domingo, 27 de março de 2016

Cunha nega, mas atua em cada passo do processo de impeachment


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Na contramão do discurso público de que já não é responsável pela continuidade do processo de impeachment presidencial, Eduardo Cunha (PMDB- RJ) tem participado de maneira decisiva em todos os detalhes do caso, articulando nos bastidores com deputados de vários partidos.
Réu no Supremo Tribunal Federal sob acusação de integrar o petrolão, Cunha é indicado por políticos como um dos principais articuladores da tentativa de encurtar o mandato de Dilma.
A Folha de São Paulo conversou com deputados para entender melhor esta articulação e acompanhar o passo a passo do processo de impeacment.
De acordo com a reportagem, na noite em que os grampos da ligação ente Dilma e Lula vieram à tona, houve uma reunião na a residência de Eduardo Cunha para a escolha dos nomes de Rogério Rosso (PSD-DF) para a presidência da Comissão Especial do impeachment e de Jovair Arantes (PTB-GO) para a relatoria.
Com o apoio de Cunha, os nomes de Rosso e Jovair viraram um consenso. Assim, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acabou encampando a proposta, ao perceber que o Planalto não emplacaria alguém do PT ou do PMDB à favor do governo.
A proposta gerou bate-boca quando apresentada aos líderes governistas, na quinta feira (17).
De acordo com a reportagem, duas versões bastante divergentes surgiram, a partir do depoimento dos deputados com algumas variações. Em público, todos os envolvidos negam qualquer espécie de acordo ou direcionamento prévio do relatório.
A primeira, a de que houve acerto de bastidor entre Cunha, oposição, Rosso e Jovair para apresentar relatório pelo impeachment de Dilma, com promessa de empenho futuro para salvar o mandato de Cunha.
A segunda, o contrário: de um acordo de bastidor entre Cunha, o governo, Rosso e Jovair para um relatório pró-Dilma, igualmente com promessa de auxílio posterior para livrar Cunha da cassação. Nesse caso, com a oposição sendo passada para trás.
De acordo com os relatos, o presidente da câmara pretende marcar a votação final do impeachment para um domingo, possivelmente 17 de abril, com o objetivo de conciliar a votação com pressão das ruas.

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