sábado, 11 de março de 2017

Delator vincula operador da Odebrecht a repasse para amigo de Temer


 
Assessor de Michel Temer, José Yunes pede demissão 
  © Reprodução / TV Gazeta Assessor de Michel Temer, José Yunes pede demissão 
 
Em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ex-diretor da Odebrecht José Carvalho Filho vinculou uma pessoa de codinome Paulistinha à entrega de dinheiro no escritório de José Yunes, ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer.

José Filho prestou depoimento nesta sexta (10) ao ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

Os recursos da Odebrecht entregues a Yunes eram destinados à campanha de 2014 e sua distribuição foi acertada com o hoje ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), segundo José Filho, que apresentou documentos ao ministro do TSE.

Questionado por um advogado de Dilma se conhecia Lúcio Funaro, José Filho deu uma resposta negativa.

Funaro foi citado por José Yunes em depoimento à Procuradoria-Geral da República no mês passado. Ele procurou o Ministério Público após ser citado na delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.

Yunes disse que Lúcio Funaro, um operador financeiro ligado ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou um pacote a seu escritório a pedido de Padilha, mas afirmou não saber o seu conteúdo.

Esse episódio vem sendo vinculado ao repasse da empreiteira.

Segundo José Filho, os documentos apontam duas entregas programadas, uma de R$ 1 milhão e outra de R$ 500 mil, no escritório de Yunes, sendo que uma delas teria ocorrido no dia 4 de setembro de 2014.

Haveria inclusive, de acordo com seu relato, o recibo assinado de uma secretária de Yunes para um desses repasses.

Os valores teriam sido acertados em um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, que contou com a participação do então vice-presidente Michel Temer, de Melo Filho, de Padilha e de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo.

Paulistinha já havia sido mencionado em informação prestada pela ex-funcionária da empresa Maria Lúcia Tavares, que cuidava dessa contabilidade paralela.

As investigações apontam que se trata do doleiro Álvaro Novis, um operador da Odebrecht que atuava para o chamado Departamento de Operações Estruturadas, área responsável pelo pagamento de propina da empresa.

MULA

José Yunes disse à PGR ter sido "mula" de Padilha. Sua versão tem sido contestada pelo próprio Funaro, que nega qualquer entrega para o ex-assessor de Temer ou mesmo que tenha pedido a alguém que o fizesse.

Procurado pela reportagem, José Yunes afirmou, por meio de seu advogado José Luis de Oliveira Lima: "Não tenho conhecimento do teor do depoimento do Sr. José Filho, entretanto registro que o meu cliente prestou todos esclarecimentos devidos ao MPF e está à disposição das autoridades competentes para elucidar qualquer fato".

Ele diz que jamais recebeu qualquer documento de algum representante da Odebrecht.

"Não sabe, não conhece, nunca viu a pessoa de José Filho. A única pessoa que esteve em seu escritório foi o senhor Lúcio Funaro. Conforme esclareceu à PGR, José Yunes está à disposição para prestar qualquer outro esclarecimento. Inclusive uma acareação, conforme ele mesmo já se antecipou em dizer em sua declaração", disse o advogado.

O advogado que defende Lúcio Funaro, Bruno Espiñeira, diz que seu cliente "jamais foi operador da Odebrecht" e que "jamais foi levar dinheiro da construtora" no escritório de José Yunes.

Novis não foi localizado pela reportagem. Com informações da Folhapress.

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