segunda-feira, 13 de março de 2017

Padilha volta ao trabalho e diz que não falará sobre acusações de Yunes e delatores da Odebrecht




De volta ao trabalho depois de 15 dias de ausência médica, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta segunda-feira que não irá se pronunciar sobre a acusação de que intermediou o recebimento de recursos da Odebrecht para a campanha presidencial de 2014 e que qualquer fala sua não faria bem "nem a ele, nem à investigação".

"Qualquer fala agora vai ser prejudicial à investigação e a mim, aos dois. Então fico quietinho", disse o ministro a jornalistas quando voltava de uma reunião com o presidente Michel Temer. 

O ministro chegou ontem de Porto Alegre, depois de ter feito no final de fevereiro uma cirurgia para retirada da próstata e de ter ficado afastado do trabalho desde o dia 20 de fevereiro. Na manhã desta segunda, participou já de uma reunião sobre segurança com o presidente e terá outra, com os líderes da base aliada na Câmara, no final da tarde de hoje.

De acordo com o próprio Padilha, por recomendação médica ele deveria ficar mais uma semana afastado do trabalho. "Mas o psicológico disse que eu tinha de voltar. Eu e minha equipe é quem temos a memória disso aqui", disse o ministro, que ainda se mostra abatido e cansado pela cirurgia.

Questionado sobre o fato do ex-assessor especial da Presidência, e amigo de Temer, José Yunes, o ter acusado de ter negociado o envio de um "pacote" a seu escritório - entregue pelo doleiro Lúcio Funaro -, e por ter sido apontado por executivos da Odebrecht como responsável pela negociação de recursos a serem doados ao PMDB, Padilha disse que "não vai falar sobre o que não existe" e que "está tudo baseado em um delator". 

"Michel Temer firmou a linha de posicionamento do governo. Ser citado não é prova para nada. Em time que está ganhando não se mexe", disse, referindo-se ao pronunciamento em que o presidente declarou que só afastaria provisoriamente auxiliares que fossem denunciados pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal e só demitiria quem se transformasse em réu.
Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília © REUTERS/Ueslei Marcelino Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília 
 
Padilha retoma hoje as conversas com a base aliada sobre a reforma da Previdência em uma maneira de reafirmar sua posição no governo e ainda tentar controlar as tentativas de mudança no projeto que começam a se articular na comissão especial que analisa a proposta na Câmara dos Deputados. 

A situação do ministro, no entanto, não é firme, de acordo com uma fonte palaciana. Temer não planeja perder um de seus principais auxiliares, mas tudo depende de como ficará a situação no ministro no STF. 

Padilha tem sido citado como um dos ministros que podem estar na nova lista de pedidos de inquérito preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que deve ficar pronta essa semana. Se o STF abrir investigação, o ministro corre o risco de ser denunciado pela PGR e, se isso acontecer e Temer mantiver a linha declarada há algumas semanas, terá de se afastar.

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