segunda-feira, 28 de março de 2016

Temer diz a Lula que desembarque do PMDB é "irreversível", rompimento será por aclamação, diz fonte

Reuters

Vice-presidente Michel Temer durante convenção nacional do PMDB em Brasília 
  © REUTERS/Ueslei Marcelino Vice-presidente Michel Temer durante convenção nacional do PMDB em Brasília
Por Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello
O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, disse ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o desembarque do partido do governo é "irreversível", segundo uma fonte ligada ao vice, que também afirmou nesta segunda-feira que a decisão pelo rompimento será tomada por aclamação em reunião do diretório da legenda.
Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, a conversa entre Temer e Lula ocorreu no domingo no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o vice disse durante o encontro que o clima de animosidade do PMDB com o governo se agravou com a nomeação pela presidente Dilma Rousseff do peemedebista Mauro Lopes para o Ministério da Aviação Civil.
A nomeação do ministro aconteceu depois de o PMDB decidir em convenção que os filiados do partido não deveriam assumir novos cargos no governo.
A fonte disse ainda que foi fechado um acordo para que o rompimento fosse decidido por aclamação para evitar divisões dentro do PMDB e que Temer se reuniu com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar do assunto.
Ainda de acordo com essa fonte, há a possibilidade de peemedebistas que comandam ministérios no governo Dilma não comparecerem ao encontro do diretório, que ocorre na tarde de terça-feira. Esse grupo tem resistido ao rompimento e se reuniu nesta manhã com Dilma.

IMPEACHMENT

O desembarque formal do PMDB do governo é mais um revés para Dilma, que enfrenta um pedido de abertura de impeachment na Câmara dos Deputados.
Também nesta segunda, o PSD, partido que compõe a base de apoio da petista e que comanda o Ministério das Cidades, anunciou que liberou seus deputados para votarem como quiserem no pedido de abertura de processo de impedimento.
As defecções na base aliada levaram lideranças governistas na Câmara a passarem esta tarde reunidas fazendo contas para determinar de quantos votos o governo dispõe na Casa para barrar o impedimento, disse à Reuters uma fonte da base aliada.
De acordo com essa fonte, a avaliação feita é de que o rompimento formal do PMDB e a liberação da bancada do PSD não alteram dramaticamente a situação do governo na votação do impeachment, isso porque parlamentares dissidentes das duas legendas já vinham votando contra o governo e manterão essa posição.
A fonte disse ainda que o governo espera contar com entre 20 e 30 votos de peemedebistas favoráveis ao governo e que o maior foco do Palácio do Planalto para conseguir os votos que precisa para barrar o impedimento deve ser junto ao PR e ao PP, também partidos da coalizão governista.
Caso a comissão especial que analisa o pedido de abertura de impeachment na Câmara aprove um parecer favorável ao pedido de impedimento, esse relatório terá de ser aprovado por pelo menos 342 deputados em votação em plenário.
Se isso acontecer, caberá ao Senado, por maioria simples, decidir se acata ou não a decisão da Câmara de instaurar processo de impedimento contra Dilma.
Se os senadores decidirem abrir o processo, a presidente terá de se afastar do cargo até que seja julgada pelo Senado, e Temer assumirá o governo neste período. Na hipótese de a presidente ser cassada, o vice será efetivado na Presidência.

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