RIO — O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, comentou nesta sexta-feira, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio, a decisão da advogada Beatriz Catta Preta, defensora de nove delatores da Operação Lava-Jato, de abandonar a profissão por se sentir ameaçada. Para Cardozo, a denúncia é "grave":
— Evidentemente é uma denúncia grave e caberá ao Ministério Público Federal, que conduz a questão das delações premiadas, tomar as decisões cabíveis para apuração — disse após participar do encerramento do 9º encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, ontem, a advogada afirmou que a intimidação veio de integrantes da CPI da Petrobras que votaram a favor de sua convocação. Perguntado se acreditava nas ameaças que a advogada teria recebido, Cardozo afirmou que não poderia “entrar em considerações” sobre a questão, mas reafirmou que o Ministério Público tem as condições necessárias para apurar.
Catta Preta foi convocada para dar explicações sobre a origem de seus honorários. A pressão sobre a defensora teria aumentado após a nova revelação do delator Júlio Camargo, que disse ter pago U$$ 5 milhões em propina para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No início da noite de ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, concedeu liminar para dar à advogada o direito de não responder a perguntas de integrantes da comissão.