sábado, 5 de março de 2016

Saída de Dilma poderia antecipar retomada do crescimento


Uma ruptura do governo que leve à saída de Dilma Rousseff da presidência pode antecipar para 2017, segundo analistas, a retomada da economia, prevista para ter início em 2018. Para isso, porém, seria necessário que o novo governo constituído tivesse uma base sólida no Congresso de modo a viabilizar as reformas estruturais necessárias ao País.
Economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ponderam, no entanto, que, antes dessa retomada, uma troca no comando do Executivo pode até aprofundar a recessão da economia brasileira em 2016, por causa do aumento das incertezas no curto prazo e o consequente adiamento dos investimentos.
Em suas projeções, economistas já consideram a melhora da economia em 2017 com a saída de Dilma
Dilma: Em suas projeções, economistas já consideram a melhora da economia em 2017 com a saída de Dilma © Fornecido por Estadão Em suas projeções, economistas já consideram a melhora da economia em 2017 com a saída de Dilma O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, prevê queda de 4,5% do PIB este ano e expansão de 1,0% em 2017, já considerando alguma solução para o impasse político. Segundo ele, isso levaria a uma diminuição da volatilidade nos mercados financeiros e, posteriormente, estabilização da atividade econômica, abrindo caminho para uma eventual recuperação. “No quadro atual, é difícil ter um horizonte para investimento. Seja qual for a solução para o impasse político, haverá uma melhora”, disse.
Com um cenário similar, o economista da Bozano Investimentos Samuel Kinoshita também projeta expansão de 1% do PIB em 2017. Para ele, se a saída de Dilma for rápida e um eventual novo governo tiver um programa econômico bom, pode até haver uma certa euforia com a volta dos investimentos de maneira relativamente rápida. Ele destaca que não foi só a Petrobrás e as empreiteiras que cortaram investimentos, uma vez que a queda na confiança afetou a todos. “É lógico que levaria algum tempo para empresas e famílias concluírem seus processos de desalavancagem, mas as expectativas melhorariam bastante.”
Ainda não se tem evidência de que um eventual sucessor de Dilma teria o apoio necessário para levar as reformas à frente. Até porque, se a presidente cair mesmo, o PT, que tem a segunda maior bancada da Câmara, vai ser oposição. Dessa forma, seria necessário um novo governante com um plano crível para conseguir retomar primeiro a confiança e, posteriormente, os investimentos, segundo Bruno Rovai, economista do banco Barclays em Nova York.
Reformas. Hoje, a maior parte dos especialistas acredita que o governo Dilma, com todas as incertezas que o rondam, não tem condições de aprovar reformas estruturais e ajustes necessários para viabilizar a economia no médio prazo. “Numa situação tão ruim como essa, até uma operação arriscada, como uma mudança de governo, pode ser boa”, disse Tiago Berriel, responsável por análise econômica da Pacífico Gestão de Recursos. Para ele, se houver uma mudança e a nova administração tiver uma agenda de reforma e ajustes, um crescimento de 2% já em 2017 não é impossível.
No curto prazo, no entanto, o cenário pode ser de deterioração adicional, segundo Juan Jensen, economista da 4E Consultoria. Atualmente, ele espera uma queda de 3,4% no PIB em 2016. Se houver alguma revisão para este ano por causa do processo político, será para pior, porque o impasse não será resolvido rapidamente, disse. Jensen observa que um processo de impeachment pode durar seis meses e um processo de cassação da chapa presidencial pode se arrastar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por um ano e meio.

Imagem internacional do Brasil nunca esteve pior', diz brasilianista


Foto: Lucas Bertolo: Para o historiador britânico o momento no Brasil é um dos piores desde o suicídio de Getúlio Vargas (Foto: Lucas Bertolo)  
© Copyright British Broadcasting Corporation Para o historiador britânico o momento no Brasil é um dos piores desde o suicídio de Getúlio Vargas (Foto: Lucas Bertolo) No dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diretamente atingido pela operação Lava Jato, o historiador britânico e brasilianista Kenneth Maxwell disse que "a imagem internacional do Brasil nunca esteve pior".
A operação da Polícia Federal na casa do petista marca, segundo ele, a fase mais séria da Lava Jato. E acontece um dia depois de o escândalo se aproximar do "coração do governo" - com a suposta menção a Lula e à presidente Dilma Rousseff no acordo de delação do senador Delcídio Amaral e a divulgação dos resultados econômicos que mostraram a "pior crise econômica em meio século".
Mas não é só isso: há ainda a epidemia de zika, o envolvimento de brasileiros nos escândalos da Fifa e problemas nos locais de competição dos Jogos Olímpicos do Rio, por exemplo.
"A imagem do Brasil tende a ir da euforia para premonições de desastre", afirma Maxwell, fundador do programa de estudos brasileiros da Universidade Harvard.
"É a crise mais séria do Brasil desde o suicídio de Getúlio Vargas na metade dos anos 1950, e que levou a um impasse responsável posteriormente por quase duas décadas de governo militar".
AFP: Reputação de Lula sofreu duro golpe, na opinião do brasilianista © Copyright British Broadcasting Corporation Reputação de Lula sofreu duro golpe, na opinião do brasilianista Veja abaixo os principais trechos da entrevista, concedida à BBC Brasil via e-mail.

BBC Brasil - Na quinta-feira, o Brasil anunciou o pior resultado econômico em pelo menos 20 anos, o senador Delcídio Amaral (PT) implicou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff na negociação de sua delação premiada; um dia depois, a Polícia Federal realizou uma grande operação na casa de Lula. Como o senhor vê isso?

Kenneth Maxwell - É de fato a "tempestade perfeita". A busca feita pela Polícia Federal na casa de Lula, assim como no Instituto Lula, marca a fase mais séria até agora da Operação Lava Jato, que investiga os múltiplos tentáculos políticos e econômicos do gigantesco escândalo de subornos e propinas da Petrobras.
O acordo de delação do antigo líder do PT no Senado, Delcídio Amaral, aparentemente ligou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma diretamente a um esquema para desacreditar e prejudicar a investigação de Moro. Se isso for verdade - até agora as evidências estão em informações vazadas à imprensa - o escândalo atinge o coração do governo. Isso fortalece os pedidos pelo impeachment de Dilma. Mas além de outras coisas, Dilma é certamente muito teimosa, e ela não vai desistir facilmente.
E as alternativas constitucionais também são impalatáveis. Há tentativas de retirar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de corrupção e o terceiro na linha de sucessão de Dilma (depois do vice-presidente) se ela sair do poder, mas ele é um mestre do obstrucionismo processual e também não vai desistir fácil. E o maior partido da oposição, o PSDB, que perdeu as últimas eleições, também tem muitos esqueletos no armário. É um impasse trágico.
AP: Para brasilianista a operação da polícia da casa de Lula marca a 'fase mais séria da Lava Jato' © Copyright British Broadcasting Corporation Para brasilianista a operação da polícia da casa de Lula marca a 'fase mais séria da Lava Jato'
 
BBC Brasil - Que consequências isso pode ter para a situação política e econômica do Brasil?

Kenneth Maxwell - Não são boas. O Brasil vive sua pior crise econômica em meio século. E o ambiente internacional tampouco tem ajudado, ante o colapso do preço do barril do petróleo que agravou muito os problemas da Petrobras, e a redução de ritmo da economia chinesa, maior parceira comercial do Brasil.
O problema não é que o Brasil não tenha muitos indivíduos excelentes, tanto no setor privado como no público, mas é o modelo de intervenção excessiva do Estado e a relação promíscua entre o governo e as grandes construtoras, e entre estas e as corporações estatais - e, possivelmente também os bancos estatais - que ofereceu um pote de mel para os políticos, todos prontos para obter vantagens pessoais e políticas.
O PT não inventou a corrupção no Brasil, mas obviamente foi corrompido pelo exercício do poder. É difícil ver um resultado favorável no curto prazo. Mas o fato que deverá ser esquecido é que os governos do PT trouxeram melhorias reais nas condições de vida dos muito pobres no Brasil.
O antagonismo em relação ao PT é intenso há anos entre os brasileiros ricos, specialmente no sul e centro do país. Existem antagonismos profundos - regional, racial e de classe - envolvidos. E o risco de piorarem com a crise econômica e a paralisia política persiste.

BBC Brasil - E a imagem internacional do país?

Kenneth Maxwell - A imagem internacional do Brasil não poderia ser pior. A crise também envolve a disseminação rápida do vírus zika e a crise na saúde pública. Há ainda caso na Corte Federal de Nova York envolvendo a Petrobras, o envolvimento profundo dos brasileiros nos escândalos da Fifa e a investigação destes escândalos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e do FBI.
Também há os problemas com a finalização das obras dos Jogos Olímpicos em agosto no Rio de Janeiro, a poluição crônica da Baía de Guanabara. A falta de saúde pública e a falta de confiança no governo.
A imagem do Brasil tende a ir da euforia às previsões de desastre. Na realidade ,nunca é tão boa ou tão ruim, e o Brasil é um país vasto onde algumas coisas funcionam bem e onde há uma esperança permanente no futuro. Mas atualmente é muito difícil encontrar algo positivo em meio ao tsunami de notícias ruins.
Reuters: Brasilianista cita a crise gerada pela disseminação do vírus zika e os problemas nas obras olímpicas pioram ainda mais a situação do país © Copyright British Broadcasting Corporation Brasilianista cita a crise gerada pela disseminação do vírus zika e os problemas nas obras olímpicas pioram ainda mais a situação do país
 
BBC Brasil - E quanto a Lula? Sua imagem internacional será prejudicada?

Kenneth Maxwell - A imagem de Lula já está manchada e, mais importante, dentro no Brasil. Sua popularidade, que estava no ponto máximo quando ele deixou o cargo, caiu muito nos últimos meses.
Em parte, isto é o resultado do ataque constante na mídia. Mas é também resultado das prisões e sentenciamentos de políticos e empresários devido ao escândalo da Petrobras, que ficou cada vez mais próximo de Lula e Dilma.
Se Lula estava envolvido em um caso de acobertamento, como (o ex-presidente americano) Richard Nixon, e isso ainda não sabemos, será difícil ver uma recuperação de sua reputação.

BBC Brasil - O quanto a posição do governo ainda é sustentável depois dos últimos acontecimentos?

Kenneth Maxwell - No momento o governo está paralisado pela crise política e por sua incapacidade de agir para mitigar a crise econômica. E o pior é que há pouca clareza no momento sobre qual poderia ser um desfecho mais positivo.
A única coisa que pode ser dita com certeza é que a crise vai piorar antes de chegarmos a qualquer resolução viável e políticamente sustentável.
É a crise mais grave que o Brasil enfrenta desde o suicídio de Getúlio Vargas, no meio da década de 1950, e que levou ao impasse que gerou duas décadas de regime militar. Ninguém está prevendo uma volta desta história triste, mas, sem dúvida, há muito em jogo no país em termos políticos e econômicos.

BBC Brasil - O sr. acha que a situação pode melhorar em um futuro próximo?
Kenneth Maxwell - Não.

Lula surpreende a todos, desce de apartamento e entra no meio da multidão


© Fornecido por Notícias ao Minuto
Na tarde deste sábado (5), por volta da 13h, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desceu do seu apartamento em São Bernardo do Campo, em São Paulo, para falar com militantes e simpatizantes que faziam uma vigília no local.
Segundo informações da GloboNews, Lula supreendeu a todos e entrou no meio da multidão que o acolheu calorosamente, distribuindo abraços aos apoiantes.
O ex-presidente aguarda Dilma Rousseff, que viaja para São Paulo onde terá uma reunião com o petista em sua residência.

Lula fica irritado ao ser perguntado sobre pedalinhos


© Fornecido por Notícias ao Minuto
Em depoimento prestado à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal no Aeroporto de Congonhas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou indignação com algumas perguntas.
Acompanhado dos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e Rodrigo Ferrão, Lula se irritou ao ser questionado sobre os dois pedalinhos, com nome de seus netos, que estão no sítio de Atibaia.
"Ele disse que essa não é uma pergunta que está à altura da Polícia Federal", contou o deputado Paulo Teixeira, que estava presente no depoimento.
Sobre o sítio, o ex-presidente disse que a propriedade está em nome de Jonas Suassuna e de Fernando Bittar. Também negou ser dono do tríplex do Guarujá.
"Quem atribuiu esse imóvel (o tríplex) a ele é que precisa explicar", disse Paulo Teixeira.
O deputado ainda afirmou que o Supremo Tribunal Federal precisa coibir esses abusos, referindo-se à condução coercitiva de Lula.
Segundo informações do jornal O Globo, o parlamentar afirmou que o juiz Sérgio Moro age de forma política e não jurídica.

Jornal francês diz que o mito em torno de Lula está desmoronando


A imprensa francesa repercute neste sábado (5) a nova fase da Lava Jato e o depoimento do ex-presidente Lula aos investigadores. As reportagens e análises estimam que trata-se do crepúsculo do “mito Lula” e o ex-presidente vive uma situação de muita fragilidade.
Para Le Figaro, Lula foi apanhado pela justiça e, assim como a presidente Dilma Roussef, é suspeito de ter se beneficiado do esquema de corrupção na gigante petrolífera. Erroneamente, o texto diz que o ex-chefe de Estado ficou sob custódia e buscas foram realizadas em seu domicílio. A situação constitui uma ameaça cada vez maior ao mandato de Dilma, afirma o texto.
Le Figaro informa que Lula não foi o único visado pela nova fase da Lava Jato. Outros 33 mandados de buscas foram emitidos e 11 para interrogatórios, sendo dois deles em São Bernardo do Campo.
O diário francês reproduz a mensagem da polícia com afirmações de que "além de líder do partido, o ex-presidente era um dos responsáveis que decidiam pela nominação dos diretores da Petrobras e um dos principais beneficiários dos crimes".
Apesar de não ter, por enquanto, nenhuma acusação direta, a presidente Dilma Rousseff é suspeita de envolvimento porque era ministra da Energia no período em que os desvios aconteceram para financiar ilegalmente a campanha eleitoral e também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras. "Como ela poderia ignorar o vasto esquema de corrupção se ela participava das instâncias decisórias mais importantes do país e da Petrobras?", questiona Le Figaro.

Mito se desfaz

É o crepúsculo de um ídolo?, pergunta Libération. Os adversários políticos esperavam por este momento, escreve o jornal, informando que a investigação do escândalo de corrupção da Petrobras bateu às portas do ex-presidente. Três horas depois de prestar depoimentos sobre as suspeitas de ter recebido "vantagens indevidas" de empreiteiras, ele saiu livre e foi para a sede do PT onde se realizava uma reunião de crise. O jornal informa as reações indignadas de militantes e juristas sobre o mandado de condução coercitiva.
Libération explica que os procuradores afirmar ter encontrado "elementos" que comprovam o recebimento por parte de Lula de R$ 30 milhões de empreiteiras entre 2011 e 2014. O jornal lembra que foi a delação premiada do senador Delcídio do Amaral que deu à polícia evidência da implicação do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff no esquema.
"Os brasileiros se mostram menos tolerantes com uma corrupção que passou dos limites. As línguas se soltam e o mito Lula está desmoronando", afirma o texto.

"Um político como outro qualquer"

Para Le Monde, atordoados pela condução forçada de Lula à prestar depoimento à Polícia Federal, militantes petistas mostraram revolta e negam as acusações que pesam sobre o ex-presidente. Os partidários do ex-presidente não desistem e o "defensor dos mais pobres", se tornou um "prisioneiro político", diz o artigo em referência às declarações do ex-presidente.
O jornal teve o cuidado de explicar que Lula não ficou sob custódia, termo muito empregado na França mas que não se aplicaria à situação de Lula. Le Monde diz que há vários meses a operação Lava Jato ronda o ex-presidente e diariamente a imprensa revela informações sobre suspeitas como as obras do triplex no Guarujá.
© Fournis par RFI
A reportagem explica que muitos brasileiros poderão ir às ruas nas manifestações previstas em favor de Lula, e um cientista político ouvido pelo jornal explica que militantes de esquerda e a população mais pobre poderão seguir o discurso de Lula de que a justiça está sendo instrumentalizada pela imprensa e pela oposição.
No entanto, os casos suspeitos são numerosos e em um país acostumado por tanta corrupção, Lula aparece como "um político como qualquer outro". A reportagem termina com uma análise do cientista político francês Stéphane Montclaire de que o ex-presidente se encontra "muito, muito fragilizado".

sexta-feira, 4 de março de 2016

Fatos podem configurar corrupção e lavagem, diz Moro sobre imóveis atribuídos a Lula



Sérgio Moro © Foto: Agência Brasil Sérgio Moro Ao autorizar buscas e apreensões na casa de Lula, no Instituto Lula e na empresa de palestra LILS Participações, bem como nas empresas de Fábio Luís Lula da Silva e de Marcos Cláudio Lula da Silva - filhos do ex-presidente - , o juiz federal Sérgio Moro apontou que há "fundada suspeita" de que o petista "teria recebido benefícios materiais, de forma subreptícia, de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, especificamente em reformas e benfeitorias de imóveis de sua propriedade".
Para o magistrado da Lava Jato "em princípio, podem os fatos configurar crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro no contexto do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás'.


Moro analisa todas as suspeitas levantadas pelo Ministério Público Federal, sobretudo as reformas no tríplex no Guarujá e no sítio em Atibaia pertencente a colegas de Lula e utilizado pelo ex-presidente. As obras nos dois imóveis foram executadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, suspeitas de participar do esquema de corrupção na Petrobrás e, segundo o magistrado, ao menos a reforma no sítio seria justificada se o ex-presidente fosse o real proprietário do imóvel.
"Agregue-se que a realização das reformas por José Carlos Bumlai e pela Odebrecht e a aquisição da cozinha pela OAS não fazem qualquer sentido se os reais proprietário do sítio forem Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Admitindo-se, porém, que o proprietário é o ex-Presidente as ações de José Bumlai, da Odebrecht e da OAS passam a ser compreensíveis", aponta Moro no despacho, que ainda ressalta ser pouco provável uma mera "coincidência" o fato de a OAS ter pago a aquisição e instalaçãos das cozinhas no tríplex e no sítio.
"O fato da OAS ter pago a aquisição e a instalação de cozinha tanto para o apartamento no Guarujá como para o sítio em Atibaia dificilmente pode ser atribuído à coincidência."
Diante disso, o juiz da Lava Jato, que também levou em conta depoimentos de várias pessoas, inclusive funcionários das empreiteiras, envolvidas nas duas obras, vê a necessidade de se aprofundar as investigações contra o ex-presidente. "A aparente ocultação e dissimulação de patrimônio pelo ex-Presidente, o apartamento e o sítio, as reformas e aquisições de bens e serviços, em valores vultosos, por empreiteiras envolvidas no esquema criminoso da Petrobrás, necessitam ser investigadas a fundo. Também o último fato, o armazenamento de bens do ex-Presidente, com os custos expressivos arcados pela OAS, necessitam melhor apuração", assinala.

Advogados de Delcídio no Conselho de Ética renunciam à defesa do senador


Brasília - Os advogados de Delcídio Amaral (PT-MS) no processo a que ele responde no Senado, Gilson Dipp e Luís Henrique Machado, protocolaram nesta manhã a renúncia da defesa do senador no Conselho de Ética.
"Já está protocolada no Conselho de Ética a renúncia irrevogável. Renunciei por motivo de foro íntimo", afirmou ao Estadão.
"Nós tínhamos uma estratégia de defesa que não tinha nada a ver com delação. Fomos surpreendidos pelos fatos trazidos pela imprensa. Portanto, a relação de confiança entre advogado e cliente foi quebrada", afirma Luís Henrique Machado.
Como adiantou o Estado ontem, Dipp, que coordena a defesa de Delcídio no Senado, não sabia da existência de uma delação premiada do senador e não foi notificado pelos advogados que respondem pela defesa do senador no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele demonstrou incômodo por receber a notícia pela imprensa.
Machado disse que não conversou com Delcídio sobre a delação. "Mas seria ingenuidade achar que os dados divulgados pela imprensa são factoides", avaliou. Dipp também afirmou que, mesmo após a delação vir à tona, ele não foi procurado pela equipe de Delcídio. "Nunca me procuraram. Ninguém me procurou e não vão procurar."
Gilson Dipp evitou falar sobre as implicações da delação na defesa de Delcídio. "Eu não quero falar porque, até pouco tempo, eu o defendia no Conselho de Ética. Aquela defesa no Senado está ultrapassada. Mas agora as consequências são outras, que também não me interessam", afirmou Dipp.

É o fim do projeto do PT


A sexta-feira, 4 de março de 2016, é um dia histórico e divide apaixonadamente a opinião pública do Brasil, onde Luiz Inácio Lula da Silva nasceu nos rincões áridos do Nordeste, cruzou o país continental num pau-de-arara, comeu o pão que o Diabo amassou, foi o maior líder sindicalista e virou o presidente da República mais popular em décadas. É um dia profundamente triste, mas é também um marco: ninguém, nem mesmo Lula, está acima da lei.
A condução coercitiva de Lula e de seu primogênito, Fábio Luiz, não foi nenhuma surpresa no mundo político, mas é daqueles fatos que todo mundo espera, mas, quando acontecem, são como uma explosão atômica. Com Lula depondo na Polícia Federal e acossado, junto com a presidente Dilma Rousseff, pela delação premiada do ex-líder do governo Delcídio Amaral, não há outra conclusão possível senão a óbvia: é o fim do projeto do PT, o fim de uma era.
Até por isso, a Justiça, o Ministério Público, a Polícia Federal e a Receita Federal cercaram-se de todos os cuidados. Há meses vinham dando indícios de que Lula seria preso, mas isso só ocorreria quando as provas fossem consistentes, inquestionáveis. "Não podemos morder o Lula. Quando chegarmos nele, é para engolir", diziam os investigadores, ilustrando a consciência de que, deixar brechas de contestação, seria não apenas implodir a Lava Jato, mas também desmoralizar as instituições responsáveis.
Hoje, a Lava Jato engoliu Lula e, com ele, o projeto de eternização do PT no poder. De uma forma simples e direta, há provas de que havia uma triangulação criminosa: o dinheiro saía da Petrobrás, passava pelas empreiteiras e parte dele ia para o ex-presidente em forma de pagamentos dissimulados de palestras, viagens pelo mundo, o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá. Lula, portanto, seria beneficiário dos desvios da maior companhia brasileira, hoje uma das maiores empresas mais endividadas do mundo. Sem falar na Operação Zelotes...
A condução coercitiva de Lula, a prisão do marqueteiro dele e de Dilma, a delação do ex-líder do governo sobre o envolvimento de Dilma na compra suspeitíssima da refinaria de Pasadena e na tentativa de manipular o Judiciário para soltar empreiteiros amigos... tudo isso configura um cerco a Lula e a Dilma que, apesar de dependerem visceralmente um do outro, entram na dolorosa fase do "salve-se quem puder" ou, de outra forma, "cada um por si".
Como pano de fundo, a crise política e a economia. Por uma macabra coincidência, ou não, o resultado da economia em 2015 saiu no dia do vazamento da delação de Delcídio e na véspera da condução coercitiva de Lula e de seu filho. O Brasil teve uma recessão de 3,8% e ficou em 30º lugar entre 32 países pesquisados, só atrás da Venezuela, que quebrou, e da Ucrânia, que vem perdendo parte do seu território para a Rússia.
Tudo somado, Dilma está totalmente isolada em seus palácios, enquanto Lula se despe da roupagem do "Lulinha paz e amor" e conclama suas tropas para a guerra. A possibilidade de impeachment de Dilma é cada vez mais real e a próxima etapa de todo esse processo deve ocorrer nas ruas. Vêm aí as manifestações do dia 13 contra Dilma, Lula e o PT, mas, antes delas, já começam os confrontos. As bandeiras vermelhas, em minoria, vão tentar ganhar no grito - ou na pancadaria. 

Vendaval de corrupção afeta Dilma e encurrala Eduardo Cunha



V


AFP



A presidente Dilma, em Brasília, no dia 3 de março de 2016 © Fornecido por AFP A presidente Dilma, em Brasília, no dia 3 de março de 2016 O Brasil mergulhou nesta quinta-feira em um lamaçal de denúncias vinculadas ao escândalo de corrupção na Petrobras: o suposto depoimento de um senador governista que envolveria a presidente Dilma Rousseff no caso e a decisão do STF de julgar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
As notícias caíram como uma bomba em Brasília, em um dia negro que começou com a notícia de que a economia recuou 3,8% em 2015 e o país se encaminha para sua pior recessão em um século.
A revista IstoÉ publicou nesta quinta-feira supostas declarações do senador governista Delcídio Amaral, nas quais ele acusaria a presidente de tentar obstruir a investigação de Petrobras com a nomeação de um juiz de apelação alinhado com o seu governo, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) de estar a par do esquema de corrupção.

Ataque à rainha

O artigo despertou a ira do governo e a própria presidente alertou, indignada, que os vazamentos à imprensa não podem ser usados como arma política. Dilma não mencionou Amaral, implicado no "Petrolão", e que, segundo a publicação, teria feito um acordo de delação premiada para reduzir uma eventual pena.
"Os vazamentos apócrifos, seletivos e ilegais devem ser repudiados e ter sua origem rigorosamente investigada, já que ferem a lei, a justiça e a verdade", declarou Dilma em um comunicado.
"Repudiamos, em nome do Estado democrático de direito, o uso abusivo de vazamentos como arma política" porque "não contribuem para a estabilidade do país", acrescentou.
O advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também assumiu a defesa da chefe de Estado e disse que as acusações eram "um conjunto de mentiras".
(Arquivo) O chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em Brasília, no dia 19 de janeiro de 2016 © Fornecido por AFP (Arquivo) O chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em Brasília, no dia 19 de janeiro de 2016 Em meio ao clima de crise, o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que a presidente recebeu a notícia "com indignação" e está "preocupada".
Consultada pela AFP, a procuradoria da República informou que inexiste acordo de colaboração com Amaral, ex-líder do PT no Senado e um dos apoiadores de Dilma Rousseff no Congresso, até ser preso, acusado de obstruir as investigações sobre corrupção na Petrobras.
As delações premiadas só vêm a público após homologadas pela Suprema Corte.
Amaral passou quase 90 dias preso por oferecer dinheiro e rota de fuga a um dos ex-diretores da Petrobras que estão detidos e, desde meados de fevereiro responde ao processo em liberdade.
O senador publicou um comunicado nesta quinta-feira, no qual não confirma as afirmações atribuídas a ele pela IstoÉ e que foram particularmente duras com Lula, o maior capital político do atribulado PT, no poder desde 2003.
"Nem o senador Delcídio, nem sua defesa confirmam o conteúdo do artigo (...) Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade do documento que está anexado ao texto", destacou o comunicado.
Bispo encurralado
Eduardo Cunha, um astuto político que está em guerra declarada com a presidente Dilma, se tornou nesta quinta-feira o primeiro parlamentar com foro privilegiado que irá se sentar no banco dos réus para responder pelo esquema de corrupção que desviou mais de 2 bilhões de dólares da Petrobras.
O STF decidiu, por unanimidade, julgá-lo por receber propina para facilitar um negócio de dois navios-sonda do estaleiro Samsung Heavy Industries para a Petrobras entre junho de 2006 e outubro de 2012.
(Arquivo) O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em Brasília, no dia 16 de fevereiro de 2016 © Fornecido por AFP (Arquivo) O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em Brasília, no dia 16 de fevereiro de 2016 Terceiro na linha de sucessão presidencial e conhecedor dos meandros do Congresso, Cunha foi acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro para facilitar a transação, segundo a acusação da procuradoria-geral.
Figura proeminente na crise política que abala o Brasil, Cunha deu luz verde em dezembro a um pedido de impeachment contra Rousseff por adulteração de contas públicas. Ele já antecipou que não deixará o cargo.
O presidente da Câmara dos Deputados também está envolvido em casos que investigam se ocultou contas no exterior e mentiu para os colegas parlamentares. Ligado à Igreja evangélica, ele comemorou ao chegar à presidência da Câmara em um templo que, segundo a procuradoria, também teria servido para desviar recursos ilegais, maquiados como doações.
A "Operação Lava Jato" é considerada a maior investigação sobre corrupção da história do Brasil e já enviou para a prisão ou ameaça fazê-lo com parlamentares, governadores, ex-funcionários e alguns dos principais empresários do país.
Ao fim de um dia agitado, a bolsa de São Paulo subiu a 5,12% e o real se valorizou perante o dólar, em uma nova reação positiva em meio a um escândalo com potencial para mudar o rumo político do país.

Lula sobre depor na PF: ‘não devo e não temo’

Agência O Globo

'Não devo e não temo', diz Lula após ação da PF © Foto: André Penner/AP 'Não devo e não temo', diz Lula após ação da PF SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa com petistas logo depois de depor à Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira, classificou de “show midiático” a operação feita pela manhã que o levou em condição coercitiva à delegacia. Lula garantiu: “não devo e não temo”. Em seguida, falando a jornalistas, ele disse que se sentiu “prisioneiro hoje de manhã”.

— Se o juiz (Sérgio) Moro ou o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter mandado um ofício que eu iria, como sempre fui. Por que eu não devo e não temo — disse o ex-presidente, na sede nacional do PT, na região central de São Paulo. — Nada disso diminuiu a minha honra. Eles acenderam em mim a chama e a luta continua — completou.
O ex-presidente contou que no depoimento desta manhã foram repetidas as mesmas perguntas que ele já havia respondido nos outros três depoimentos anteriores concedidos por ele. Para Lula, o juiz Moro não precisava ter mandado uma “coerção da Polícia Federal” à sua casa.
— Não precisava. Era só ter convidado. Antes dele eu já era um democrata — disparou o petista. — Lamentavelmente eles preferiram utilizar a prepotência e a arrogância. Foi um show midiático e um espetáculo de pirotecnia, porque os advogados não sabiam nada e alguns da mida já sabiam ontem — contou.
Criticando a maneira como a Justiça tem conduzido a operação lava jato, o petista citou que há algum tempo, a Justiça investigava e então denunciava um crime. Em sua opinião, hoje os fatos se inverteram e a “primeira coisa que fazem é determinar você é criminoso, colocando a cara na imprensa”.
Ainda sobre a condução coercitiva, Lula lembrou que já prestou outros depoimentos sem que fosse necessário ser levado à força, inclusive durante seu período de férias. O ex-presidente disse acreditar que o PT “incomodou ajudando as pessoas a subirem um degrau” e dando “oportunidade aos pobres”
— Já prestei vários depoimentos. Dia 5 de janeiro eu estava de férias e eu suspendi as férias para ir à Brasília prestar um depoimento para a Polícia Federal — comentou.
O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff.
— Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país.
A respeito de suas palestras, Lula criticou quem o acusa de ter esse tipo de trabalho como fonte de renda.
— É curioso que estranham que eu cobro US$ 200 mil. O Bill Clinton vem aqui cobra US$ 1 milhão e os vira latas batem palmas.
O ex-presidente, que batia a todo instante à mesa com o punho cerrado, também atacou a denúncia de que o armazenamento em São Bernardo do Campo de seu acervo na presidência tenha sido pago pela empreiteira OAS. Lula afirmou que deixou o governo com 11 contêineres de presente.
— Sabem o que é sair com 11 contêineres sem ter onde por? Com cadeira, papel, tinha até trono da África. Se somarem todos, desde Floriano Peixoto, fui o que mais ganhou presente — disse o petista, lembrando que esses produtos são de domínio público e que ficou público com a suspeição da Justiça a esse respeito.

PROMESSA DE PERCORRER O PAÍS

Ao lado de companheiros, Lula disse que estará aberto para convites em eventos país afora.
— Me convidem que estou disposto a andar por esse país. Não é possível ver um país vítima de um espetáculo midiático. Coloco em suspeição até um barco de R$ 4 mil. Eu preferia dar um iate à dona Marisa, mas ela comprou um barco e também pagou pedalinhos de R$ 2 mil para os nossos netos — disse.
Sem responder a nenhuma pergunta, o petista também citou o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá.
— Eu uso o sítio dos amigos porque os inimigos não me emprestam. Se me emprestarem o triplex de Paraty, eu uso. O que acontece é que todo mundo pode, menos essa merda desse metalúrgico.
Em seguida, ele retomou o discurso de polarização entre pobres e ricos. Lembrou de sua infância pobre e de trabalhou na Presidência para dar oportunidades aos brasileiros mais humildes. Em tom de galhofa, brincou:
— Partem do pressuposto que pobre nasceu para comer em concha. Ficam preocupados com o vinho que eu nunca tomei. Se era o Miolo gaúcho ou Romanée Conti (francês). Eu até ganhei um decantador de vinhos, mas um dia cheguei a noite em casa e dona Marina tinha colocado flores.
Depois, o petista volto a carga ao que ele chamou de “julgamento precipitado” da imprensa em relação às pessoas supostamente envolvidas em esquema de corrupção.
— Hoje quem condena são as manchetes.
Por fim, o ex-presidente considerou que o episódio de hoje servirá para o PT “levantar a cabeça”. Disse que há muito tempo o partido tem “sangrado” mesmo sem provas. Dirigindo-se ao presidente nacional do partido, Rui Falcão, Lula foi categórico:
— Vamos começar de novo. Fazer as mesmas coisas. Embora tenha me ofendido, estou disposto a fazer a mesma coisa. Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. E a jararaca continua viva.
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As evidências que a justiça diz ter contra Lula

AFP

(Arquivo) O ex-presidente Lula participa de uma coletiva de imprensa, em Genebra, Suíça, em 15 de junho de 2009 © Fornecido por AFP (Arquivo) O ex-presidente Lula participa de uma coletiva de imprensa, em Genebra, Suíça, em 15 de junho de 2009 Os procuradores que investigam Luiz Inácio Lula da Silva detalharam nesta sexta-feira suas principais suspeitas sobre "possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro" contra o ex-presidente (2003-2010), uma das personalidades políticas mais importantes da América Latina.
Lula ficou sob fogo cruzado nesta sexta-feira depois que a polícia fez buscas em sua casa e o levou para depor sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, que desviou mais de dois bilhões de dólares da empresa.
A seguir, os principais trechos do comunicado em que o Ministério Público do Paraná (sul), encarregado da investigação, detalha suas suspeitas:
"Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu dinheiro do esquema da Petrobras por meio do envio e da reforma do apartamento triplex e de um sítio em Atibaia (São Paulo), da entrega e móveis de luxo nas duas propriedades e do armazenamento de bens por uma empresa de transporte. Também são investigados pagamentos feitos ao ex-presidente de parte de empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e conferências".
"Acumulam-se evidências muito consistentes de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava empresas que enriqueciam às custas do Estado, diretores da Petrobras que vendiam favores, lavadores profissionais de dinheiro que entregavam suborno e políticos e partidos que sustentavam os diretores da Petrobras e em troca recebiam a maior parte dos subornos, que os enriqueciam e financiavam suas campanhas".
"Este grande esquema era coordenado pelas cúpulas e lideranças dos partidos políticos que integravam a coalizão do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Progressista (PP) e o PMDB".
"Lula, além de líder partidário, era o responsável final da decisão sobre quais seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos crimes. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua força política. Mais recentemente, inclusive, surgiram na investigação referências ao nome de Lula como alguém cuja atuação foi relevante para o êxito da atividade criminosa".
Há indícios de que Lula "recebeu em 2014 pelo menos um milhão de reais (263.000 dólares) sem justificativa aparente lícita de (a construtora) OAS por meio de reformas e móveis de luxo em um apartamento tipo triplex, número 164-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá. Apesar de o ex-presidente ter alegado que o apartamento não era seu por estar em nome de uma empresa, várias provas dizem o contrário".
"Há evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o apartamento (mais de 750.000 reais), custeou móveis de luxo para a cozinha e os quartos (cerca de 320.000 reais) e que tudo ocorreu de forma inusual e com a participação do próprio presidente da OAS, Leo Pinheiro".
"Existe a suspeita de que a reforma e os móveis constituem suborno de favores ilícitos da OAS no esquema da Petrobras, empresa cujos executivos já foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato".
"O ex-presidente Lula, em 2010, adquiriu dois sítios em Atibaia, mediante pessoas interpostas, no valor de 1,59 milhão de reais, tendo fortes indícios de que, 2010 e 2014, recebeu pelo menos 770.000 reais sem justificativa econômica lícita de (o empresário) José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS".
"Surgiram fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente 1,3 milhão de reais da empresa OAS em favor do ex-presidente entre 1/1/2011 e 01/2016 para o armazenamento de itens retirados do Palácio do Planalto quando terminou seu mandato".
Também são investigados pagamentos "feitos por construtoras beneficiárias do esquema da Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras (empresa na qual o ex-presidente tem 98% e o presidente do Instituto Lula Paulo Okamoto tem 2%, segundo a procuradoria)". "A maior parte do dinheiro que entrou nas duas empresas, entre 2011 e 2014, veio de empresas do esquema da Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC".
"No Instituto Lula foram 20,7 dos 35 milhões (de reais) que entraram. No LILS, 10 dos 21 milhões" (de reais).

Manifestantes a favor e contra Lula se confrontaram na manhã desta sexta-feira diante do edifício onde reside o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo, em São Paulo, após a condução coercitiva do líder petista, que está sendo interrogado como parte da nova fase da operação Lava Jato.
Confrontos também foram registrados no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde o ex-presidente foi levado para prestar depoimento inicialmente.

quinta-feira, 3 de março de 2016

ESTA É A PEDRA DAS TRES PONTAS EM ITARANTIM

Uma rara imagem de beleza, esculpida pelo criador.

FOTO: LÉO FERREIRA