Por Talita Fernandes e Beatriz Bulla, de Brasília
Brasília - Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República
(PGR), o lobista Júlio Camargo - que relatou pagamento de propina ao
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - afirmou que o
lobista Fernando Soares era conhecido por representar o PMDB, o que
incluiria, além de Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e o vice-presidente da República Michel Temer.
"Havia
comentários de que Fernando Soares era representante do PMDB,
principalmente de Renan, Eduardo Cunha e Michel Temer. E que tinha
contato com essas pessoas de 'irmandade'", consta em relatório dos
investigadores sobre o primeiro depoimento prestado por Júlio Camargo à
PGR, em março. Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, foi
responsável por intermediar pagamento de propina combinada com Júlio
Camargo para facilitar um contrato de aquisição de navios-sonda pela
Petrobras com a coreana Samsung Heavy Industries Co.
Em
outro ponto do depoimento, ao mencionar que o PMDB deu apoio ao
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Camargo volta a citar de
forma vaga os três nomes e também o nome do empresário José Carlos
Bumlai. O relatório da Procuradoria aponta dentro do depoimento de
Camargo que Bumlai seria amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
"Na área interna o depoente negociava
diretamente com Paulo Roberto Costa. Fenando Soares - era corrente -
que representava o PMDB . Depois o PMDB tambcm 'entrou para fortalecer'
Paulo Roberto Costa. Ambos então 'ficaram muito fortes'. Fala-se de
Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Michel Temer, José Carlos Bumlai (que
seria muito amigo do ex-presidente Lula)", aponta o relatório da PGR
sobre o depoimento de Camargo.Os três depoimentos de Camargo o grupo de
trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, permaneciam em
sigilo até hoje, e serviram de fundamento para o oferecimento de denúncia contra o peemedebista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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