"O Brasil está em farrapos". É assim que começa o editorial publicado pelo jornal The New York Times (NYT) sobre a situação econômica e política do país.
O rebaixamento do rating do país pela Moody's, os escândalos da Lava Jato, a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff e os protestos contra o governo são apontados pelo jornal como as causas da recessão brasileira.
"No
meio de toda essa turbulência, é fácil perder as boas notícias", diz o
jornal, salientando a força das instituições democráticas do Brasil.
O
NYT ressalta como o Ministério Público Federal tem demostrado
independência em relação a uma certa "cultura da imunidade", que
benefica os mais poderosos da política e da elite dos negócios.
O
jornal cita como exemplos as prisões dos ex-executivos da Petrobras, do
presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e até mesmo do almirante
que cuidou do programa nuclear brasileiro, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
Em
relação às investigações sobre a presidente Dilma e o ex-presidente
Lula, o jornal lembra que, antes de alcançar a Presidência, Dilma foi
ministra de Minas e Energia e, portanto, comandou a Petrobras durante
sete anos.
"Ela,
admiravelmente, não fez nenhum esforço para impedir ou influenciar as
investigações", afirma o NYT sobre a relação da presidente com a Lava
Jato. E ainda lembra como Dilma "tem consistentemente enfatizado que
ninguém está acima da lei", reconduzindo Rodrigo Janot à Procuradoria
Geral da República.
Como não há
evidências de ações ilegais por parte da presidente, o jornal declara
que, mesmo sendo "sem dúvidas, responsável por grande parte da má gestão
que afundou a economia brasileira", não existem crimes que
responsabilizem Dilma.
Segundo
o jornal, um impeachment nessas circunstâncias causaria sérios danos a
uma democracia que vem ganhando força há 30 anos. "E não há nada que dê a
entender que qualquer outro líder irá fazer algum trabalho melhor com a
economia", diz o editorial sobre os ajustes que o governo Dilma tem
realizado.
O New York Times
admite que os brasileiros estão passando por um momento delicado, mas
aconselha: "as coisas tendem a piorar antes de melhorar". E adverte que a
solução não virá se "minarmos" as instituições democráticas que
ultimamente têm sido a garantia da estabilidade.
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