Enquanto a delação dos executivos da Odebrecht caminha para a
reta final, a Operação Lava-Jato avança nas investigações da lista de
políticos que receberam dinheiro sujo da construtora. Desta vez, o alvo é
a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que já é ré do petrolão. A pedido
da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Teori Zavascki,
relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou a instauração de um inquérito sigiloso para apurar se a
ex-ministra praticou os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
tráfico de influência.
Gleisi é suspeita de receber meio milhão de
reais em caixa dois da Odebrecht durante as eleições de 2014. Segundo
os investigadores, a senadora petista estaria associada ao codinome
“coxa” na relação de políticos que receberam dinheiro do departamento de
propinas da maior empreiteira do país. Na lista da construtora, consta
que o empresário Bruno Martins Gonçalves Ferreira seria o responsável
por entregar os recursos ilícitos destinados à ex-ministra da Casa
Civil.
“Ouvido sobre os fatos, Bruno Ferreira asseriu que levou
uma pessoa de nome Leones, chefe de gabinete da Senadora Gleisi
Hoffmann, do aeroporto de Congonhas até o edifício da Odebrecht, ocasião
em presenciou reunião entre Leones e Fernando Migliaccio da Silva na
qual foi discutido o pagamento de verbas para a campanha da referida
senadora”, diz documento da PGR obtido por VEJA.
Leones
Dall’agnol coordenou a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná
em 2014, foi chefe de gabinete da ex-ministra na Casa Civil e integrou o
conselho de administração dos Correios, presidido pelo ex-ministro
Paulo Bernardo, marido da senadora petista. O homem de confiança de
Gleisi foi apontado como destinatário de uma propina de 600 000 reais,
oriunda de contratos dos Correios, na delação premiada do ex-vereador do
PT Alexandre Romano, conhecido como Chambinho.
Ex-diretor da
Odebrecht, Fernando Migliaccio da Silva era um dos responsáveis por
administrar o departamento de propinas da empreiteira, segundo
investigadores da Lava-Jato. O executivo foi preso na Suíça, tentando
fechar uma conta bancária em Genebra, e extraditado para o Brasil.
Migliaccio, denunciado pelo Ministério Público Federal por lavagem de
dinheiro, está entre os principais delatores da construtora.
Em
setembro, Gleisi e seu marido Paulo Bernardo se tornaram réus na
Lava-Jato, após o STF aceitar a denúncia apresentada pela PGR, que acusa
o casal petista de ter praticado os crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. De acordo com os investigadores, a senadora teria
recebido 1 milhão de reais em propina da diretoria de abastecimento
Petrobras para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010. A ex-ministra
da Casa Civil e Paulo Bernardo também são suspeitos de terem se
beneficiado de dinheiro sujo desviado de um contrato da Consist com o
Ministério do Planejamento. Ao todo, os dois teriam recebido 7 milhões
de reais em vantagens indevidas. Esse pixuleco teria sido usado para
bancar jantares para prefeitos, motorista particular da senadora e
aluguel de um flat usado como escritório informal da campanha. Bernardo foi denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção
passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário