A um dia da votação do impeachment, o
vice-presidente Michel Temer usou uma rede social nesta manhã de sábado
para desmentir que irá acabar com programas sociais, como o Bolsa
Família, caso ele assuma o governo. Pouco antes do horário do almoço de
hoje, ele retornou ao Palácio do Jaburu, em Brasília, onde terá uma
reunião de trabalho. "Leio hoje (sábado) nos jornais as acusações de que
acabarei com o Bolsa Família. Falso. Mentira rasteira. Manterei todos
programas sociais", escreveu em sua conta pessoal no Twitter, por volta
das 7h30.
Em vídeo divulgado nas redes sociais na madrugada deste sábado, Dilma Rousseff afirmou que Temer vai revogar os programas sociais,
símbolos das gestões petistas, se chegar ao poder. 'Manterei todos
programas sociais', garante Temer se assumir o lugar de Dilma
Ed Ferreira|Estadão
"Vejam quem está liderando esse processo e o que propõem para o futuro
do Brasil. Os golpistas já disseram que se conseguirem usurpar o poder
será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Querem revogar
direitos e cortar programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha
Casa Minha Vida. Ameaçam até a educação", afirmou.
A presidente faria um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na sexta-feira. No entanto, o governo decidiu suspender a transmissão e divulgar o vídeo apenas nas redes sociais por medo de interpelações jurídicas.
Temer
decidiu voltar a Brasília sexta à noite, alterando seu plano inicial de
passar o fim de semana em São Paulo. O vice-presidente marcou uma
reunião de trabalho às 12 horas, no Palácio do Jaburu. Apesar de seus
aliados demonstrarem confiança na vitória do impeachment, ainda há o
receio de que o governo possa evitar os 342 votos em favor do
impeachment.
A notícia de que três deputados
do PP voltaram atrás na decisão de apoiar o impeachment acionou o
alerta no grupo de Temer. Ainda assim, o ex-ministro Eliseu Padilha, que
integra o núcleo duro do vice, classificou como "piada" a suposta
reação. Também numa conta de rede social, Padilha ressaltou o pedido de
demissão do presidente do PSD, Gilberto Kassab, do Ministério das
Cidades.
Repercussão
Deputados
do PT que participam da sessão de debate no processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff na Câmara reagiram neste sábado às publicações
do vice Michel Temer em que nega a intenção de acabar com os programas
sociais, o que chama de "mentira rasteira".
Em
discurso no plenário, o deputado Paulo Pimenta (RS) afirmou que Temer
falou como presidente, antes mesmo da votação sobre a admissibilidade do
processo. "Temer, o Breve, anunciou medidas como se presidente da
República fosse", afirmou Pimenta, em tom irônico. "O vice-presidente
superou seu intuito conspirador", discursou o petista. O deputado gaúcho
se disse satisfeito com o clima de "vira, virou" que fez o governo
garantir novos votos contra o impeachment, mas ressalvou que "a oposição
nunca teve os votos necessários para aprovar sua proposta de golpe."
Em
entrevista, Wadih Damous (RJ), reiterou a acusação de que em um
possível governo Temer haveria pressão para dificultar as investigações
da Operação Lava Jato. "Todos sabem que Temer disse que conseguiria
brecar a Operação Lava Jato. Não sei como, porque o Minisitério Público é
autônomo e a Polícia Federal não pode atuar contra a investigação",
afirmou.
Damous afimou que "a ação de Temer
sempre foi para brecar os programas sociais". O deputado carioca
reforçou a tese de que a oposição não tem garantidos os 342 votos
necessários para aprovar o impeachment da presidente. Segundo Damous, os
deputados indecisos, desde sexta-feira, tendem a votar contra o
impeachment ou optar pela abstenção, o que favorece o governo, pois tira
possíveis votos a favor do afastamento da pesidente. O governo não tem
que garantir votação mínima contra o impeachment, enquanto a oposição
precisa de pelo menos dois terços dos 513 deputados.
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