BRASÍLIA - Investigação
do Ministério Público da Suíça mostra que os recursos atribuídos ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), circularam por ao menos
23 contas bancárias no exterior como forma de ocultar sua origem. Entre
saques e depósitos que abasteceram as quatro contas em nomes de
offshores que têm o deputado como beneficiário, os ativos transitaram
por bancos em Cingapura, Suíça, Estados Unidos e Benin.
As
autoridades brasileiras, que receberam documentos sobre o suposto
esquema de lavagem de dinheiro, tentam rastrear a fonte da maior parte
dos recursos que abasteceram as contas atribuídas a Cunha.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)
Fabio Motta/Estadão
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)
Valor
de US$ 500 mil chama a atenção dos investigadores e será um dos
principais focos da apuração a partir de agora. Eles suspeitam que o
dinheiro seja fruto de outros esquemas de corrupção para além do apurado
pela Petrobrás, mas que também tenham sido desviados de contratos
públicos. Cunha nega ter contas fora do País.
As quatro contas
bancárias atribuídas ao presidente da Câmara e à mulher dele, Cláudia
Cordeiro Cruz, não declaradas à Receita, receberam R$ 23,2 milhões,
segundo a Suíça. Na principal delas, uma espécie de “conta-mãe” aberta
no banco Julius Baer, foi bloqueado o equivalente a R$ 7,4 milhões em
abril deste ano. Documentos enviados pelas autoridades do país comprovam
que um negócio de US$ 34,5 milhões fechado pela Petrobrás em 2011 no
Benin, na África, serviu para irrigar as quatro contas.
Defesa. Em
nota à imprensa, advogados de Cunha afirmam que o parlamentar não foi
notificado nem teve acesso a nenhum procedimento investigativo.
“Sem
que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se
estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto
constitucionalmente como também pelos próprios tratados de cooperação
internacional – estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa”,
diz texto dos escritórios Garcia de Souza Advogados e Reginaldo Oscar de
Castro.
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