Neymar depôs nesta terça-feira na Espanha a respeito de crimes fiscais cometidos também no país onde joga.© Foto: Javier Soriano/AFP Neymar depôs nesta terça-feira na Espanha a respeito de crimes fiscais cometidos também no país onde joga.
O Ministério Público Federal em Santos denunciou o atacante Neymar, seu pai, Neymar da Silva, e os dirigentes do Barcelona, Alexandre Rosell Feliu e Josep Maria Bartomeu Floresta, por sonegação de tributos e falsidade ideológica. De acordo com a acusação, eles forjaram uma série de documentos entre 2006 e 2013 com o intuito de suprimir impostos devidos à Receita Federal do Brasil. A denúncia foi protocolada no último dia 27 na Justiça Federal.
Em texto liberado à imprensa, o MPF relata que os esquemas arquitetados envolveram três empresas ligadas à família do atacante: a Neymar Sport e Marketing, a N&N Consultoria Esportiva e Empresarial e a N&N Administração de Bens, Participações e Investimentos.
As empresas não possuíam capital social nem capacidade operacional condizentes com a movimentação financeira realizada. As fraudes foram praticadas em contratos relacionados ao uso do direito de imagem de Neymar enquanto atuava pelo Santos, a partir de 2006, e durante o processo de transferência do jogador ao Barcelona, cujas negociações tiveram início em 2011.
A denúncia coloca os diretores do Santos à época (Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio Rodrigues) como testemunhas. Detalhadamente, a denúncia conta diversos casos em que, na ótica da procuradoria, Neymar e seu pai burlaram o fisco e causaram diversos desfalques às contas públicas. O objetivo é recuperar o dinheiro perdido.
A conduta de Neymar, com a participação dos demais denunciados, gerou prejuízos milionários aos cofres públicos. Em setembro do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região bloqueou R$ 188,8 milhões do jogador, do pai e das empresas da família para garantir o pagamento das pendências tributárias e das multas cabíveis. A decisão atendeu a pedido da Procuradoria da Fazenda Nacional, que também apurou as irregularidades.
O MPF e a Receita Federal investigam os denunciados e suas empresas há cerca de dois anos, período durante o qual foram reunidas mais de cinco mil folhas de documentos e colhidos os depoimentos de diversas testemunhas. O material embasa a denúncia, juntamente com as informações obtidas por meio da cooperação internacional entre o MPF e a Justiça espanhola.