente Lula, em todos os governos. É importante que a questão seja colocada nos seus devidos termos. Não há base, não procede esse pedido. Ele tem outros fundamentos, que eu lamento, porque coloca em questão a maturidade da democracia — afirmou a presidente.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Polícia Federal investiga desvios de R$ 313 milhões em Mato Grosso

Agência Brasil

Polícia Federal 
© Marcelo Camargo / Arquivo Agência Brasil Polícia Federal A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (4) a décima fase da Operação Ararath para apurar o desvio de cerca de R$ 313 milhões em recursos públicos do governo de Mato Grosso, por meio da utilização de sistema financeiro clandestino. Estão sendo investigados pagamentos, em desacordo com as determinações legais, por parte do governo a empreiteiras e o desvio desses recursos em favor de agentes públicos e empresários.
Foram cumpridos 47 mandados de busca e apreensão e 18 conduções coercitivas nas cidades de Cuiabá (MT), Brasília (DF), Luziânia (GO), São Paulo (SP), Caraguatatuba (SP), Curitiba (PR) e Itapema (SC). Também foi expedida ordem de sequestro de bens e valores de mais de R$ 313 milhões, para reparar os prejuízos causados aos cofres públicos.
Segundo a PF, a análise de documentos apreendidos em fases anteriores da Ararath, em conjunto com outros elementos de prova, mostraram a utilização de medidas de engenharia financeira, praticadas pelos investigados com o objetivo de ocultar o real destino dado a valores de precatórios pagos pelo governo do estado, em nítida violação à ordem cronológica e determinações legais.
Os investigados nesta fase responderão pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro, entre outros.
Também está sendo feita a prisão preventiva de um investigado da Operação Ararath que, no período de 60 dias, violou 92 duas vezes os termos da utilização de monitoramento eletrônico (tornozeleira).
A PF concede entrevista coletiva hoje, às 14h30, sobre a operação, na Superintendência Regional em Mato Grosso.
Editor Graça Adjuto

Quais as chances de Dilma e Cunha se salvarem?


Agência Brasil: Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, tanto Dilma, quanto Cunha estão em situação muito complicada 
© Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, tanto Dilma, quanto Cunha estão em situação muito complicada Após ensaiarem um acordo de salvação mútua, a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estão ambos diante do risco real de perderem seus mandatos.
Depois que o PT não encarou o desgaste público de evitar a abertura de um processo contra o peemedebista no Conselho de Ética da Câmara, ele reagiu e deflagrou o início da análise concreta de um possível impeachment da presidente pelo Congresso.
Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, ambos estão em situação muito complicada – mas a de Cunha é pior que a de Dilma.
Sem desprezar o apoio que o presidente da Câmara ainda conserva entre muitos deputados, os cientistas políticos entrevistados dão como certa a abertura de um processo contra ele na próxima terça-feira, agora que foi abandonado tanto pela oposição quando pelo PT.
Cunha é acusado de ocultar contas na Suíça com depósitos de milhões de dólares provenientes de corrupção, segundo a Operação Lava Jato. Ele já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal, que ainda tomará uma decisão sobre a abertura de um processo penal.
Já Dilma não enfrenta denúncias de corrupção da PGR, mas tem contra ela acusações de irregularidades fiscais em 2014 respaldadas por parecer do Tribunal de Contas da União. Alguns juristas, porém, questionam a validade desse argumento, já que o parecer ainda tem que ser votado no Congresso, podendo ser rejeitado ou aprovado.
Na tentativa de driblar essa controvérsia, os autores do pedido incluíram posteriormente acusações de que as irregularidades fiscais teriam continuado em 2015.
"Entendo que a denúncia oferecida atende aos requisitos mínimos necessários, eis que indicou ao menos seis decretos assinados pela denunciada [Dilma] no exercício financeiro de 2015 em desacordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, portanto, sem autorização do Congresso Nacional", argumentou Cunha, ao aceitar o pedido.
Além disso, há uma discussão jurídica sobre se a presidente reeleita para um novo mandato iniciado em 2015 pode ser cassada por supostas irregularidades praticadas no mandato anterior.

Petrobrás anuncia reajuste do gás de cozinha



A Petrobrás anunciou nesta quinta-feira reajustes no preço do gás de cozinha (o gás liquefeito de petróleo, ou GLP) de uso industrial, informou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás (Sindigas). Segundo a entidade, a partir desta sexta-feira, os preços poderão ficar de 2,5% a 5%, conforme comunicado enviado pela estatal às empresas distribuidoras.
O reajuste vale para embalagens de 45 quilos ou mais, ou seja, não afeta o preço do botijão de 13 quilos, destinado ao uso residencial. Também por isso, o aumento não terá impacto direto na inflação ao consumidor - o IPCA, índice oficial calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), leva em conta para o cálculo o botijão de 13 kg.
Pode haver impactos indiretos na inflação por causa do encarecimento do insumo para as empresas. “O Sindigás esclarece que os preços são livres em todos os elos da cadeia e que o mercado tem autonomia para fixá-los. Portanto, o Sindigás orienta o consumidor a pesquisar o preço final. Em caso de dúvidas, as distribuidoras dispõem de telefones 0800, por meio dos quais orientam seus consumidores”, diz uma nota divulgada ontem pelo sindicato.
Em busca de reforçar seu caixa para vencer as dificuldades financeiras provocadas pelo excesso de dívidas, a Petrobrás já havia anunciado um reajuste no gás de cozinha industrial em setembro. Na ocasião, a estatal informara que o aumento seria de 5% para o consumidor final, mas o Sindigás calculava encarecimento de até 10%.

Aliado de Temer, Eliseu Padilha diz ao PMDB que vai deixar o governo



Eliseu Padilha: O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB) 
© Fornecido por Estadão O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB)
Brasília - Um dos principais aliados do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), disse na manhã desta sexta-feira, 4, a correligionários que vai deixar o governo. 
Segundo relatos, o ministro tentou se reunir com a presidente nesta quinta-feira, 3, mas não teve êxito. A conversa deve ocorrer na próxima segunda-feira, 7. Nesta sexta, Padilha cumpre agenda no Rio Grande do Sul, Estado de origem.
Um posicionamento oficial, por parte dele, deve ocorrer apenas após a conversa com a presidente. A decisão ocorre em meio ao início da discussão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional.

Afastamento. Segundo na linha sucessória da Presidência da República, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) evitou nesta quinta, participar das principais discussões com integrantes da cúpula do governo e de se posicionar publicamente sobre a instauração do processo de impedimento a presidente.
A mesma conduta de Temer tem sido adotada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e lideranças do partido na Casa. Ao ser questionado sobre a abertura do processo, Renan se esquivou e afirmou que não tinha conhecimento do conteúdo da ação. A avaliação inicial das lideranças do PMDB da Casa é de que o momento é de "cautela", uma vez que a questão ainda precisa ter seus desdobramentos na Câmara, onde o processo deverá ser discutido inicialmente. Nos bastidores, a cúpula do PMDB diz que é preciso "descolar" de Cunha neste momento. Mas avalia que não pode ficar alheia a ponto de se distanciar muito de uma solução para o caso. A busca é pela equidistância.

Suposto áudio de conversa que relata barganha assusta o PT



<p>A suposta barganha envolveria a troca dos três votos petistas no Conselho de Ética para livrar Eduardo Cunha do processo.</p>© Fornecido por Notícias ao…
Informações do blog do jornalista Gerson Camarotti dão conta que aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estão divulgando nos corredores da Casa que que o líder do PSC, deputado André Moura (SE), teria gravado a conversa que teve, na última quarta-feira, com o ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.
Até o momento, a notícia não foi confirmada e nem desmentida pelo parlamentar do PSC. No entanto, o boato deixou os deputados petistas preocupados, uma vez que com a gravação o deputado André Moura poderia confirmar que houve uma proposta de barganha política vinda do Palácio do Planalto.
A suposta barganha envolveria a troca dos três votos petistas no Conselho de Ética para livrar Eduardo Cunha do processo e em troca o presidente da Câmara barraria o processo de impeachment contra a presidente Dilma, além de aprovar a CPMF.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

“Cunha vai durar menos tempo que o pedido de impeachment”


Thiago Aragão, cientista político da Arko Advice 
© Fornecido por El País Thiago Aragão, cientista político da Arko Advice
O cientista político Thiago Aragão, da Arko Advice, dizia, semanas atrás, que o Brasil havia chegado a um ponto onde a certeza do disparate supera a expectativa da normalidade. Nesta quarta, o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, deflagrado pelo presidente Eduardo Cunha no mesmo dia em que o Conselho de Ética mostrava rechaço a sua permanência no cargo pelas denúncias de corrupção, parece ser mais um disparate da política brasileira.
Pergunta. Qual a chance do impeachment prosperar e a Dilma cair?
Resposta. A chance ainda está em aberto. Obviamente, a chance de ocorrer se aproxima, pois o primeiro passo foi dado. O que definirá não é possíveis acordos e lealdades dentro da Câmara, mas a pressão das ruas e da imprensa que levará os deputados a tomarem suas decisões. Essas decisões virão das pressões populares e não das alianças frágeis que foram mal formuladas por esse governo.

P. Ela tem margem de manobra?
R. A margem de manobra do Governo sempre é oferecer uma maior participação de alguns grupos na máquina estatal. O problema é quando existe 100% de recursos para 300% de demandas. Um presidente com credibilidade compensa a falta de recursos com carisma, com política. A Dilma não, isso gera um rastro de insatisfação que diminui a margem de manobra dela.
P. O que acontece com a política brasileira agora?
R. A política brasileira se volta para um grande tópico em um momento em que temos vários grandes assuntos para resolver. Muita agenda para poucos líderes. A política fica enclausurada na agenda da crise, sem conseguir avançar o básico e o necessário. O impeachment não deve ser celebrado nem pela oposição. Se chegamos nesse ponto, significa uma fase difícil para todos.
P. Em quanto tempo se define o impeachment?
R. O impeachment levará meses. Provavelmente 6, 7 meses. Existem procedimentos, como a comissão especial e a possibilidade de defesa da Presidente, mas existirão debates políticos intensos que consumirão a agenda. Não é um caminho simples. Ninguém ganhará e, se já perdemos um ano afogados na ineficiência e em múltiplas crises, perderemos mais outro.
P. O que acontece com projetos essenciais para a economia no Congresso?
R. Os projetos essenciais na área da economia andarão. Afetados pelo clima de impeachment mas andarão. Outros, importantes mas sem grande repercussão, serão penalizados e esquecidos temporariamente. Vejo temas de economia no primeiro nível. Há um consenso de sua importância. O resto, infelizmente virará resto.
P. E Cunha? O que acontece com ele?
R. Cunha durará menos tempo que o processo de impeachment. São coisas separadas. Ele pode ter agido por vingança? Pode. Ele pode ter agido com base na tecnicalidade? Pode também. Não importa. Cunha seguirá um caminho paralelo onde as chances de sobreviver se reduzem. Ele não tem mais margem para negociar com o Governo e já fez o que a oposição queria.
P. Na linha sucessória, caso Dilma saia, é o vice-presidente, Michel Temer, quem deve assumir. A Lava Jato pode embaralhar esse processo de sucessão?
R. Sim, é Temer. Não vejo a Lava Jato embaralhando. O caminho do TSE é um caminho longo, cinza e improvável. Caso Dilma realmente se vá, Temer terminará o governo.

Acusados, Del Nero e Ricardo Teixeira podem pegar 20 anos de prisão


Marco Polo Del Nero deixa cargo na Fifa após reunião com dirigentes sul-americanos© Fornecido por Estadão Marco Polo Del Nero deixa cargo na Fifa após reunião com dirigentes sul-americanos
Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira foram acusados nos EUA por corrupção e conspiração nesta quinta-feira, enquanto a Fifa abre investigações contra o presidente da CBF por violações ao código de ética e pode suspender o dirigente do futebol.
O Departamento de Justiça dos EUA apresentou nesta quinta-feira acusações por corrupção contra mais 16 integrantes da FIFA (veja o nome de todos no final da reportagem), entre os quais o atual presidente e o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira. Se condenados, eles estão sujeitos a penas que podem chegar a 20 anos de prisão.
"Del Nero, Marin e Teixeira conspiraram de forma intencional para criar um esquema para fraudar a Fifa e a CBF", afirma o documento de indiciamento do Departamernto de Justiça dos EUA. "Del Nero recebeu propina para a Copa América e para a Copa do Brasil (torneio mata-mata). Ele (Del Nero) ainda pediu, ao lado de Marin e Teixeira, propinas para a Taça Libertadores da América." A Justiça americana indicou que os três dirigentes compartilharam as propinas em diversos outros contratos e "privaram a CBF e seus direitos". Segunda a procuradora-geral Loretta Lynch, procuradora americana, uma das suspeitas se refere ao contrato da CBF com a Nike. Teixeira teria recebido propinas para fechar o acordo. "Todos os que tentarem fugir, eu aviso: vocês não vão escapar", disse. Outras suspeitas apontadas pela Justiça se refere à escolha da Copa de 2010 na África do Sul e à eleição na Fifa, em 2011.
Com as novas denúncias, o número de pessoas denunciadas no processo quase dobra, para um total de 41. O caso teve início em maio, com apresentação das acusações em uma corte do Brooklyn, em Nova York. Até agora, 12 indivíduos e duas empresas de marketing esportivo foram condenados e US$ 100 milhões recuperados pelo governo dos EUA.
Com a acusação confirmada, todos os três cartolas que comandaram a CBF nos últimos 30 anos estão sob suspeita ou serão julgados: José Maria Marin, Del Nero e Teixeira. Questionado se Del Nero poderia continuar na presidência da CBF, o chefe do Comitê de Auditoria da Fifa, Domenico Scala, apontou para um situação insustentável. "Essa é uma questão muito pertinente", disse.
No total, o Departamento de Justiça dos EUA indiciou um grupo de 16 cartolas, a maioria deles da América Latina. Pela manhã, em Zurique, dois vice-presidentes da Fifa, Alfredo Hawit e Juan Napout, foram presos e aguardam extradição aos EUA. A Justiça, porém, também confirma o que a reportagem do Estado havia revelado com exclusividade em 15 de setembro: Del Nero estava sendo investigado pelo FBI.

Agora, ele é acusado formalmente por receber propinas em contratos comerciais envolvendo a CBF. O Estado apurou que o governo americano estava costurando um pedido de cooperação com o Brasil para que Del Nero fosse preso ou pelo menos ouvido pela Justiça.
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, também foi indiciado por corrupção. Ele é suspeito de ter feito parte de um esquema de corrupção em um contrato com a Nike, ainda nos anos 90.
Mas, conforme a reportagem do Estado revelou com exclusividade, uma decisão de uma juiza no Rio de Janeiro suspendeu todo o tipo de cooperação entre americanos e brasileiros envolvendo o escândalo da Fifa. Com isso, o MP brasileiro fica impedido de cumprir qualquer solicitação do FBI relacionado com o caso.
Nos EUA, a apuração sobre Del Nero se debruçava sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic. A Justiça apontava como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. Para o período entre 2015 e 2022, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões pelo torneio, minando a posição privilegiada que Hawilla tinha desde 1989.
Para evitar uma guerra comercial, Hawilla e a Klefer entraram em um entendimento. Mas só neste momento é que a Klefer informou que havia prometido o pagamento de uma propina anual a um cartola da CBF, cujo nome não foi revelado.
Essa mesma propina teria de ser elevada a partir de 2012 quando dois outros membros da CBF entrariam em cena. Um deles é José Maria Marin, preso em Zurique e extradito aos Estados Unidos. O outro, segundo os americanos, seria Del Nero.
Dois documentos revelados ainda no dia 27 de maio pelo Departamento de Justiça dos EUA confirmavam a suspeita. Del Nero negava que ele fosse a pessoa indiretamente apontada nos informes.
Num deles, um empresário "informa Hawilla que o pagamento de proprinas aumentou quando outros dois executivos da CBF – especificiamente o Co-Conspirator #15 e Co-Conspirator #16 - pediram propinas tambem".
O documento explicava que o co-conspirador 15 era membro do alto escalão da CBF e membro da Fifa e da Conmebol – a descrição apenas pode ser preenchida por José Maria Marin. Naquele momento, ele era o presidente da CBF, era membro da Fifa e da Conmebol.
Já o co-conspirador 16 seria membro do alto escalão da Fifa e da CBF. Nesse caso, apenas Del Nero mantinha um cargo na CBF (vice-presidente) e na Fifa (membro do Comitê Executivo).
"Hawilla concordou em pagar metade do custo da propina, que totalizava R$ 2 milhões por ano, para ser dividido entre Co-Conspirator #13, Co-Conspirator #15, e Co-Conspirator #16" , indicou o indiciamento do empresário.
O mesmo caso é contado no documento que serve de base para o indiciamento de José Maria Marin e, neste caso, o nome do ex-presidente da CBF é apresentado. No indiciamento, a Justiça traz até mesmo um diálogo entre Marin e Hawilla, em que o cartola insiste que o dinheiro precisa ir para ele também. A reunião gravada ocorreu nos EUA em abril de 2014.
No documento de maio que cita Marin, Del Nero não é citados nominalmente na acusação. Mas a Justiça explica que um "co-conspirador 12" teria também recebido parte da propina. Esse co-conspirador 12 seria um "alto funcionário da Fifa e da CBF". Um avez mais, apenas Del Nero se enquadra nessa descrição.
CONTAS Para chegar ao atual presidente da CBF, a Justiça americana tem examinado depósitos e pagamentos feitos pela Traffic nos EUA, assim como pela Klefer. Já na motivação para pedir a extradição de José Maria Marin, os americanos apontaram dois depósitos como exemplos de como o sistema financeiro americano estava sendo usado no esquema entre os cartolas da CBF.
Uma das contas, porém, chama a atenção do FBI. Trata-se de uma transferência da Klefer, avaliada em US$ 500 mil no dia 5 de dezembro de 2013 a partir de uma conta no banco Itaú Unibanco de Nova Iorque para o HSBC em Londres, em nome de uma empresa fabricante de iates de luxo. O que a Justiça quer saber é quem teria sido o beneficiado pela compra do iate ou pelo pagamento.
SUSPENSÃO Del Nero ainda passou a sofrer um processo na Fifa, que abriu uma investigação. Se punido, Marco Polo Del Nero poderá ser suspenso do futebol e terá de deixar a CBF.
Com base nas informações enviadas pela CPI do Futebol no Senado, a Fifa abriu um processo investigativo e Del Nero poderá ser suspenso do futebol, o que significa que ele terá de deixar a CBF.
O brasileiro não viaja ao exterior desde maio, quando José Maria Marin foi preso em Zurique. Na semana passada, o cartola obrigou a Conmebol a realizar sua reunião no Rio de Janeiro para que um substituto fosse escolhido para seu lugar no Comitê Executivo da Fifa. O escolhido foi Fernando Sarney.
O Estado apurou que a CPI do Futebol enviou dados sobre Del Nero para o Comitê de Ética da Fifa no dia 11 de novembro deste ano. No pacote foi enviado suspeitas de como Del Nero teria influenciado votos para sua eleição graças a um contrato de patrocínio da Chevrolet com as federações estaduais. Os acordos vigoraram entre 2013 e 2014, período em que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, era vice-presidente da entidade.
O primeiro contrato da Chevrolet ocorreu com a Federação Paulista de Futebol na época em que Del Nero era seu presidente e quando o dirigente passou a ocupar a vice-presidência da CBF, a montadora passou a patrocinar federações estaduais por todo o País. Entre 2013 e 2014, 22 federações tiveram contrato com a empresa.
Mas, neste ano, quando Del Nero assumiu a presidência da CBF – venceu as eleições em 2014 –, a Chevrolet passou a patrocinar apenas na entidade nacional, que rompeu anos de parceria com a Volkswagen.
Um dos contratos com uma federação estadual, obtido pelo Estado, revela o compromisso da montadora de pagar R$ 320 mil em patrocínios para 2013 e outros R$ 320 mil para 2014, num total de R$ 640 mil em dois anos.
O que chama a atenção dos investigadores da CPI é o valor de R$ 40 mil que seria destinado para “ativações e ações promocionais”. No contrato, a empresa confirma que o patrocínio é de R$ 600 mil. O FBI acusou pelo menos 14 executivos da FIFA por lavagem de dinheiro, suborno e formação de quadrilha para extorsão. As investigações continuam. Entenda como funciona o esquemaMas, numa carta-acordo de intermediação de patrocínio, outros R$ 40 mil são adicionados. O documento aponta que o valor deve ser passado para a SG Marketing e Comunicação Ltda., representada por Sergio Luis de Sousa Gomes. O montante coincide com o valor final indicado no contrato principal de patrocínio, elevando o total para R$ 640 mil.
Pela carta, a empresa de veículos explica que o pagamento de R$ 40 mil ocorre “por razões operacionais internas” e ordena que a federação estadual repasse o dinheiro da “seguinte forma”: direito de intermediação comercial e ativação do patrocínio. E indica que a SG Marketing é a detentora exclusiva desses direitos.
Na avaliação da CPI, os valores citados abrem a suspeita de que a inédita cobertura de uma mesma marca em tantas federações pode ter beneficiado Del Nero na eleição para presidente da CBF. Ele obteve 44 dos 47 votos possíveis (votaram as 27 federações, mais os 20 clubes da Série A do Brasileiro). Seu mandato termina em 2019
Outro aspecto destacado pela CPI para a Fifa foram compras de imöveis a preços atípicos e que poderiam apontar para lavagem de dinheiro.

OS 16 INDICIADOS PELA JUSTIÇA DOS EUA Alfredo Hawit (Concacaf presidente) 
 
Ariel Alvarado (ex-presidente da Federação do Panama)
Rafael Callejas (ex-presidente da entidade de Honduras)
Brayan Jimenez (presidente da Federacao da Guatemala)
Rafael Salguero (da Guatemala e membro da Fifa)
Hector Trujillo (secretário-general da Federação da Guatemala)
Reynaldo Vasquez (ex-presidente da Federaçaão de El Salvador)
Juan Angel Napout (presidente da Conmebol)
Manuel Burga (ex- presidente da Federação de Futebol do Peru)
Carlos Chavez (Federação da Bolivia)
Luis Chiriboga (Equador)
Marco Polo del Nero (presidente da CBF) 

Eduardo Deluca (secretário-geral da Conmebol)
Jose Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol)
Romer Osuna (auditor da Federação da Bolivia)
Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF)

Romário comemora acusação contra Del Nero e diz: 'Tombaram como peças de dominó'



Romário vai presidir CPI da CBF© Gazeta Press Romário vai presidir CPI da CBF
Romário sorriu. Na noite desta quinta-feira, depois de expostas as acusações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Marco Polo Del Nero, que também pediu afastamento do cargo de presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e Ricardo Teixeira, o senador emitiu uma nota oficial na qual comenta todo o desenrolar das novidades do Fifa-Gate.
O tetracampeão mundial, apesar de satisfeito com as acusações sobre Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira, disse que ainda 'falta muito a fazer' e garante o prosseguimento forte da CPI do Futebol, instalada no Senado Federal.
"(...) Del Nero era um dos símbolos que remanesceram da era Ricardo Teixeira. Eles tombaram como peças de dominó: Teixeira, Marín e Del Nero. Todos incorreram no mesmo crime, conforme apontaram as investigações do FBI: conspiram de forma intencional para criar um sistema e fraudar a CBF", escreveu o senador.
Romário se tornou um dos maiores críticos do atual sistema que comanda o futebol brasileiro, o Baixinho preside a CPI de investigação sobre a Confederação Brasileira de Futebol.
O camisa 11 da seleção no tetracampeonato pediu a instação da comissão parlamentar de inquérito depois da prisão de José Maria Marin, ocorrida em maio deste ano, na primeira fases de operações do FBI - com colaboração da polícia suíça - contra a corrupção na Fifa.

Confira a nota oficial emitida por Romário:

Tivemos agora há pouco uma grande vitória. Mais um passo para livrarmos nosso amado esporte futebol da corrupção, ainda falta muito a fazer, mas Del Nero era um dos símbolos que remanesceram da era Ricardo Teixeira. Eles tombaram como peças de dominó: Teixeira, Marín e Del Nero. Todos incorreram no mesmo crime, conforme apontaram as investigações do FBI: conspiram de forma intencional para criar um sistema e fraudar a CBF.
Com o pedido de licença de Del Nero, assumiu o presidente da federação capixaba. Caiu dando um golpe, já que o processo natural seria Delfim Peixoto, vice-presidente mais velho, assumir.
É importante que vocês saibam que há duas investigações internacionais em curso: FBI e Comitê de Ética da FIFA. A investigação do FBI deve levar Del Nero à prisão. E a investigação da FIFA, provocada por documentos que enviamos à entidade dia 11 de novembro, devem banir Del Nero do futebol. Este é o ideal e o que os brasileiros esperam depois de tanto malfeito.
Não esquecendo que os trabalhos da CPI do Futebol continuam, especialmente agora. Temos pela frente meses de trabalho que devem apresentar um plano para que o futebol brasileiro saia deste quadro de falência, além de acabar com o sistema criminoso que se instalou na CBF.

Análise: Risco de queda de Dilma agora é real


Menos de um ano depois de assumir seu segundo mandato presidencial, Dilma Rousseff corre o risco real de ser retirada do Palácio do Planalto por conta de um processo de impeachment. A decisão tomada nesta quarta-feira, 2, pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de autorizar o pedido de abertura do impeachment contra ela, fragiliza ainda mais o governo petista já abalado pelo efeito das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e, sobretudo, pela gravíssima crise econômica.
Dilma: A presidente Dilma Rousseff© Fornecido por Estadão A presidente Dilma Rousseff
Com órgãos do governo e aliados envolvidos diretamente com acusações de corrupção, Dilma viu sua popularidade se desmanchar meteoricamente desde a posse em janeiro. Somando isso com o quadro de forte retração na economia, aumento sensível do desemprego e paralisia das ações do governo, o cenário ficou preparado para um desastre político. O que parecia ser uma tempestade perfeita já se transformou numa espécie de apocalipse do governo petista.
Embora negue, Cunha negociou até o último instante com governo e PT uma espécie de troca. Se ajudassem a salvar seu mandato, não aceitaria o pedido de impeachment. Não houve acordo e o presidente da Câmara, que luta desesperadamente para salvar a própria pela, decidiu disparar na direção da presidente.
A consequência imediata do pedido é a paralisia do governo. A partir de agora, Dilma e seus aliados vão se concentrar apenas em captar votos para barrar o impeachment. Com isso, também foi dada a largada para a nova temporada do balcão do toma lá dá cá do Congresso.
Mesmo ainda tendo a caneta na mão, esses votos são uma incógnita. O problema é que o peso da opinião pública é sempre muito relevante nessas discussões. Antiga máxima de Brasília diz que políticos até carregam a alça do caixão de um colega que caiu em desgraça. Mas jamais serão descerão à sepultura com ele. Foi assim com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que, na semana passada, precisou do apoio dos colegas no Senado para ter relaxado seu pedido de prisão pela Lava Jato. Líder do governo, popular e admirado pelos colegas, Delcídio viu até mesmo companheiros de partido votarem contra ele. Com a imensa pressão popular pela manutenção da prisão de Delcídio, a maioria dos senadores não quis correr risco de se desgastar.
Fragilizada politicamente e com baixíssimo apoio popular, Dilma terá agora o grande desafio de amarrar um amplo arco de alianças disposto a apoiar a manutenção do seu mandato. Sem nunca ter tido paciência para negociações desse tipo, precisará mais do que nunca convencer os parlamentares a lhe apoiarem. Afinal de contas, está nas mãos dessa turma o futuro de seu governo.

Lula diz que impeachment é gesto de "insanidade" de Cunha


Agência O Globo

RIO — Dizendo-se "indignado", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira, que a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff foi um gesto de "insanidade" do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estaria colocando interesses pessoais acima dos do país.
— No dia em que a presidente Dilma consegue aprovar as novas bases para o Orçamento de 2015, recebe um gesto de insanidade, que é o pedido de impeachment — afirmou Lula, após reunião de meia-hora com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Para Lula, o risco é que a crise política aprofunde a crise econômica:
— A presidente fazendo um esforço incomensurável para aprovar o ajuste (fiscal), recuperar a economia, mas o presidente da Câmara me parece que tomou a decisão de não se preocupar com o Brasil.
O ex-presidente afirmou que é preciso votar o mais rápido possível o processo de impeachment:
— Não podemos permitir que essa loucura do Eduardo Cunha tenha prosseguimento, tem que resolver isso logo. Se deixar passar Natal, ano novo, quem vai querer investir no país?
Lula foi consultado e concordou com a decisão do PT de partir para o enfrentamento com Cunha, o que deflagrou o processo de impeachment. O temor era que o presidente da Câmara aceitasse o pedido de afastamento de Dilma mesmo que fosse salvo pelos petistas no Conselho de Ética.
Em reunião do diretório nacional do PT, no final de outubro, Lula havia afirmado que a prioridade do partido tinha que ser aprovar as medidas de interesse do governo na Câmara, e não "derrubar" Cunha. Nesta quinta-feira, ele afirmou que não mudou de posição:
— Minha ideia era que tinha que priorizar as reformas (econômicas) que a Dilma precisava. Se a economia não voltar a crescer, em casa que não tem pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.
O ex-presidente acusou o PSDB de promover um terceiro turno da eleição ao apoiar o pedido de impeachment e de apostar "no quanto pior melhor". Lula pediu a Pezão que lidere um pacto de governadores contra o impeachment. Na manhã desta quinta, Pezão conversou com Dilma por telefone, manifestou solidariedade a ela e disse que falaria com outros governadores.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O passo a passo do processo de impeachment contra Dilma



Dilma Rousseff condecora Eduardo Cunha durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército© Roberto Stuckert Filho/PR Dilma Rousseff condecora Eduardo Cunha durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército São Paulo – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), acaba de acatar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Trata-se do documento protocolado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal que incluía como causa as pedaladas fiscais já em 2015.
A decisão já era esperada desde que a bancada petista sinalizou que votaria contra Cunha em seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara. O presidente se defende de quebra de decoro durante a CPI da Petrobras, onde afirmou não ter contas secretas na Suíça.
No processo de impeachment, esse é o segundo de cinco passos básicos para a instauração do processo de cassação de um presidente da República. Veja abaixo o que acontece em seguida.

1) O crime: Um pedido de impeachment pode ser protocolado por qualquer cidadão, mas, para isso, é necessária a caracterização de um crime por parte do presidente que tenha relação com seu mandato vigente. No caso de Dilma Rousseff, as “pedaladas fiscais” em 2015 foram usadas como justificativa de Eduardo Cunha para acatar o pedido, consideradas “crime de responsabilidade fiscal”. São oito possíveis e as pedaladas, segundo o pedido, infringiriam os itens V e VI. Veja abaixo:
Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra:
I - A existência da União:
II - O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados;
III - O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais:
IV - A segurança interna do país:
V - A probidade na administração;
VI - A lei orçamentária;
VII - A guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;
VIII - O cumprimento das decisões judiciárias (Constituição, artigo 89).

2) A admissão: Esta é a fase atual. Com os pedidos em mãos, o presidente da Câmara pede análises técnicas e decide se arquiva ou acata o pedido. Este ano, foram 34 pedidos arquivados esse ano, um recorde. Para Cunha, o único que cumpriu os requisitos mínimos foi o dos três juristas.

3) O procedimento: Agora, o requerimento passa por análise de uma comissão composta por parlamentares de todas as bancadas da Câmara. Abre-se um prazo de 10 dias para que a comissão decida por um parecer favorável ou contrário à continuidade do processo. Daí em diante, serão 20 dias para defesa da presidente. Com o relatório pronto, o presidente da Câmara coloca a matéria em votação no plenário da Câmara. Se aceito por ao menos 342 deputados , ou seja, dois terços ou mais dos 513, um julgamento comandado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, no Senado. Dilma ficaria automaticamente afastada por seis meses esperando o resultado.

4) A decisão: No Senado, será feito um julgamento comum, cuja decisão será proferida pelos Senadores. Para um impeachment, é preciso novamente dos votos de dois terços da casa, neste caso 54 dos 81 senadores. Além de perder o mandato, Dilma pode ficar inelegível por até 5 anos, decisão que cabe também ao Senado. Caso a presidente seja absolvida, volta imediatamente ao cargo.

5) O próximo passo: Como o processo de impeachment aceito por Cunha não inclui o vice-presidente, em caso de cassação do mandato de Dilma, quem assume é Michel Temer (PMDB). Não fosse assim e o vice caísse junto, seria o presidente da Câmara que assumiria o cargo interinamente. Neste caso hipotético, por se tratar dos dois primeiros anos do mandato, o Congresso convocaria novas eleições em 90 dias. Na segunda metade do mandato, o Congresso seria o responsável por escolher o novo presidente em 30 dias.

Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma Rousseff



Eduardo Cunha anuncia que acatou pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff 
© Fornecido por Estadão Eduardo Cunha anuncia que acatou pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) feito pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal. O peemedebista disse a aceitação do pedido tem "natureza técnica" e que não havia como postergar mais a decisão sobre a questão. "Não ficaria com isso na gaveta sem decidir", afirmou, ressaltando que "nunca na história de um mandato" houve tantos pedidos para afastamento do presidente.
Cunha afirmou que o pedido seguirá "processo normal", dando amplo direito ao contraditório ao governo, e negou indiretamente uma atitude de revanche em relação ao governo. "Minha posição será a mais isenta possível, sem nenhum espírito de torcida", afirmou.
A decisão de Cunha foi tomada horas depois de o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), anunciar que os três integrantes do partido no Conselho de Ética votarão, em sessão marcada para a próxima terça-feira, 8, pela admissibilidade do pedido de cassação de mandato de Cunha apresentado pelo PSol.
"Não tenho nenhuma felicidade de praticar esse ato", disse. "Decisão é de muita reflexão e de muita dificuldade". O presidente da Câmara afirmou que o País passa por muitas crises e que é preciso que a possibilidade de afastamento da presidente seja uma questão enfrentada.No início da coletiva de imprensa, Cunha afirmou que refutou pedidos baseados em acusações sobre mandatos anteriores ao atual e disse que entendeu como constrangimento acusações, divulgadas pela imprensa na segunda-feira, 20, de que teria recebido dinheiro do BTG em troca de aprovação de medida provisória que favoreceu o banco.
O pedido de impeachment cita as “pedaladas fiscais” pelo governo em 2014, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que rejeitou as contas da gestão Dilma no ano passado, e a continuidade dessa prática contábil em 2015 .
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a decisão de Cunha de aceitar pedido de impeachment "foi uma atitude revanchista". O deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirma que "Cunha, associado a partidos de oposição, quer dar o golpe".

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Economia encolhe 1,7% e tem o 3º trimestre consecutivo de queda



PIB investimentos ferrovia: Os investimentos despencaram 15% em relação a 2014, a maior queda da série histórica 
© Fornecido por Estadão Os investimentos despencaram 15% em relação a 2014, a maior queda da série histórica
A economia brasileira encolheu 1,7% entre julho e setembro, na terceira queda consecutiva ante o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) foi ainda maior: 4,5%. As quedas foram generalizadas, sinalizando que a recessão econômica se aprofundou no País.
Além disso, os números do primeiro e do segundo trimestres foram revisados ainda mais para baixo. De janeiro a março, a queda ante o mesmo período de 2014 era de 1,6% e passou para 2%. Já de abril a junho, o recuo havia sido de 2,6%, na mesma base de comparação, e agora foi calculado em 3%.
Os investimentos, chamados de Formação Bruta de Capital Fixo, tiveram o nono trimestre consecutivo de recuo ante o período anterior (-4%) e despencaram 15% na comparação com 2014 - a maior queda da série histórica, iniciada em 1996.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital, além do desempenho negativo da construção civil. As importações encolheram 20% entre e julho e setembro ante 2014, também a maior queda da série histórica.
Já a atividade de serviços, que tem um grande peso no cálculo do PIB, caiu 1% ante o segundo trimestre e 2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar do câmbio mais favorável, a indústria também encolheu: 1,3% ante o período anterior e 6,7% em relação a 2014. A agropecuária, que era a esperança de um desempenho melhor entre julho e setembro, também recuou: 2,4% e 2%, nas mesmas bases de comparação.
Influenciado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda, o consumo das famílias recuou pelo terceiro trimestre seguido em ambas as comparações. Ante o trimestre anterior, a queda foi de 1,5%. Já na comparação com 2014, -4,5%.
O consumo do governo foi o único item que apresentou alta ante o trimestre anterior: 0,3%. Na comparação com 2014, no entanto, houve queda de 0,4%.

Defesa de Delcídio descarta delação premiada, diz assessor


Agência Brasil

Brasília - O advogado Maurício Silva Leite, defensor de Delcídio do Amaral, fala sobre a prisão e o depoimento do senador na Superintendência da Polícia Federal (Valter Campanato/Agência Brasil) 
© Valter Campanato/Agência Brasil Brasília - O advogado Maurício Silva Leite, defensor de Delcídio do Amaral, fala sobre a prisão e o depoimento do senador na Superintendência da Polícia Federal (Valter Campanato/Agência Brasil)
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) não pretende fazer acordo de delação premiada, de acordo com Eduardo Marzagão, assessor do parlamentar. Delcídio foi preso semana passada numa das fases da Operação Lava Jato.
“Ninguém, em segundo nenhum; nem advogado, nem familiar; ninguém nunca cogitou ou propôs a ele que fizesse delação premiada”, afirmou Marzagão, tendo por base conversas com os advogados de defesa e com parentes do senador.
Os advogados de defesa pretendem apresentar ainda esta semana um “pedido de relaxamento” da prisão, sob a justificativa de que o senador em nenhum momento tentou obstruir as investigações que estão sendo feitas em decorrência da Operação Lava Jato. Marzagão disse ainda que isso deve ser feito após o segundo depoimento do senador às autoridades, previsto para os próximos dias.
Na sexta-feira (27), Delcídio recebeu a visita da esposa, Maika do Amaral Gomez. Está prevista uma nova visita dela ainda esta semana. De acordo com o assessor, Delcídio tem sido “super bem tratado” na Superintendência da Polícia Federal, onde está preso desde o dia 25, após ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Leitura

O senador tem dedicado parte do seu tempo à leitura. Atualmente está lendo o livro Brasil: Uma Biografia, de Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling. Nos primeiros dias leu o livro A Origem do Estado Islâmico, do jornalista irlandês Patrick Cockburn. Os dois livros foram presenteados por Marzagão.
Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, Delcídio ofereceu R$ 50 mil mensais à família do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró para evitar a citação do nome do parlamentar nas investigações. Delcídio teria oferecido também ajuda política no Poder Judiciário em favor de Cerveró para que o ex-diretor não fizesse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

Cunha vincula impeachment a voto de petistas



Peemedebista ameaça com retaliação, governo pressiona e deputados rediscutem o apoio à cassação do presidente da Câmara no Conselho de Ética.© Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República Peemedebista ameaça com retaliação, governo pressiona e deputados rediscutem o apoio à cassação do presidente da Câmara no Conselho de Ética. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu indicações ao Planalto de que, se os três petistas que integram o Conselho de Ética da Casa votarem pela abertura do processo por quebra de decoro, ele vai retaliar e dar prosseguimento a pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Diante disso, o governo intensificou a pressão sobre os petistas, apesar de, oficialmente, alegar que não irá interferir nos votos dos deputados.
Nesta terça-feira, 1.º, o Conselho de Ética se reúne para decidir se instaura ou não o processo contra Cunha. Os deputados petistas Valmir Prascidelli (SP), Zé Geraldo (PA) e Léo de Brito (AC), representantes do partido no colegiado, têm alegado ao Planalto que enfrentam dificuldades em suas bases para votar a favor do peemedebista. Mas vão rediscutir o posicionamento pela manhã, antes da sessão.
Se os petistas atenderem ao pedido de Cunha, ele já informou a interlocutores da presidente que segura o impeachment. “Está nas mãos deles. Tudo depende do comportamento do PT”, teria dito Cunha, segundo interlocutores da presidente.
Aliados do presidente da Câmara dizem que ele tem garantidos até agora nove dos 11 votos de que precisa no Conselho de Ética. Os três votos do PT são, portanto, considerados fundamentais para ele se livrar do processo de cassação.
Após ter seu nome envolvido em mais um esquema de suposto recebimento de propina, Cunha decidiu nesta segunda-feira, 30, prorrogar duas CPIs que constrangem o governo, a do BNDES e a dos Fundos de Pensão. Cunha disse a aliados que definirá nesta terça-feira o prazo para prorrogação das comissões.

‘Conspiração’

O peemedebista almoçou nesta terça-feira com o presidente em exercício, Michel Temer, no Palácio do Jaburu. Mais uma vez, se queixou do que classifica como uma “armação” do Planalto e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele. O presidente da Câmara se referia a papéis recolhidos pelos investigadores da Procuradoria-Geral da República que apontariam suposto pagamento de R$ 45 milhões em propina ao deputado, para alterar uma medida provisória que beneficiaria o banco BTG Pactual, de André Esteves. O banqueiro foi preso na quarta-feira passada por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato.
Cunha, que nega ter recebido vantagens indevidas, disse que suas emendas foram contrárias aos interesses do banco e apresentou a Temer, durante o almoço, os documentos em sua defesa. Ele chamou essa nova denúncia contra ele de “conspiração”, que teria o “dedo do governo” e, nesse caso, considera que, além de Janot, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teria responsabilidades no episódio.
De acordo com o material colhido pelos investigadores da Lava Jato, depois que “tudo deu certo”, Cunha e o banqueiro, entre outros, participaram de um jantar de comemoração. O objetivo descrito no texto da MP era enquadrar as instituições em regras internacionais mais rígidas e prepará-las para enfrentar a crise econômica de 2008. / COLABOROU DAIENE CARDOSO