O presidente do Senado e do
Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou na noite de
quarta-feira que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode
acabar sendo preso em função das seguidas manobras que adotou para
protelar o processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Cunha
responde a uma denúncia por quebra de decoro parlamentar, que pode levar
à cassação de seu mandato.
—
A influência dele (Cunha) na comissão vem desde lá de trás. Mas, se ele
continuar destituindo relator, trocando líder, manobrando com minorias,
vão acabar decretando a prisão dele — disse Renan, na noite de quarta, a
um interlocutor por telefone.
O
GLOBO presenciou a conversa de Renan. A frase foi ouvida por volta das
22h, quando o presidente do Senado chegava a um jantar na casa do líder
do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira, no Lago Sul, em Brasília.
Renan
entrou no jardim da residência já falando ao telefone. O GLOBO
acompanhava a movimentação do lado de fora. Os integrantes do grupo que
acompanhava o presidente do Senado entraram na casa, mas Renan voltou
para a escada do lado de fora, no jardim, e continuou o telefonema
falando em tom elevado.
SAÍDAS PARA O PAÍS
Ao
interlocutor, o presidente do Senado explicava pelo telefone que
apresentou a Agenda Brasil (um conjunto de propostas entregues pelo
Senado ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para retomada do
crescimento econômico), e que ela foi alvo de uma série de reclamações,
inclusive da oposição. Destacou, no entanto, que esse precisa ser o
papel do PMDB agora: propor saídas para o Brasil.
Renan
seguiu falando que teve uma reunião com o ministro da Casa Civil,
Jaques Wagner, para fazer uma avaliação geral do quadro político do
país. Foi neste momento que o presidente do Senado passou a abordar a
situação de Cunha, sem citá-lo nominalmente. Ele encerrou a conversa com
o interlocutor combinando um encontro na próxima semana, e entrou na
casa de Eunício.
O jantar
reuniu senadores de vários partidos e o vice-presidente Michel Temer,
que chegou à casa de Eunício por volta das 23h. Entre os presentes
estavam os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Marta Suplicy (PMDB-SP),
Edison Lobão (PMDB-MA), João Capiberibe (PSB-AP), Antonio Carlos
Valadares (PSB-SE), José Medeiros (PPS-MT), Fátima Bezerra (PT-RN),
Lídice da Mata (PSB-BA), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). O governador do Distrito
Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e o ex-ministro Moreira Franco também
estiveram presentes.
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