Às vésperas da votação do
impeachment, a presidente Dilma Rousseff promoveu dezenas de trocas em
cargos comissionados de 26 órgãos da administração federal, seja
diretamente nos ministérios ou fundações e autarquias vinculadas. Alguns
dos partidos atingidos são o PP, o PMDB e o PRB.
O
governo Dilma passou a negociar abertamente o voto de parlamentares em
troca de cargos. Parte da série de mudanças envolve cargos federais de
segundo e terceiro escalão em Estados do Nordeste, como Sergipe, Alagoas
e Paraíba. É justamente a região do país cujos parlamentares sofrem
mais assédio, seja da petista ou de governadores que a apoiam.
As nomeações e exonerações foram publicadas na edição extra do Diário Oficial da União
veiculado na noite desta sexta-feira. A edição regular só volta na
próxima semana. Sem o poder de publicar os nomeados, deputados
desconfiavam das promessas e negociações. Eles reclamavam, nos
bastidores, que o governo não tinha como garantir que seriam cumpridas.
Uma das teses é de "desconfiança e falta de credibilidade para
negociar".
O deputado Joaquim
Passarinho (PSD-PA), favorável ao impeachment, citava como exemplo que
um nomeado recente para diretoria do Incra no Pará, indicado pelo nanico
PTN, não conseguiu assumir o cargo porque o PT local instou uma greve
no órgão, mesmo depois de o Ministério do Desenvolvimento Agrário
publicar a nomeação. Passarinho disse que o leilão de votos cessaria
porque o próximo Diário Oficial da União seria publicado apenas depois do impeachment. "Acabou a compra de deputados", disse ao site de VEJA.
Horas depois, o Planalto soltou a edição extra, com dezenas de trocas.
Veja abaixo a lista de órgãos em que houve trocas:
Ministro de Estado da Integração Nacional - José Pinheiro Dória, interino ligado ao PP, foi demitido
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - Sudam
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - Dnocs
Secretaria
de Aviação Civil - Juliano Alcântara Noman, secretário vinculado ao
ex-ministro Eliseu Padilha e ao vice-presidente Michel Temer, do PMDB
Fundação Nacional de Saúde - Funasa
Ministério do Esporte - Dirigente do PRB, o então secretário de Inclusão Social Carlos Geraldo foi exonerado
Advocacia-Geral da União
Ministério da Agricultura
Ministério da Ciência e Tecnologia
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Instituto Brasileiro de Museus
Fundação Biblioteca Nacional
Ministério da Defesa
Ministério da Fazenda
Ministério da Justiça
Polícia Rodoviária Federal
Departamento Penitenciário Nacional - Depen
Conselho Administrativo de Defesa Econômica - Cade
Fundação Nacional do Índio - Funai
Departamento Nacional de Trânsito - Denatran
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos
Itamaraty
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Instituto Chico Mendes
Ministério do Trabalho
Ministério dos Transportes
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