Como é a vacina da gripe H1N1
A vacina da gripe utilizada na rede pública será a trivalente, a mesma usada no ano de 2015. Ela previne contra três tipos de vírus influenza e é composta por três cepas (espécies do vírus): uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B. O Ministério da Saúde optou por vacinar a população com a vacina trivalente na rede pública, devido à prevalência do vírus H1N1. "Em vista do surto, o Ministério da Saúde decidiu utilizar a vacina trivalente. Isso porque o vírus H1N1 não passou por alterações, portanto, a vacina continua eficaz para preveni-lo", explica a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Mesmo que o vírus H1N1 não tenha
mudado, o vírus H3N2 e a cepa B mudaram de 2015 para cá. Sendo assim,
para proteger a população contra eles, foi criada a vacina quadrivalente
(também chamada de tetravalente). O antídoto oferece a mesma imunização
da vacina trivalente (cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B) e
conta ainda com uma cepa B a mais, tornando-se mais completa que a
trivalente. A vacina quadrivalente está disponível apenas na rede de
saúde privada.
A vacina
quadrivalente é produzida pelas empresas farmacêuticas privados GSK e
Sanofi. A versão da GSK está licenciada pela Anvisa em nosso país para
crianças e adultos a partir de três anos de idade, em formulação única
de 0,5mL. Já a vacina quadrivalente do laboratório Sanofi Pasteur tem
registro na Anvisa de duas formulações: pediátrica, para uso em crianças
de seis meses até três anos (0,25mL) e adulta, para crianças e adultos
acima de três anos de idade (0,5mL).
De
acordo com o infectologista Celso Granato, professor da Unifesp e
diretor científico do laboratório Fleury, as pessoas que tomaram ou
ainda vão tomar a vacina trivalente não precisam se sentir inseguras em
relação a ela, pois ambas protegem contra o vírus H1N1, causador do
surto de gripe. O que a vacina quadrivalente faz é proteger contra um
tipo de vírus B que é muito difícil de afetar a população.
Quem deve tomar a vacina da gripe H1N1
Devido
a uma possível instabilidade do sistema imunológico alguns grupos têm
prioridade para a imunização contra a gripe H1N1. Entre os principais
grupos chamados de prioritários estão bebês, mulheres grávidas e
mulheres que deram à luz há menos de 45 dias (chamado período puerpério,
ou pós-parto).
Em crianças e
bebês, a gripe H1N1 tende a se manifestar de forma mais grave do que
nos adultos. "Qualquer doença nesta faixa etária é mais grave porque a
criança ainda não tem o sistema imunológico tão fortalecido quanto o do
adulto", explica a pediatra Andréa Lucchesi de Carvalho, presidente do
comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria.
Crianças
entre seis meses e nove anos que estão tomando a vacina pela primeira
vez devem tomar duas doses da vacina com intervalo de até três semanas.
Já as crianças da mesma faixa etária (entre seis meses e nove anos)
que já tomaram a vacina em outros anos, tomam apenas uma dose.
Adultos
e crianças de qualquer idade que já se vacinaram no ano passado ou em
anos anteriores e que querem ou devem se proteger precisarão tomar a
vacina novamente. Isto porque o vírus da gripe sofre pequenas
modificações de um ano para outro. Além disso, o tempo de duração de uma
vacina costuma ser em torno de 1 ano. "A imunidade começa a cair a
partir do oitavo mês depois da vacinação. Por isso, é importante as
pessoas cuidarem da saúde e se vacinarem contra a gripe", alerta a
pediatra Isabela Ballalai
Sintomas diferentes em bebês e crianças
Outra
questão é que em bebês e crianças os sintomas da gripe H1N1 podem ser
um pouco diferentes do que nos adultos. "Os sintomas são mais
inespecíficos, o pequeno pode só ficar um pouco mais irritado, com
dificuldade para se alimentar, mas a febre, sintoma comum nos adultos,
pode demorar para aparecer", destaca Andréa Lucchesi de Carvalho. Por
isso, é essencial contatar o pediatra assim que a criança começar a
apresentar algum problemas de saúde.
Vacinação antes do bebê completar 6 meses
Os
bebês menores de seis meses não devem tomar a vacina contra gripe
porque ainda não há estudos suficientes sobre os efeitos dela nos
primeiros meses de vida. Além disso, acredita-se que a vacina da gripe
antes dos seis meses de vida pode não ser tão eficaz, pois o sistema
imunológico do bebê não está totalmente preparado. Nesta fase o bebê
receberá a proteção contra esta doença por meio do aleitamento materno,
desde que a mãe tenha se vacinado contra a gripe. Esse é um dos motivos
pelos quais também é essencial que as gestantes e as puérperas, caso não
tenham se imunizado na gravidez, se vacinem contra a gripe H1N1.
Vacinação para gestantes
A
gripe H1N1 é mais preocupante para gestantes. "A gravidez é um momento
especial e modifica todo o organismo da mulher. Entre as mudanças, as
gestantes têm maior dificuldade para respirar porque o crescimento do
bebê comprime os pulmões e ainda há uma diminuição da resposta do
sistema imunológico", observa a pediatra Andréa Lucchesi de Carvalho.
A
orientação é que as gestantes procurem se vacinar logo após o primeiro
trimestre de gestação, período recomendado pelos médicos. É importante
deixar claro que contrair a gripe H1N1 na gravidez não irá afetar a
saúde do feto. Caso a mulher não tenha tomado a vacina durante a
gestação, deve tomar no período do puerpério, pós-parto. Os sintomas e o
tratamento da gripe H1N1 nas gestantes e puérperas é igual aos dos
demais adultos.
Pacientes crônicos e idosos
Além
disso, pacientes de qualquer idade que apresentem doença pulmonar ou
cardiovasculares crônicas e graves, insuficiência renal crônica,
diabetes melito insulino-dependente, cirrose hepática e
hemoglobinopatias também têm prioridade para tomar a vacina.
Da
mesma forma, devem tomar a vacina pessoas imunocomprometidas ou
HIV-positivos, pacientes submetidos a transplantes, profissionais de
saúde e familiares que estejam em contato com os pacientes mencionados
anteriormente e pessoas de 60 anos.
Importância da vacinação
A
vacina contra o vírus influenza, tanto a trivalente quanto a
quadrivalente oferece cerca de 70% de eficácia para quem é imunizado.
"Isso não quer dizer que as pessoas não vão mais pegar gripes. Mas se
pegarem, terão sintomas mais amenos e um sistema imunológico
fortalecido", ressalta o infectologista Celso Granato.
Além
disso, a vacina fortalece organismo contra os casos de pneumonia viral,
bacteriana e também a Síndrome Respiratória Aguda. "Se o organismo está
fraco, pode acontecer de o vírus se desenvolver com mais força e
desencadear problemas que podem levar à morte", alerta a pediatra Andréa
Lucchesi de Carvalho.
Uma
das possíveis hipóteses que explicam o surto de gripe é que o sistema
imunológico da população estava "desacostumado" a criar anticorpos
contra o vírus H1N1. "Ano passado sobraram vacinas contra a gripe, isso
pode ter levado a uma queda nas defesas imunológicas da população e
desencadeado um surto esse ano", opina Granato. Ele diz que não acredita
que o trânsito de pessoas vindas do hemisfério norte possa ser a única
hipótese para o aumento de casos de principalmente porque as pessoas
estão viajando menos.
Efeitos colaterais possíveis
Tanto
a vacina trivalente quanto a quadrivalente são aplicadas via
intramuscular. Em vista disso pode acontecer a região ficar um pouco
sensível no dia. Algumas pessoas também podem apresentar episódios de
febre, mal-estar nas primeiras 24 horas.
É
comum as pessoas acharem que a vacina causa gripe. De acordo com os
especialistas, isso não é verdade, pois o antídoto é feito com o vírus
inteiro inativo, em outras palavras, morto. Sendo assim, não haveria
como a vacina ocasionar uma gripe. "O que acontece é que o vírus
influenza está circulando no ar e pode acontecer de a pessoa estar com
ele incubado no período em que tomou a vacina", explica a pediatra
Isabella. É importante enaltecer que a resposta imunológica não é
imediata e o organismo só começa a produzir anticorpos contra a gripe a
partir de duas ou três semanas depois da imunização.
Contraindicação
As
pessoas que apresentam hipersensibilidade ao ovo não podem tomar a
vacina, pois o componente faz parte do antídoto. E pacientes que
apresentaram alguma reação anafilática precisam se vacinar em ambiente
hospitalar.
Onde encontrar
A
vacina trivalente pode ser encontrada na rede pública em postos de
vacinação e unidades básicas de saúde. É importante ressaltar que
somente as pessoas pertencentes ao grupo prioritário podem tomar a
vacina na rede pública. Quem não estiver dentro do grupo prioritário e
quiser tomar a vacina pode encontrá-la em clinicas e laboratórios
particulares.
É importante
ressaltar que os antídotos não ficam disponíveis nos postos de saúde o
ano inteiro. Por isso, quem for se vacinar na rede pública precisa ficar
atento ao calendário de vacinação do Ministério da Saúde, que se inicia
no dia 30 de abril e termina em 20 de maio. Estados como São Paulo,
optaram por antecipar a vacinação para 11 de abril na capital e região
metropolitana.
Surto sim, epidemia não
Em
entrevista, o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha informou
que estamos distantes de uma situação epidêmica da gripe H1N1 e que o
aumento de pessoas que manifestaram a gripe está em um local específico.
De
acordo com ele, como forma de combater a maior circulação do vírus na
cidade, a secretaria está alertando os profissionais de saúde sobre
essas síndromes, especialmente a H1N1, e redobrar a atenção com
gestantes, cardiopatas ou diabéticos. Além disso, também é importante a
saúde pública garantir o Tamiflu (medicamento para tratar a gripe H1N1).
Para
o infectologista Celso Granato, as pessoas vêm apresentando um medo
excessivo em relação ao vírus H1N1. "A imunização é a melhor forma de se
prevenir contra o vírus H1N1, mas é importante lembrar que a vacina é
essencial principalmente para a população de risco (grupos
prioritários). Se as pessoas que não fazem parte desse grupo quiserem
tomar, será muito bom. Mas não tomar a vacina contra gripe não
representa uma sentença de morte", alerta.
A gripe H1N1
A
gripe causada pelo vírus Influenza A/H1N1(inicialmente chamada de gripe
suína) é uma doença transmitida de pessoa para pessoa por meio de
secreções respiratórias, principalmente por meio de tosse ou espirro. A
transmissão costuma ocorrer quando há contato, especialmente em locais
fechados. Caso ocorra a transmissão os sintomas podem se iniciar no
período de três a sete dias após o contato, geralmente com febre alta,
em torno de 38C°, coriza, nasal, espirros e dores musculares. Apesar do
nome popular de gripe suína não há registro de transmissão da gripe
H1N1 para pessoas por meio da ingestão da carne de porco.
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