Os investigadores do Cenipa, órgão da Aeronáutica responsável pela
apuração de acidentes aéreos, passaram a sexta-feira entre a água e o
aeroporto. Da perícia que será feita nos destroços do avião
virá um relatório que poderá apontar ou descartar eventuais falhas
mecânicas de uma aeronave moderna, fabricada em 2007 e com todos os
documentos em dia. Das entrevistas com testemunhas que viram ou ouviram
qualquer detalhe, virá outro relatório. Este, tentando reproduzir em
detalhes os últimos minutos do voo antes do choque no mar de Paraty.
Com
a caixa preta (já encontrada), todo esse material será juntado para se
chegar a uma conclusão sobre a causa do acidente que matou o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato
no Supremo Tribunal Federal (STF) e outras quatro pessoas, na tarde de
quinta-feira. “Um quebra-cabeça difícil de ser montado, porque muita
gente diz que viu muita coisa. Precisamos analisar tudo em detalhes”,
diz um investigador do Cenipa na condição do anonimato.
Tudo
isso fará parte dos inquéritos que estão sendo tocados, paralelamente,
pelas polícias Civil e Federal. Há, de fato, controvérsias nos relatos
obtidos até aqui. Uma delas em relação às condições climáticas. Outra
sobre a manobra que o avião teria tentado antes de cair na água.
João
Paulo Vilella, operador do aeroporto, disse aos investigadores que o
experiente piloto Osmar Rodrigues – de 56 anos e 30 de profissão, mais
de 20 pousando em Paraty – telefonou por volta das 11h15 informando que
sairia do Campo de Marte e desceria na pista entre 13h30 e 13h40. Disse
também que perto deste horário pode ouvir Mazinho (como o piloto era
conhecido) se comunicando normalmente com pilotos de outras aeronaves.
Esta, aliás, é a única forma de comunicação, já que o
aeroporto não tem torre de comando e nem controladores de voo. “Os
pilotos se organizam nesse sobe e desce”, diz o gerente do aeroporto,
Elber Emanuel Dedini: “Esse aqui era o caminho da roça para o Mazinho. É
um lugar onde ele pousava há quase 20 anos”, completa.
João
Paulo conta que, logo depois que a aeronave passou pela Serra de Paraty,
levantou-se para buscar um guarda-chuva. “Na mesma hora em que ele se
aproximou, começou a chover forte. Fui esperar ele fazer o retorno na
baía, mas comecei a achar estranho que ele não voltava”. Inicialmente,
achou que a aeronave havia arremetido em virtude da chuva forte que
acabara de começar e seguido até cidades próximas como Angra dos Reis ou
Ubatuba. O rádio pelo qual conseguia ouvir os pilotos, mas não falar,
já não falava mais nada. Logo começaram as ligações indicando a queda de
um avião.
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