Eduardo Cunha durante entrevista em Brasília© REUTERS/Ueslei Marcelino Eduardo Cunha durante entrevista em Brasília
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados voltou a adiar, desta vez para o início da tarde de quarta-feira, a sessão para deliberar sobre o parecer preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP), favorável ao andamento do processo que pede a cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Essa é a quarta vez que a votação é adiada pelo conselho. Na sessão desta terça, foi encerrada a fase de discussões do processo e, em tese, a pauta está pronta para ser votada.
“Hoje todos os deputados inscritos falaram, ninguém pode se queixar de que não falou ou que atropelei o regimento. Amanhã entramos direto na votação, portanto, acredito que em uma hora, uma hora e meia vamos concluir”, disse o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).
A defesa de Cunha recorreu nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para trocar o relator do processo (Pinato). O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. Um outro recurso contra o relator, regimental, foi apresentado à Mesa Diretora da Câmara pela defesa de Cunha.
Na sessão, houve bate-boca entre parlamentares contrários e favoráveis a Cunha. Após reafirmar que os deputados do PT no Conselho votariam pela admissibilidade do processo e classificar a situação de Cunha como “insustentável”, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) desentendeu-se com o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), conhecido como Paulinho, um dos principais aliados de Cunha.
Além do bate-boca, a sessão desta terça foi marcada por protestos de estudantes contra Eduardo Cunha. Mais cedo, eles entraram no plenário com cartazes com dizeres contrários ao presidente da Câmara e, ao fim da sessão, entraram na sala entoando gritos de “Fora Cunha”.
Após mais de três horas de debates, com os aliados de Cunha buscando ganhar tempo para tentar adiar a votação, a sessão foi encerrada com o início da ordem do dia no plenário da Câmara.
Ao fim da sessão, o deputado Zé Geraldo disse a jornalistas que, se a votação ocorresse nesta terça, Cunha teria perdido, ou seja, o processo teria seguimento. “Se a votação fosse hoje, o Cunha teria perdido. Tanto é que eles (aliados de Cunha) levaram para amanhã exatamente porque perceberam isso. E acredito que o resultado de amanhã será o mesmo (que seria) de hoje”, afirmou.
O pedido de abertura de processo contra Cunha baseia-se no fato de ele ter negado na CPI da Petrobras possuir contas bancárias na Suíça, sendo que depois disso a Procuradoria-Geral da República informou sobre a existência de recursos no exterior.
(Reportagem de Leonardo Goy)