Sérgio Moro © Foto: Agência Brasil Sérgio Moro Ao autorizar buscas e apreensões na casa de Lula, no Instituto Lula e na empresa de palestra LILS Participações, bem como nas empresas de Fábio Luís Lula da Silva e de Marcos Cláudio Lula da Silva - filhos do ex-presidente - , o juiz federal Sérgio Moro apontou que há "fundada suspeita" de que o petista "teria recebido benefícios materiais, de forma subreptícia, de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, especificamente em reformas e benfeitorias de imóveis de sua propriedade".
Para o magistrado da Lava Jato "em princípio, podem os fatos configurar crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro no contexto do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás'.


Moro analisa todas as suspeitas levantadas pelo Ministério Público Federal, sobretudo as reformas no tríplex no Guarujá e no sítio em Atibaia pertencente a colegas de Lula e utilizado pelo ex-presidente. As obras nos dois imóveis foram executadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, suspeitas de participar do esquema de corrupção na Petrobrás e, segundo o magistrado, ao menos a reforma no sítio seria justificada se o ex-presidente fosse o real proprietário do imóvel.
"Agregue-se que a realização das reformas por José Carlos Bumlai e pela Odebrecht e a aquisição da cozinha pela OAS não fazem qualquer sentido se os reais proprietário do sítio forem Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Admitindo-se, porém, que o proprietário é o ex-Presidente as ações de José Bumlai, da Odebrecht e da OAS passam a ser compreensíveis", aponta Moro no despacho, que ainda ressalta ser pouco provável uma mera "coincidência" o fato de a OAS ter pago a aquisição e instalaçãos das cozinhas no tríplex e no sítio.
"O fato da OAS ter pago a aquisição e a instalação de cozinha tanto para o apartamento no Guarujá como para o sítio em Atibaia dificilmente pode ser atribuído à coincidência."
Diante disso, o juiz da Lava Jato, que também levou em conta depoimentos de várias pessoas, inclusive funcionários das empreiteiras, envolvidas nas duas obras, vê a necessidade de se aprofundar as investigações contra o ex-presidente. "A aparente ocultação e dissimulação de patrimônio pelo ex-Presidente, o apartamento e o sítio, as reformas e aquisições de bens e serviços, em valores vultosos, por empreiteiras envolvidas no esquema criminoso da Petrobrás, necessitam ser investigadas a fundo. Também o último fato, o armazenamento de bens do ex-Presidente, com os custos expressivos arcados pela OAS, necessitam melhor apuração", assinala.