Marcelo Bahia Odebrecht, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro © Foto: Reprodução Marcelo Bahia Odebrecht, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro Os executivos da maior empreiteira do País decidiram firmar acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República nos processos relativos à Operação Lava Jato. O empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht, preso na Operação Erga Omnes desde 19 de junho de 2015, está entre os que devem fazer a colaboração.
O acordo depende do aval e da eventual homologação no Supremo Tribunal Federal.Pesou na decisão da empresa, que já está negociando acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União, a deflagração da operação Xepa, nesta terça-feira, 22. A Xepa, 26ª etapa da Lava Jato, tem base essencialmente na colaboração da ex-secretária do Grupo Odebrecht, Maria Lúcia Guimarães Tavares.
Presa em fevereiro na operação Acarajé, que teve como alvo o marqueteiro João Santana, das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e Dilma Rousseff (2010/2014), Maria Lúcia revelou os caminhos da propina paga pela empreiteira.
Na residência da ex-secretária, a Polícia Federal apreendeu um programa de computador com os arquivos dos pagamentos ilícitos.
Também pesou na decisão dos executivos da construtora em fazer a delação a condenação do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht.
Acusado de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e associação criminosa, Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão.
Em nota oficial divulgada nesta terça-feira, 22, a Odebrecht "avaliações e reflexões" feitas por acionistas e executivos da empresa resultaram na decisão. "A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União".
Confira íntegra da nota divulgada pela Odebrecht:

COMPROMISSO COM O BRASIL

"As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato - que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país - seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.