O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pelos
crimes de tráfico de influência, organização criminosa, lavagem de
dinheiro e corrupção passiva na Operação Janus — que investiga negócios
suspeitos em Angola com dinheiro do BNDES. O sobrinho do petista
Taiguara Rodrigues dos Santos, que tinha contratos milionários com a
Odebrecht no país africano, também foi denunciado por organização
criminosa e lavagem de dinheiro. Além deles, Marcelo Odebrecht, dono da
maior empreiteira do país e preso na Operação Lava-Jato, foi denunciado
por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Conforme VEJA antecipou há duas semanas,
os investigadores encontraram “indícios de vantagens auferidas pelo
ex-presidente e seus familiares em decorrência de supostos serviços
prestados”. No esquema desmantelado pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público Federal, Lula atuava como “verdadeiro lobista da
construtora Odebrecht”. Formalmente, a empreiteira contratava o
ex-presidente para dar palestras em países da América Latina e da
África, onde a empresa desenvolve projetos bilionários financiados com
dinheiro do BNDES. Ao todo, o petista recebeu 7,6 milhões de reais da
Odebrecht em sua empresa, a L.I.L.S., e em doações ao Instituto Lula.
Nessas andanças pelo exterior, o ex-presidente se encontrava com chefes
de Estado e autoridades estrangeiras com os quais discutia assuntos do
interesse da construtora — que, por sua vez, contratou a Exergia Brasil,
empresa de Taiguara Rodrigues, em Angola. O sobrinho de Lula, mesmo sem
experiência no setor de engenharia, recebeu 7 milhões de reais da
Odebrecht. Uma parte desses recursos foi usada para pagar uma viagem a
Cuba de Fábio Luis, filho mais velho do ex-presidente conhecido como
Lulinha, e despesas pessoais de José Ferreira da Silva, conhecido como
“Frei Chico”, irmão de Lula.
A investigação começou em abril do
ano passado e focou nos empréstimos concedidos pelo BNDES para a
Odebrecht entre 2008 e 2015, especificamente em Angola por causa das
condições camaradas . Segundo o MPF, na comparação entre dez países
beneficiados por financiamentos públicos liberados pelo banco estatal, o
país africano teve um dos menores prazos médios de concessão dos
empréstimos, celebrou a maior quantidade de contratos e recebeu o maior
volume de dinheiro, com a menor taxa de juros.
A existência do negócio suspeito entre Taiguara e a Odebrecht foi revelada por VEJA em fevereiro de 2015.
Antes de assinar contratos milionários com a empreiteira, Taiguara era
dono de uma pequena vidraçaria em Santos, no litoral paulista. De uma
hora para a outra, virou empreiteiro, comprou uma cobertura luxuosa,
enamorou-se por carrões e ostentou riqueza nas redes sociais. Na esteira
das viagens internacionais do tio Lula, prospectou negócios na América
Central e na África. Taiguara, que sempre negou qualquer favorecimento
da Odebrecht, é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari,
amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente.
Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumavam
identificá-lo como “o sobrinho do Lula”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário