A crença de que existe um “cérebro masculino” e um “cérebro feminino”
é antiga e amplamente difundida. Estudos com animais já demonstraram
que as amígdalas, estruturas mais ou menos do tamanho de azeitonas que
estão presentes em cada hemisfério cerebral, são maiores nos indivíduos
masculinos. Como essa região está envolvida no controle das emoções e em comportamentos sociais como agressão e excitação sexual, achava-se que essa diferença de tamanho explicava muita coisa.
Mas acontece que não é bem assim – pelo menos não com pessoas. Pesquisadores da Rosalind Franklin University of Medicine and Science,
em Illinois, nos Estados Unidos, realizaram uma meta-análise (ou seja,
analisaram dezenas de outros estudos) e não encontraram diferenças
significativas entre os gêneros humanos.
Ao todo, os autores
encontraram 58 comparações no tamanho da amígdala entre homens e
mulheres saudáveis em 46 estudos diferentes, totalizando 6.726
indivíduos. De fato, o volume absoluto dessa estrutura é
cerca de 10% maior no cérebro masculino. MAS é preciso levar em conta
que o corpo masculino também é maior, incluindo seu cérebro – que é em
média 11 a 12% mais volumoso. Quando se calcula o tamanho
proporcionalmente, a diferença fica desprezível (para ser mais exata, é
de menos de 0,1% para a amígdala direita e 2,5% para a esquerda).
Lise
Eliot, autora principal e professora associada de neurociência na
universidade, já havia publicado em 2015 outra meta-análise derrubando
mais uma ideia bastante difundida: a de que o hipocampo, região
responsável por consolidar novas memórias, é maior nas mulheres do que
nos homens.
“Há razões comportamentais para suspeitar de uma
diferença no tamanho da amígdala de acordo com o sexo da pessoa”,
afirma. “A emoção, a empatia, a agressão e a excitação sexual dependem
dela, e as evidências de estudos em animais sugerindo uma diferença no
volume da amígdala são mais fortes do que para o hipocampo. Então esta
descoberta é ainda mais surpreendente e sugere que os cérebros humanos
não são tão sexualmente dimórficos quanto os dos ratos, por exemplo”.
Segundo
Eliot, não há dados que confirmem a ideia de um cérebro masculino ou
feminino: “Apesar da impressão comum de que homens e mulheres são
profundamente diferentes, análises extensas de medidas cerebrais estão
encontrando muito mais semelhanças do que diferenças“.
O artigo aparece na revista NeuroImage. Via Medical Xpress.
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