O presidente da Petrobras,
Aldemir Bendine, nem precisou iniciar nesta quarta-feira (14) seu
depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, na
Câmara dos Deputados, para a sessão gerar polêmica. Antes de Bendine
falar, vários parlamentares defenderam a prorrogação da CPI, que tem
previsão de entrega do relatório final no início da próxima semana e
houve bate-boca no plenário.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP)
defendeu a convocação do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ): “Peço para que os deputados que não assinaram assinem o
pedido de prorrogação da CPI. Depoimentos importantíssimos que não foram
ouvidos. Em agosto entramos com a quebra de sigilo do presidente dessa
Casa. Ele é acusado por diversas ilegalidades. E agora que precisamos
que ele venha convocado, querem fechar as portas da CPI”.
O
deputado chegou a reproduzir no microfone um áudio de Cunha dizendo que
iria à CPI “quantas vezes for necessário” para convencer os colegas a
convocá-lo a depor. A fala do presidente da Casa ocorreu em março,
quando foi submetido às perguntas dos parlamentares sem que fosse
necessário um requerimento para sua convocação.
Outros deputados
pediram a palavra e defenderam a prorrogação da CPI, que seria a
terceira. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) questionou as acusações
contra o presidente da Câmara, que é do mesmo partido. Ele tentou
minimizar as acusações contra Cunha e voltar o foco aos administradores
da Petrobras na época em que começou o esquema de corrupção na empresa.
“Ele
não é um protagonista nesse processo, até porque na época não era
presidente da Petrobras, do Conselho da Petrobras ou presidente da
República. E a partir do momento em que o presidente da Câmara é
escolhido como alvo principal, percebemos que tem algo estranho”, disse
Marun.
O parlamentar, no entanto, não se opôs à prorrogação do
prazo da comissão. “Não precisamos nos estender aqui num debate que vai
acontecer no plenário. Se tiver faltando alguma assinatura, eu me
disponho a assinar esse requerimento [de prorrogação da CPI]”.
No
momento em que o deputado João Gualberto (PSDB -BA) pediu a palavra, os
ânimos se exaltaram. Gualberto iniciou sua fala criticando o partido de
Valente, que chamou de “partido auxiliar do PT”, acusando-o de não falar
na suposta participação do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma
Rousseff.
Nesse momento, Valente se exaltou e interrompeu o
colega, aos berros: “Você não tem o direito de falar isso, não! O senhor
cale a boca!”, disse, antes de ser acalmado pelo presidente da
comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). Após Gualberto concluir sua
fala, Valente lembrou ter assinado requerimentos para convocação de
pessoas envolvidas com o PT, como o presidente do Instituto Lula, Paulo
Okamoto, e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.
A deputada
Eliziane Gama (REDE-MA), reforçou a importância da convocação desses
nomes: “O término da CPI sem ouvir o Okamoto, o Palocci, sem ter [a
quebra do] sigilo bancário dessas pessoas, não teremos um relatório
conclusivo. Faço meu apelo para que tenhamos a ampliação desse prazo e
possamos ouvi-los”. O presidente da comissão, no entanto, explicou que
outros depoentes só serão convocados em caso de prorrogação da CPI. Caso
contrário, o depoimento de Bendine será o último antes da confecção do
relatório final.
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