sábado, 6 de maio de 2017

Em evento do PT, Lula ataca imprensa e diz que não vai permitir mentiras




Lula e Mujica: Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Jose Mujica, do Uruguai, durante 6.º Congresso do PT, em São Paulo  
© Nelson Almeida/Estadão Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Jose Mujica, do Uruguai, durante 6.º Congresso do PT, em São Paulo 
 
SÃO PAULO - No dia em que o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque disse à Lava Jato que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha “pleno conhecimento” do esquema de corrupção na estatal, o petista partiu para o ataque contra a imprensa.

Em longo discurso na abertura da etapa paulista do 6.º Congresso Nacional do PT, Lula ameaçou “mandar prender” quem espalha “mentiras” contra ele e disse que, se voltar a ser presidente, vai fazer a regulamentação dos meios de comunicação.

O petista voltou a reclamar da cobertura da imprensa no caso da Lava Jato. Segundo ele “ficaram dois anos dizendo que eu seria preso”. “Se eles não me prenderem quem sabe um dia eu mando prender eles por mentir”, disse o petista.

Na sequência, Lula voltou a dizer que quer ser candidato a presidente e enfrentar “um candidato da Rede Globo” para poder falar durante a campanha sobre a regulamentação dos meios de comunicação. “Quero que tenha um candidato com um 'plim plim' no peito para que possamos dizer claramente que vamos regulamerntar os meios de comunicação”, afirmou.

A regulamentação é um pleito antigo dos setores mais radicais do PT que tanto Lula quanto a ex-presidente Dilma Rousseff rejeitaram durante os 13 anos de mandato petista.

Agora, com o partido tentando se reconstruir diante da maior crise de sua história, setores mais amplos do PT voltaram a incluir a regulamentação da mídia em um eventual programa partidário.
Depois de ter se comparado a uma jararaca, Lula usou a cobertura sobre a Lava Jato e seu crescimento nas pesquisas para se comparar a um mandacaru, espécie de cactus típica do sertão nordestino. “O que eles não sabem é como o mandacaru sobrevive. Ele não precisa de muita água e eu não preciso de imprensa, preciso olhar nos olhos de vocês.”

O petista admitiu a hipótese de ser impedido legalmente de disputar a eleição e disse que, se isso ocorrer, “vamos disputar na Justiça”.

Lula não falou explicitamente sobre as declarações de Duque, mas tornou a refutar as “mentiras” das quais diz ser vítima. Segundo ele, a Lava Jato já tem uma “tese pronta” que o coloca como líder de uma organização criminosa. “O que não vou permitir é que continuem mentindo como estão mentindo a meu respeito”, disse o petista, voltando a desafiar “qualquer um” a dizer que “depositou R$ 10 ilegais” na sua conta.

Às vésperas de prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, Lula disse que o objetivo da operação é “destruir a política” e aproveitou para fustigar um de seus potenciais adversários em 2018, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). “O resultado é o surgimento de um fascista que é o Bolsonaro”, disse Lula.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), outro potencial adversário em 2018, também foi alvo de ataques. Lula chamou o tucano de “coxinha” e “almofadinha”. “Um coxinha ganhou as eleições em São Paulo se fazendo passar por 'João Trabalhador'. Se alguém encontrar com ele pergunte se já teve uma carteira assinada na vida”, afirmou o petista.

O discurso de 50 minutos, no entanto, também teve momentos de humor. O primeiro foi quando emulou o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e disse que o tríplex no Guarujá, o qual é acusado de ser dono oculto, é na verdade “três Minha Casa Minha Vida um em cima do doutro”.

O segundo momento de humor foi ao lembrar a ex-primeira-dama Marisda Letícia, morta em janeiro. Lula contou que costumava tomar uma dose de uísque com a esposa quando chegava em casa, em São Bernardo. “No dia que fez três meses da morte dela, cheguei em casa, botei uma dose pra ela, outra pra mim. Peguei um copo com a mão esquerda, outro com a mão direita e bebi os dois”. A plateia caiu na gargalhada.

Mujica. O convidado de honra do evento foi o ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica. Em sua fala, o uruguaio criticou o sistema partidário brasileiro, disse que “a desgraça do Brasil” é a pulverização política e alertou sobre o risco de amplas alianças, como a que elegeu Lula e Dilma. “Nas políticas de alianças é preciso saber até onde vão estas alianças”, disse Mujica.

A frase foi interpretada como uma referêncvia aos partidos que apoiaram a eleição de Dilma e depois votaram pelo impeachment da petista.

Durante o ato, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), candidato à presidência nacional do PT com apoio das correntes minoritárias de esquerda, admitiu que a também senadora Gleisi Hofman (PT-PR) já tem votos suficientes para vencer a disputa. Lindbergh, no entanto, disse que não vai retirar sua candidatura.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

As principais mudanças apresentadas na reforma da Previdência




As principais mudanças apresentadas na reforma da Previdência: Veja o que muda e quais os próximos passos © Valdecir Galor/SMCS Veja o que muda e quais os próximos passos 
 
O texto-base da reforma da Previdência foi aprovado na noite desta quarta-feira (3) na comissão especial que discute o assunto na Câmara.

Depois de muitas mudanças e recuos, além da troca de membros do colegiado contrários à reforma, o parecer do relator Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) foi aprovado por 23 votos a favor e 14 contra. O governo trabalhava com pelo menos 22 votos favoráveis.

Veja as principais mudanças:

IDADE DE APOSENTADORIA 

A primeira grande mudança do relatório em relação à proposta original do governo foi a diferenciação da idade mínima de aposentadoria da mulher na regra geral. O relatório propõe 62 anos para elas e 65 anos para eles. O tempo de contribuição de 25 anos foi mantido para os dois gêneros.

A regra vale para trabalhadores urbanos vinculados ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e para os servidores públicos.

A mudança na idade da mulher, e não no tempo de contribuição, privilegia as mais ricas. Para as mulheres de baixa renda, teria mais efeito a redução do tempo de contribuição.

Atualmente, é possível se aposentar sem idade mínima, com tempo de contribuição de 35 anos (homens) e 30 anos (mulheres). Essa modalidade é mais acessada pelos trabalhadores de maior renda, que conseguem se manter mais tempo em empregos formais.

Os trabalhadores que recebem menores valores de aposentadoria costumam de aposentar por idade, com 65 anos (homens) e 60 (mulheres), além de 15 anos de contribuição.

TRANSIÇÃO

A regra de transição, um dos pontos mais criticados na proposta original, foi alterada pelo relator. Na proposta original, ela começava aos 45 anos (mulher) e 50 anos (homem) e tinha um pedágio de 50% sobre o tempo de contribuição restante para a aposentadoria.

O parecer estabelece que não haverá um corte de idade para se enquadrar na transição e que o pedágio, para quem pretendia se aposentar por tempo de contribuição, será de 30%.

A idade mínima para quem pretendia se aposentar por tempo de contribuição vai começar em 53 anos para mulheres e em 55 para homens. Esse patamar vai subir um ano a cada dois anos a partir de 2020. A idade a ser observada pelo segurado é aquela refente ao ano em que ele termina de cumprir o pedágio.
 
Para quem pretendia se aposentar por idade, a idade exigida dos homens será mantida em 65 anos. Para mulheres, a idade passou dos atuais 60 anos para 62, com o aumento de um ano na idade mínima a cada dois anos, a partir de 2020. O tempo de contribuição, hoje em 15 anos, chegará a 25 anos. Para isso, subirá 6 meses a cada ano, também a partir de 2020.

REGRA DE CÁLCULO 

Para contornar as críticas ao prazo de 49 anos necessários para atingir o valor máximo do benefício, o relator propôs a redução para 40 anos.

A solução encontrada, porém, diminui o valor de partida da aposentadoria: quem tiver 65 anos (homem) ou 63 anos (mulher) e 25 anos de contribuição terá direito a 70% da média salarial, e não 76%, como previa o texto original.

O percentual de 70% subirá 1,5 ponto percentual de 25 a 30 anos de contribuição; 2 pontos dos 30 aos 35 anos; e 2,5 pontos dos 35 aos 40.

Outra mudança que reduz o valor do benefício é que esse novo percentual da regra de cálculo incidirá sobre a média de todas as contribuições do trabalhador desde 1994, em vez de ser calculado em cima das 80% maiores contribuições, como é hoje.

APOSENTADORIA RURAL 

Para o trabalhador rural de economia familiar, a idade mínima de aposentadoria será de 60 anos (homens) e 57 anos (mulheres), com 15 anos de contribuição. A proposta original do governo previa para os trabalhadores rurais as mesmas regras dos trabalhadores urbanos.

PENSÃO

O relator manterá as pensões vinculadas ao salário mínimo, diferente do que queria o governo.

Para quem tiver direito a um valor superior, fica mantida a regra de uma cota de 50%, acrescida de 10% por dependente.

O acúmulo de pensão com aposentadoria poderá ocorrer até o limite de dois salários mínimos. Para quem ultrapassar esse valor, será possível optar pelo benefício de maior valor.

As pessoas que hoje já acumulam esses benefícios não serão afetadas.

SERVIDORES 

O relator manteve em seu texto um ponto que causou revolta de servidores públicos por dificultar o acesso à integralidade e paridade -ou seja, o direito a aposentar com o salário da ativa e ter o mesmo reajuste dos funcionários públicos em exercício.

Os servidores que entraram até 2003, que hoje têm esses dois privilégios, terão que esperar até 62 anos (mulher) e 65 anos (homem) para alcançar a integralidade e a paridade, segundo a regra proposta. Os que quiserem aposentar antes disso têm direito a 100% da média de contribuição.
 
Os funcionários públicos que entraram após 2003 terão direito a 70% da média de contribuição. Esse percentual subirá 1,5 ponto percentual de 25 a 30 anos de contribuição; 2 pontos dos 30 aos 35 anos; e 2,5 pontos dos 35 aos 40.

As regras estabelecidas no texto passarão a valer para os Estados 6 meses após a promulgação da PEC, caso eles não tenham aprovado uma reforma própria.

PROFESSORES E POLICIAIS 

Os professores poderão se aposentar aos 60 anos de idade, com 25 anos de contribuição.

Os policiais federais e os policiais legislativos terão idade mínima de 55 anos para se aposentar.

O tempo de contribuição será de 25 anos para mulheres, com 15 anos de atividade policial, ou 30 anos de contribuição para os homens, com pelo menos 20 anos de atividade policial. O tempo de atividade policial subirá 1 anos a cada 2 anos até chegar a 20 anos para mulheres e 25 para os homens.

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL 

O BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência que têm renda familiar per capita de até 25% do salário mínimo, não será desvinculado do salário mínimo, como pretendia o governo.

O texto prevê que a idade mínima, no caso dos idosos, subirá dos atuais 65 anos para 68. A proposta do governo era de 70 anos.

Para as pessoas com deficiência, não há um limite de idade.

PRÓXIMOS PASSOS 

A aprovação na comissão especial é apenas o primeiro passo de uma longa jornada de análise de mérito que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) terá pela frente.

Para ser aprovada, uma PEC precisa de ao menos 308 votos dos 513 deputados. A expectativa do Palácio do Planalto, que trabalha com corte de indicações e oferta de cargos, é chegar a 320 votos.

O governo acredita ser possível conseguir o total até a última semana de maio, possibilitando a votação em plenário na primeira semana de junho.

O Palácio do Planalto avalia que, com um texto final definido, fica mais fácil conseguir votos adicionais para a proposta, já que há parlamentares governistas que ainda receavam a possibilidade de recuos nas flexibilizações realizadas.

No plenário da Câmara, quando pautado, o texto tem que ser votado em dois turnos. Se aprovado, tem que passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado antes de ir para o plenário. A votação também ocorre em dois turnos e o governo precisa de apoio de 49 dos 81 senadores.

Se não houver alterações, o texto é promulgado pelo Congresso. Caso contrário, volta para a Câmara. Com informações da Folhapress.

TRF dispensa Lula de comparecer a depoimentos de 87 testemunhas




Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva © Ricardo Moraes Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
 
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, deferiu liminar em habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liberando-o de comparecer aos depoimentos das 87 testemunhas convocadas por sua defesa na ação penal em que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso, apurado pela Operação Lava-Jato, diz respeito a despesas do petista que teriam sido pagas pela empreiteira Odebrecht, como a compra de um terreno para o Instituto Lula e o aluguel de um apartamento em São Bernardo do Campo.

No mês passado, o juiz Sérgio Moro, relator da Lava-Jato na primeira instância, considerou “bastante exagerado” o número de testemunhas e exigiu a presença de Lula em todos os depoimentos. Autor da decisão do TRF, o juiz federal convocado Nivaldo Brunoni disse que cabe ao réu decidir se participará das audiências nas quais serão ouvidas as testemunhas de defesa. “Não parece razoável exigir-se a presença do réu em todas as audiências de oitiva das testemunhas arroladas pela própria defesa, sendo assegurada a sua representação exclusivamente pelos advogados constituídos. O acompanhamento pessoal do réu à audiência das testemunhas é mera faculdade legal”.

O juiz ainda acrescentou. “O caso ora tratado não guarda semelhança com a necessidade de comparecimento pessoal do réu para o seu interrogatório pessoal, cuja ausência injustificada poderia, inclusive, acarretar-lhe a decretação de revelia”. Na próxima quarta-feira, dia 10 de maio, Lula ficará frente a frente com o juiz Sergio Moro, ao depor em outra ação penal, sobre a compra do tríplex no Guarujá. A defesa do ex-presidente pediu que a audiência seja toda filmada, incluindo as perguntas feitas pelas autoridades.

Planalto avalia que situação de Renan chegou a 'nível insustentável'




Planalto avalia que situação de Renan chegou a 'nível insustentável': Líder do governo no Senado vem fazendo manobras para prejudicar a tramitação da reforma trabalhista na Casa © Reuters Líder do governo no Senado vem fazendo manobras para prejudicar a tramitação da reforma trabalhista na Casa 
 
Após acordo que resultou no atraso da votação da reforma trabalhista no Senado, o Palácio do Planalto avalia que a situação de Renan Calheiros (PMDB-AL) como líder do PMDB na Casa chegou a um "nível insustentável".

Nas palavras de auxiliares do presidente Michel Temer, o quadro alcançou seu "limite" com o discurso de Renan contra a reforma trabalhista, na semana passada, e à articulação do peemedebista nesta quarta-feira (4) que levou o texto a tramitar em mais uma comissão no Senado, atrasando, assim, sua aprovação em pelo menos um mês.A ordem inicial de Temer era apenas "monitorar" Renan até a votação da reforma trabalhista e não estimular qualquer movimento para tirá-lo do posto, o que era considerado "traumático" pelo presidente.

A avaliação, agora, é de que o peemedebista tem "constrangido" senadores da bancada ao se posicionar publicamente contra as principais bandeiras do governo e que, portanto, pode ser o caso de substituí-lo.

Com a mudança de ares no Planalto, a tensão no Senado aumentou e nove senadores peemedebistas, inclusive o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), fizeram uma reunião reservada no fim da tarde desta quarta para discutir a situação da liderança do partido.

Segundo a reportagem apurou, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) chegou a passar uma lista de apoio a Renan e conseguiu a assinatura de oito dos 22 senadores da bancada da sigla, inclusive a de Jucá.

A bancada cobrou o líder do governo e chegou a pedir uma reunião com Renan ainda para a noite desta quarta (4). Ele, por sua vez, disse que o encontro deveria ocorrer somente na próxima terça.

Senadores que participaram da primeira reunião disseram, em caráter reservado, que a bancada quer "encostar Renan na parede" e cobrar uma mudança de postura em troca de apoiarem sua permanência no cargo.

OPOSIÇÃO

Em constante colisão com o governo, Renan tem se manifestado publicamente contra as duas principais bandeiras de Temer, as reformas trabalhista e previdenciária.

A maior parte da bancada do PMDB diz que não tem sido ouvida pelo atual líder e que ele precisa representar a opinião majoritária ao se colocar sobre temas importantes.

Nesta quarta (4), Renan se reuniu com dirigentes de centrais sindicais e fez novo discurso contra a reforma trabalhista e o governo Temer.

Questionado por jornalistas sobre a bancada do PMDB corroborar sua opinião contra a reforma, Renan fez uma ameaça. "Você só é líder de bancada quando verbaliza o pensamento majoritário. Agora, se for incompatível defender os trabalhadores no exercício da liderança do PMDB, vocês não duvidem do que é que vai acontecer."
 
 Com informações da Folhapress.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Deltan Dallagnol: “Nossas esperanças foram frustradas. Fica um receio”




O procurador Deltan Dallagnol. © Marcelo Camargo/Agência Brasil O procurador Deltan Dallagnol. 
 
Até o último minuto, os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato tentaram fortalecer sua posição pela manutenção da prisão do ex-ministro petista José Dirceu. Apresentaram nesta terça-feira uma nova denúncia contra Dirceu, acusado de receber 2,4 milhões de reais em propinas das empreiteiras UTC e Engevix, mas o esforço foi em vão. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por 3 votos a 2, libertar o petista preso desde 2015.

Em resposta, Deltan Dallagnol, procurador que lidera a força-tarefa, publicou um duro texto no Facebook no qual se diz "frustrado" com o Supremo e volta sua artilharia para os ministros que votaram pela soltura do petista. Não é a primeira vez que integrantes da Lava Jato trocam farpas públicas com o Supremo. 

Nesta terça, em seu voto, o ministro do Supremo Gilmar Mendes já se antecipou às críticas: "Não cabe a procurador da República nem a ninguém pressionar o Supremo Tribunal Federal, seja pela forma que quiser. É preciso respeitar as linhas básicas do estado democrático de direito. Quando nós quebramos isso, estamos semeando o embrião, a semente do viés autoritário."

Leia a íntegra do texto do procurador:

A incoerente soltura de José Dirceu pelo Supremo

O que mais chama a atenção, hoje, é que a mesma maioria da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal que hoje soltou José Dirceu – Ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski – votaram para manter presas pessoas em situação de menor gravidade, nos últimos seis meses.

A história de Delano Parente

O ex-prefeito Delano Parente não teve a mesma sorte de José Dirceu. Ele foi acusado por corrupção, lavagem e organização criminosa. São os mesmos crimes de Dirceu, mas praticados em menor vulto e por menos tempo. Foram 17 milhões de reais, entre 2013 e 2015, quando Dirceu é acusado do desvio de mais de 19 milhões, entre 2007 e 2014, sem contar o Mensalão. O âmbito de influência de Delano era bem menor do que o de Dirceu. Chefiou o pequeno Município de 8.618 habitantes do interior do Piauí, Redenção do Gurgueia. Na data do julgamento no Supremo, em 7 de fevereiro de 2017, nem mais prefeito era. Contudo, todos os integrantes da 2ª Turma entenderam que sua prisão era inafastável. A decisão de prisão original estava assentada na prática habitual e reiterada de crimes.

O Ministro Dias Toffoli afirmou: “O Supremo Tribunal Federal já assentou o entendimento de que é legítima a tutela cautelar que tenha por fim resguardar a ordem pública quando evidenciada a necessidade de se interromper ou diminuir a atuação de integrantes de organização criminosa.”

A prisão de Thiago Poeta

Preso aparentemente há mais de 2 anos (mais tempo do que José Dirceu), Thiago Maurício Sá Pereira, conhecido como “Thiago Poeta”, também não teve a sorte de Dirceu em julgamento de março deste ano. Ele reiterou a prática de crimes de tráfico em diferentes lugares e foi preso com 162 gramas de cocaína e 10 gramas de maconha, além de alguns materiais que podem ser usados para manipular drogas. Sua pena foi menor do que a de Dirceu, 17 anos e 6 meses – a de Dirceu, só na Lava Jato, supera 30 anos, sem contar a nova denúncia. Contudo, para Thiago, não houve leniência. Todos os ministros da 2ª Turma votaram pela manutenção da prisão.

O Ministro Gilmar Mendes assim se pronunciou: “Por oportuno, destaco precedentes desta Corte, no sentido de ser idônea a prisão decretada para resguardo da ordem pública considerada a gravidade concreta do crime”. E seguiu dizendo que “Ademais, permanecendo o paciente custodiado durante a instrução criminal, tendo, inclusive, o Juízo entendido por sua manutenção no cárcere, ao proferir sentença condenatória, em razão da presença incólume dos requisitos previstos no art. 312 do CPP, não deve ser revogada a prisão cautelar se não houver alteração fática apta a autorizar-lhe a devolução do status libertatis .” Essas colocações também serviriam, aparentemente em cheio, para manter José Dirceu preso, com a ressalva de que a situação de Dirceu é mais grave.

O caso de Alef Saraiva

Alef Gustavo Silva Saraiva, réu primário, foi encontrado com menos de 150 gramas de cocaína e maconha. Após quase um ano preso, seu habeas corpus chegou ao Supremo. Em dezembro de 2016, a prisão foi mantida por quatro votos, ausente o Ministro Gilmar Mendes, em razão da “gravidade do crime”.

O Ministro Ricardo Lewandowski foi assertivo na necessidade de prisão de Alef: “Com efeito, há farta jurisprudência desta Corte, em ambas as Turmas, no sentido de que a gravidade in concreto do delito ante o modus operandi empregado e a quantidade de droga apreendida - no caso, 130 invólucros plásticos e 59 microtubos de cocaína, pesando um total de 87,90 gramas, e 3 invólucros plásticos de maconha, pesando um total de 44,10 gramas (apreendidas juntamente com anotações referentes ao tráfico e certa quantia em dinheiro), permitem concluir pela periculosidade social do paciente e pela consequente presença dos requisitos autorizadores da prisão cautelar elencados no art. 312 do CPP, em especial para garantia da ordem pública.”

Conclusão

Diz-se que o tráfico de drogas gera mortes indiretas. Ora, a corrupção também. A grande corrupção e o tráfico matam igualmente. Enquanto o tráfico se associa à violência barulhenta, a corrupção mata pela falta de remédios, por buracos em estradas e pela pobreza. Enquanto o tráfico ocupa territórios, a corrupção ocupa o poder e captura o Estado, disfarçando-se de uma capa de falsa legitimidade para lesar aqueles de quem deveria cuidar. A mudança do cenário, dos morros para gabinetes requintados, não muda a realidade sangrenta da corrupção. Gostaria de poder entender o tratamento diferenciado que recebeu José Dirceu, quando comparado aos casos acima.

O Supremo Tribunal Federal é a mais alta Corte do país. É nela que os cidadãos depositam sua esperança, assim como os procuradores da Lava Jato. Confiamos na Justiça e, naturalmente, que julgará com coerência, tratando da mesma forma casos semelhantes. Hoje, contudo, essas esperanças foram frustradas. Mais ainda, fica um receio. Na Lava Jato, os políticos Pedro Correa, André Vargas e Luiz Argolo estão presos desde abril de 2015, assim como João Vaccari Neto.

 Marcelo Odebrecht desde junho de 2015. Os ex-Diretores Renato Duque e Jorge Zelada desde março e julho de 2015. Todos há mais tempo do que José Dirceu. Isso porque sua liberdade representa um risco real à sociedade. A prisão é um remédio amargo, mas necessário, para proteger a sociedade contra o risco de recidiva, ou mesmo avanço, da perigosa doença exposta pela Lava Jato.

Fontes dos casos: HCs 138.937 (Delano Parente), 139.585 (Thiago Poeta) e 135.393 (Alef Saraiva).

Por que Moro não decretou a prisão domiciliar de Dirceu?




Sérgio Moro recebe a Ordem do Mérito Judiciário Militar, no Clube do Exército, em Brasília. © Foto: Evaristo Sá/AFP Sérgio Moro recebe a Ordem do Mérito Judiciário Militar, no Clube do Exército, em Brasília. 
 
O juiz federal Sergio Moro poderia ter determinado a prisão domiciliar do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ao fixar medidas cautelares como condição para ele deixar a prisão. Preferiu não decretá-la, no entanto, porque a reclusão em domicílio poderia vir a ser considerada cumprimento de pena, o que, na prática, reduziria o tempo que ele ficaria atrás das grades após uma condenação efetiva no juízo de segundo grau. Na primeira instância, Dirceu já foi condenado duas vezes na Lava Jato a 32 anos de prisão pelos crimes crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

No entendimento de Moro, os delitos cometidos por Dirceu são muito graves para que cumpra parte da pena em casa, principalmente porque ele teria reincidido nos mesmos crimes pelos quais foi condenado no mensalão, chegando atá a receber dinheiro sujo enquanto era julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não fixo prisão domiciliar por entender que a gravidade em concreto dos crimes pelos quais foi condenado, e que incluem o recebimento de vantagem indevida, propina de cerca de R$ 4.977.337,00 que teria lhe sido repassada diretamente, (…), e isso mesmo no período em que era julgado pelo plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 [mensalão], não autorizam que cumpra a pena em casa, o que seria o efeito prático do recolhimento domiciliar, considerando a detração”, escreveu Sergio Moro em despacho desta quarta-feira.

No lugar da domiciliar, o magistrado determinou que Dirceu use tornozeleira eletrônica e o proibiu de sair de sua cidade, Vinhedo, no interior de São Paulo, e de manter contato ou se encontrar com investigados da Lava Jato.

Arquivado em:Brasil

Da cadeia, Dirceu defende mudança no PT e quer guinada à esquerda em 2018




José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil  
© Dida Sampaio|Estadão José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil 
 
Dias antes de ter a prisão revogada, José Dirceu escreveu do cárcere uma carta de 14 páginas à qual o Estado teve acesso. Comparou os delatores que o acusam a “cachorros da ditadura”, defendeu uma virada à esquerda do PT, criticou o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a ação do juiz Sérgio Moro. Qualificou como golpistas o governo Temer e a mídia. E, diante do risco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ser candidato em 2018, em razão dos processos em que é réu na Operação Lava Jato, o petista escreveu: “Darão outro golpe, condenarão e prenderão Lula? Serão capazes dessa violência e ilegalidade? Veremos”.

A carta em papel almaço e a letra miúda e cursiva remetem à imagem das correspondências mantidas pelos presidiários comuns. Mas as palavras são as de um político. Não de um qualquer, mas de alguém que simboliza a “tragédia de uma geração, a de 1968”, como disse um de seus ex-companheiros, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ). Alencar conviveu com o ex-ministro e deixou o PT no início da crise provocada pelo mensalão, em 2005.

Dirceu leu 28 perguntas e, com base nelas, construiu sua última carta do cárcere. Reafirmou seu álibi e sua interpretação sobre os processos do mensalão e da Lava Jato, misturando no documento análise política e o que seria o programa para um futuro governo petista. 

Condenado a 32 anos e 1 mês de prisão por Moro em dois processos da Operação Lava Jato, o petista escreveu do Complexo Médico-Penal, em Pinhais, no Paraná. Desde 2016, ele enviava cartas para companheiros de partido, grupos internos e amigos tratando de seu caso, do futuro da esquerda e das táticas para 2018. “Na prisão ou em liberdade, sou um militante político e sempre serei”, escreveu.

Prisão. O ex-ministro descreveu sua rotina no cárcere. Sua cela de três metros de largura por seis de comprimento tem três camas. O antigo condestável da República, cujos cabelos aparados expõem sua calva, escreveu durante os dias 30 de março, 4, 5 e 6 de abril. “É muito triste para nós que convivemos com ele desde a luta pela redemocratização vê-lo preso. No fim, tudo aquilo que se podia imaginar de pior na forma de eles agirem, de manter o poder a todo custo, se mostrou verdade e real. E isso é muito pesaroso”, afirmou o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman.

Apesar do que pensam seus adversários políticos, o petista escreveu na carta que espera ser absolvido. “Se há juízes em Brasília sairei da prisão e serei absolvido. Trata-se de um processo político, sumário, de exceção.” E criticou as decisões de Moro. “Na prática, eu estou condenado à prisão perpétua. Basta somar as penas – 32 anos e 1 mês que, mesmo unificados, como determinou o juiz, são 25 anos e 6 meses. Como não se autoriza a progressão penal sem a reparação do dano, serei obrigado a cumprir a pena em regime fechado. Toda a pena.” Dirceu escrevia antes do julgamento do habeas corpus pela 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal, que o libertou.

Ele disse que as delações na Lava Jato são “forçadas, ilegais fruto das prisões preventivas, ameaças de pena sem direito a responder em liberdade ou progredir”. “É delação ou prisão perpétua. Feitas de encomenda e de comum acordo são como os chamados ‘cachorros’ (presos que, sob tortura, aceitavam mudar de lado) da ditadura.”

Ao seu interlocutor, Dirceu afirmou ainda: “Não tinha e não tenho que delatar”. “Não participei das campanhas do PT de 2006, 2010 e 2014. Não fiz parte de sua direção ou da Executiva, com exceção do diretório nacional de 2009 a 2012, sem nenhuma função ou cargo”.

Política. Em sua carta, Dirceu afirmou que Dilma Rousseff “foi deposta por um golpe”. “Não há justificativa para a ruptura do pacto constitucional de 1988. Hoje a verdade vem à tona: um presidente repudiado por 80% dos brasileiros, um programa de reformas que é uma regressão social e política, um Congresso em pânico e uma mídia que assiste ao fracasso de sua guerra midiática contra o PT, Lula e o governo Dilma.”

Para ele, a médio prazo a “Justiça e a democracia se restabelecerão” no País. O futuro de Lula, de Dilma, do PT “não está decidido”, e os petistas devem protestar e “acreditar”. 

Em sua carta, Dirceu traça uma estratégia para o PT. “Nada será como antes e não voltaremos a repetir os erros. Seguramente, voltaremos com um giro à esquerda para fazer as reformas que não fizemos na renda, riqueza, poder, a tributária, a bancária, a urbana e a política. Não se iludam vocês e os nossos. Não há caminho de volta. Quem rompeu o pacto que assuma as consequências.” Para ele, nada impede que o partido apoie, se for o caso, a candidatura de Ciro Gomes (PDT) em 2018. “Devemos nos unir no 1.º ou, seguramente, no 2.º turno.” 

Dirceu defendeu ainda a anistia ao chamado caixa 2. “Sou favorável à Justiça, ao respeito à lei e à Constituição, à igualdade perante a lei. Não se pode aplaudir a anistia a centenas de bilhões de reais remetidos ilegalmente ao exterior por centenas de cidadãos, crime de sonegação e de evasão de divisas, de corrupção e lavagem e, não só se opor, mas se ‘escandalizar’ e se ‘indignar’ por puro farisaísmo à anistia do chamado caixa 2, como bem destacou o ministro Gilmar Mendes”, escreveu.

Justiça. Por fim, o petista afirmou que juízes e promotores devem obediência à lei, em vez de “interpretar e legislar como aconteceu hoje em Curitiba”. “Juízes e promotores têm lado, ideologia, são aliados de forças políticas e econômicas que deram o golpe. Foram transformados em celebridades.”

E conclui: “É preciso aprovar a Lei de Abuso de Autoridade, rejeitar as 10 medidas (contra a corrupção) e submeter o Ministério Público Federal à lei. Abrir a caixa-preta de seus vencimentos, vantagens e privilégios, colocar o MPF sob controle externo e devolver à PF a sua função constitucional de polícia judiciária da União”.

terça-feira, 2 de maio de 2017

INSS começa a pagar benefícios atrasados nesta terça



INSS começa a pagar benefícios atrasados nesta terça: São Paulo é o estado que concentra o maior número de pagamentos, são 27,5 mil, que totalizam R$ 255,1 milhões © Reprodução São Paulo é o estado que concentra o maior número de pagamentos, são 27,5 mil, que totalizam R$ 255,1 milhões 
 
Começa a ser pago nesta terça-feira (2) o quinto lote dos benefícios atrasados devidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) àqueles que tiveram o cálculo revisto do que receberam por incapacidade ou pensões por morte entre 2002 e 2009.

Segundo o INSS, serão pagos R$ 749,6 milhões a 81,6 mil beneficiários. O quinto lote começa a ser pago hoje e termina no dia 8, de acordo com o cronograma previsto pelo INSS. A data vai depender do final do número do benefício.

O benefício pode ser consultado na internet ou por meio da Central de Atendimento 135, que funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h. Para realizar consulta pelo site, o segurado deverá ter senha cadastrada.

A revisão é automática. Aqueles que devem receber o benefício atrasado, receberam uma carta do INSS com as informações do pagamento. O quinto lote corresponde ao pagamento daqueles com até 45 anos e benefício ativo em 2012. Estão no grupo aqueles que receberão entre R$ 6.000,01 e R$ 15 mil. Exceto no caso de falecimento do titular, não é necessário que os beneficiários procurem uma Agência da Previdência Social.

São Paulo é o estado que concentra o maior número de pagamentos, são 27,5 mil, que totalizam R$ 255,1 milhões.

Revisão

A revisão faz parte do acordo estabelecido em agosto de 2012, entre o INSS, o Ministério Público Federal e o Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, homologado pela Justiça Federal em São Paulo, em virtude de Ação Civil Pública. O acordo abrange o reprocessamento de benefícios concedidos entre 2002 e 2009.

A ação determinou que fosse recalculado o valor de determinados benefícios aplicando-se o percentual inicialmente fixado pela Lei nº 9.876/99, ou seja, 80% dos maiores salários de contribuição dentro do período básico de cálculo. Na época, estes benefícios foram calculados com base em 100% dos salários de contribuição.

As revisões abrangem pensão por morte, auxílio-doença previdenciário, aposentadoria por invalidez, auxílio-acidente previdenciário, aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho, auxílio-doença por acidente de trabalho, auxílio-acidente e pensão por morte por acidente de trabalho.

A conclusão dos pagamentos será em 2022, de acordo com o cronograma previsto pelo Instituto. Com informações da Agência Brasil.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Como retificar a declaração do Imposto de Renda 2017




Imposto de Renda 2017 © image/jpeg Imposto de Renda 2017 
 
São Paulo – A Declaração Retificadora do Imposto de Renda permite aos contribuintes corrigir erros cometidos tanto na declaração do IR deste ano quanto nas dos cinco anos anteriores.

A retificação é feita no mesmo software da declaração original. Basta abrir o programa da declaração a ser corrigida e selecionar a opção “Declaração Retificadora” abaixo da pergunta “Que tipo de declaração voce deseja fazer?”.

Em seguida, é preciso informar o número do recibo da declaração a ser retificada e depois é só alterar a informação que deve ser corrigida, seguindo as mesmas regras do IR que valeriam se o dado fosse declarado no formulário original.

A Receita pode consultar declarações de até cinco anos atrás,  mesmo que elas constem como processadas, para checar omissões e erros.

Por isso, sempre que o contribuinte constatar alguma informação incorreta referente aos últimos cinco anos é importante fazer a retificação para evitar a malha fina. Os contribuintes podem fazer a retificação do IR quantas vezes for preciso.

Se a retificação for feita agora, depois do dia 28 de abril, prazo final para entrega da declaração, o contribuinte não poderá alterar o modelo da declaração de simplificada para completa, ou vice-versa. Já quem fez a retificação dentro do prazo teve direito a essa mudança.

Ao alterar o modelo, no entanto, quem se adiantou para ter prioridade na restituição perde a vantagem, uma vez que a data da declaração retificadora se sobrepõe à data da declaração original.

Vale ressaltar que se a declaração for retida na malha fina, não será possível fazer a retificação. Por isso, o ideal é que as correções sejam realizadas antes do prazo final da entrega do IR, já que a Receita já começa a fazer o cruzamento de dados poucos dias depois do prazo final.

Sete em cada dez brasileiros se declaram contrários à reforma da Previdência, diz pesquisa



A proposta de reforma da Previdência, uma das principais bandeiras do governo Michel Temer, tem despertado rejeição entre a maioria dos brasileiros. Conforme aponta pesquisa realizada pelo insituto Datafolha, 71% dos brasileiros se declaram contrários à reforma. A taxa vai a 83% quando considerados apenas funcionários públicos, uma das categorias mais afetadas pelas mudanças propostas.

A pesquisa mostra também a opinião dos 2.781 entrevistados sobre alterações que o governo ainda discute fazer na proposta inicial apresentada à comissão especial que analisa a pauta, como as regras específicas para aposentadoria de professores, policiais militares e membros das forças armadas. Entre os consultados, 54% são contra as diferenças de idade mínima e tempo de contribuição no caso de professores, 55% pensam o mesmo sobre a aposentadoria de policiais e 58% no caso dos militares.
Entre os que se declaram a favor da reforma previdenciária, 87% afirmam ser contra pelo menos um entre três pontos específicos: a idade mínima de 65 anos para homens, de 62 para mulheres e a nova fórmula de cálculo de benefício, que determina 40 anos de contribuição para o recebimento do teto.

Novas leis. Além das alterações na previdência, a pesquisa aborda também outras reformas no radar do governo federal. É o caso da proposta de reforma trabalhista e a lei da terceirização.
Previdência: No Congresso, oposição também mostra resistência às mudanças © André Dusek/Estadão No Congresso, oposição também mostra resistência às mudanças 
 
Entre os entrevistados, 64% acreditam que a reforma trabalhista, aprovada pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira, privilegia empresários em detrimento dos trabalhadores. Sobre a lei da terceirização, que permite a contratação fora da CLT para qualquer tipo de serviço, 63% consideram o mesmo. 

Quando considerados os empresários, quase metade (48%) entende que o emprego deve ser beneficiado pela nova lei. Entre os assalariados, porém, esse índice caai a 34% que acredita que haverá menos vagas e 33% que consideram que o panorama continuará o mesmo.