Mitos a respeito do tratamento de canal fazem com que pacientes queiram optar pelo implante.© Fornecido por Cartola Mitos a respeito do tratamento de canal fazem com que pacientes queiram optar pelo implante.
Os mitos a respeito dos desconfortos causados pelo tratamento de canal fazem com que os pacientes, antes mesmo de chegarem ao dentista, já queiram evitar o procedimento e substituí-lo pelo implante. As diferenças entre um e outro foram discutidas, inclusive, na reunião deste ano da American Dental Association (ADA). E você, sabe como funcionam e qual é o mais indicado para cada situação?
Seja por uma questão estética ou pela própria funcionalidade, o implante é colocado para substituir algum dente cuja estrutura óssea está impossibilitada de tratamento ou que foi perdido em alguma lesão, por exemplo. Já o tratamento de canal faz um trabalho oposto: recupera uma estrutura natural que foi danificada, em consequência de cárie profunda ou outro processo inflamatório.
Conforme o professor de periodontia da PUCPR Vinicius Augusto Tramontina, o implante serve como base para os dentes substitutos. Para isso, é preciso perfurar a gengiva com uma broca, a fim de colocar pinos fixos que, futuramente, irão acoplar próteses dentárias. Em determinados casos, os dentes vizinhos à prótese também precisarão de ajustes. "Se o implante é feito muito tempo depois de o dente ter sido perdido, é provável que os dentes próximos tenham ocupado mais espaço que o natural, tornando necessário o uso de aparelho ortodôntico ou pequenos desgastes nos dentes vizinhos", diz. Tramontina destaca que o ideal é fazer o mínimo de alterações nas estruturas saudáveis, mas pequenos ajustes podem ser necessários.
O presidente da Comissão de Tomada de Contas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, Nilden Carlos Alves Cardoso, aponta a principal desvantagem do implante. “Entre o dente e a raiz existe o ligamento periodontal, que age como amortecedor para a mastigação. Quando é feito o implante, essa estrutura natural se perde, e o impacto da mastigação pode ser maior, porque são duas estruturas rígidas se batendo”, explica. Outro ponto a ser cuidado é a idade do paciente, que só deve fazer a cirurgia após ter toda a formação facial óssea completa.
Para fazer o tratamento de canal, o ponto de partida é identificar uma infecção na polpa do dente. O procedimento em si consiste na retirada desse tecido com infecção e na limpeza do canal. Em seguida, é feito o preenchimento do espaço com um material artificial permanente e a selagem da coroa. Segundo Cardoso, o tratamento de canal não funciona com base em riscos, mas em previsibilidade. O procedimento tem mais chances de dar certo quando o nervo está vivo, mas inflamado, e menos chances quando o nervo está morto e já teve a necrose. Antigamente, os dentes cujas polpas estavam comprometidas eram extraídos, mas, com o tratamento de canal, passou a ser possível manter as estruturas naturais.
Além das indicações para os tratamentos serem distintas, as estruturas com que são feitos os tratamentos também se distinguem. Enquanto o implante trabalha com uma estrutura artificial para sustentar a prótese, o tratamento de canal não altera a estrutura natural do dente. Cardoso diz que manter a estrutura natural sempre vai ser a melhor opção, mas, em determinados casos, é necessário fazer a substituição completa do dente.
Em ambos os casos a prevenção é a melhor alternativa. Para evitar o tratamento de canal, uma boa higiene oral é essencial, pois as infecções costumam ser causadas por bactérias. Para evitar o implante, é preciso estar atento a ações que podem levar à fratura do dente, como mastigar alimentos duros, e evitar os cigarros, que podem enfraquecer a estrutura óssea.