O empresário Júlio
Camargo afirmou em depoimento contra o deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) que foi coagido, extorquido e chantageado pelo parlamentar “de
maneira muito elegante”.
Camargo é um dos delatores da Operação
Lava Jato e revelou que não havia citado o envolvimento de Cunha em seu
primeiro depoimento de delação premiada por "medo".
“Simplesmente
um fator: medo, receio. Toda pessoa que é razoavelmente inteligente ou
não é demente tem que ter [medo]. E o meu medo, o meu receio, não era
físico, o meu receio era de uma pessoa poderosa, agressiva, impetuante
(sic) na sua cobrança, contra minha família e meus negócios e das minhas
representadas. A pessoa que se apresenta dessa maneira, que me coage,
me extorque, me chantageia de maneira muito elegante. Porém, foi
exatamente isso que aconteceu, nesses termos que estou usando: ou você
paga ou vou te buscar. De novo, não é ameaça física”, esclareceu
Camargo.
A reportagem do jornal o Globo destaca que o depoimento
foi dado na última segunda-feira, em São Paulo. Cunha é réu em duas
ações penas que estão em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado afastado é acusado de receber ao menos US$ 5 milhões em dinheiro desviado de contrato de navios-sonda da Petrobras.
OUTRO LADO
A defesa de Cunha afirmou que “estão muito claras as contradições existentes” nas delações das testemunhas de acusação.
Ticiano
Figueiredo, advogado do peemedebista, disse que Júlio Camargo admite
ter recebido toda propina referente às sondas e que Eduardo Cunha não
teve participação na contratação das sondas. “Pelo que se vê nos
depoimentos, Júlio Camargo recebeu, não repassou para Fernando Baiano e
para quem mais tinha combinado de passar. Ficou claro que Eduardo Cunha
não tem nada a ver com essa negociação”, disse Ticiano Figueiredo.
O
advogado também argumenta que não houve a suposta reunião em que
Eduardo Cunha teria cobrado pessoalmente Camargo. “Para o tal encontro
que teria ocorrido ninguém consegue apresentar provas, muito menos dar
uma versão coincidente. Trata-se de criação mental dos colaboradores e
da acusação.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário