Em um
recurso apresentado à Justiça Federal em Curitiba, a jornalista Cláudia
Cruz, esposa do ex-presidente a Câmara, Eduardo Cunha, culpa o marido
por todas as movimentações bancárias do casal no exterior, que incluem
gastos na Suíça, na França e nos Estados Unidos. Para reforçar a
responsabilidade exclusiva do marido nas operações, ela quer que sejam
tomados os depoimentos de sete testemunhas no exterior, todos
representantes das instituições bancárias e empresas offshores
responsáveis pelas contas e as movimentações bancárias.
Em depoimento no início do mês, Claudia já tinha dito que o marido
autorizava as compras de luxo fora do país e declarado que ele era o
responsável pelas movimentações bancárias. Agora, em uma manifestação de
exceção de competência apresentada ao juiz Sergio Moro, na qual pede
para ser julgada pela Justiça do Rio de Janeiro e reforça o compromisso
de não fugir do país, a jornalista recorre ao “princípio da confiança”.
Ela sustenta que não havia motivos concretos para suspeitar de
irregularidades envolvendo o próprio marido.
Ao pedir para ouvir sete testemunhas no exterior, a defesa da
jornalista quer confirmar “o grau de participação da peticionária e de
seu marido Eduardo Cunha nas operações”. O advogado Pierpaolo Bottini,
que defende Cláudia, não arrolou nenhuma testemunha de antecedentes, ou
seja, aquelas que vão ao tribunal para elogiar a conduta do réu. Ele
arrolou testemunhas fáticas, que presenciaram os acontecimentos. Entre
as testemunhas apontadas pela defesa estão Mary Kiyonaga, assessora
financeira do Banco Merryl Lynch, que ajudou a fazer movimentações em
nome da offshore Köpek. A defesa pede que seja perguntado a Kiyonaga
quem pediu para abrir a conta, quem organizava os repasses, se Cláudia
Cruz estava presente nos momentos em que o banco recebia as visitas de
Eduardo Cunha e se algum dia teve contato com a esposa do deputado.
A defesa pede ainda que seja ouvida Chian Cindy, secretária da
offshore Netherton Investments, que também movimentou dinheiro do casal.
O depoimento de Cindy, segundo a defesa da jornalista, é importante
para demonstrar a ausência de relação entre valores transferidos para a
conta de Cláudia e o dinheiro que Cunha teria recebido de propina nos
contratos da Petrobras com a empresa CBH ( Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl
). A jornalista nega que tenha movimentado valores milionários.
Segundo o defensor de Cláudia, o saldo existente na conta no momento do
bloqueio decretado pela Justiça era de 140 mil francos suíços. A esposa
de Eduardo Cunha diz que tem família, filhos e marido no Brasil e que
não há motivo concreto para suspeitas de que vá fugir do país. Antes de
apresentar sua defesa, Cláudia disse ao marido que só quer provar o que é
a verdade.
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